Os poemas do livro são ao todo noventa, divididos em duas partes. A primeira compõe-se de 81 poemas; a segunda, de 81 versos e 9 poemas. Há na construção de “venta não” um aspecto multifacetado. As duas partes que o compõem – “tudo muito sempre” e “o pai era um” – determinam a ficção da unidade do múltiplo, neste paradoxo intenso que é a vida vivida em poesia. Eis o equilíbrio imperfeito dos ventos! Pois que, como elementos da imperfeita perfeição, escorrem dois versos que anunciam ou denunciam, mesmo na mais estrita enumeração, que sempre sopram ventos a dizerem sim, quando as rosas falam e anunciam que o que está por vir é o porvir do agora, que a deposição dos cadáveres anunciava. O que diz o poeta Alexandre Faria nos diz da emergência do agora. Da inexatidão da vida. A precisão cirúrgica com que constrói o livro delata ao leitor o jogo de cena do título: venta não vento sim, dupla face em que o dado é retirado e o que é retirado é dado.Uma experiência poética única.