Van Gogh: mutilado e suicidado

Van Gogh: mutilado e suicidado Antonin Artaud e Georges Bataille


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Van Gogh: mutilado e suicidado





Escritos em um período de intensa atividade do movimento surrealista, entre as décadas de 1930 e 1950, os textos questionam, por diferentes vias, o estigma psiquiátrico que ainda pesa sobre a imagem do artista. Ao trazerem elementos da psicanálise, antropologia e etnologia, no caso de Bataille, e a verve poética em tom de manifesto antimanicomial em Artaud, os ensaios se complementam e apresentam uma atualidade perturbadora.

"Apesar de suas naturezas distintas, ambos os autores veem no pintor um espírito superior, cuja alienação – e não a loucura, vale frisar – se insere entre a genialidade e a insubordinação irrestrita", destaca Cardoso na apresentação.

O ensaio A mutilação sacrificial e a orelha cortada de Van Gogh foi publicado em 1930, ano marcado pela eclosão do Segundo Manifesto do Surrealismo. No texto, Bataille traz uma chave de interpretação original para esse episódio crítico, relacionando-o com o fenômeno do sacrifício. A relação de Van Gogh com a luz solar, a presença dos girassóis em suas pinturas, a convivência e a ruptura com Paul Gauguin são alguns episódios que ganham camadas de significado quando focados pela lente do autor.

Van Gogh, o suicidado pela sociedade foi publicado por Artaud em 1947, um ano após seu retorno à Paris e pouco antes de sua morte em 4 de março de 1948. É uma resposta ao artigo do Dr. Beer que, ao "analisar" a exposição do artista no museu de l’Orangerie, confere a Van Gogh o diagnóstico de "esquizofrenia do tipo degenerado".

Ele próprio diagnosticado como louco e internado em diferentes manicômios franceses, sujeito a tratamento de eletrochoques, Artaud visita a exposição e destila sua indignação neste texto poético que enfatiza a “boa saúde mental” do pintor e a qualidade estética de sua obra, ao mesmo tempo que escancara a política manicomial como invenção de uma sociedade depravada, "para se defender das investigações feitas por algumas inteligências extremamente lúcidas cujas faculdades de adivinhação a incomodavam".

"Van Gogh era uma dessas naturezas dotadas de uma lucidez superior que lhe permitia, em qualquer circunstância, ver mais longe, infinita e perigosamente mais longe do que o real imediato e aparente dos fatos", escreveu Artaud.

Artes / Ensaios / Psicologia

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on 17/3/24


Dois ensaios acerca da "loucura" de Van Gogh e seu suicídio e automutilação. Bem interessante para pensar bem fora da caixa, do pensamento tradicional ocidental. O primeiro, escrito por Artaud achei muito impactante na forma como descreve que a consciência de Van Gogh era de um gênio que a sociedade não permitiu que permanecesse questionando a sua gaiola da racionalidade. Livro a ser lido com calma, leitura complexa, mas daquelas que te tiram um véu da cegueira presente em todo neurót... leia mais

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