* No ano de 1986, Raimundo Carrero publica seu melhor romance: Viagem no ventre da baleia. * Paradoxalmente, é a menos conhecida de suas obras. Todavia, nesses quase 40 anos de intervalo desde o lançamento, o romance (que venceu o tempo) assoma com uma atualidade de assustar aqueles que ignoram o caminho tortuoso da boa literatura. Mas, ao mesmo tempo, tal atualidade encanta aqueles que conhecem o poder imorredouro e cíclico da arte literária. * “Você sabe que os monstros vermelhos, anunciadores de doutrinas estranhas ao nosso povo, quiseram tomar conta da pátria (...) O povo, porém, correu aos quartéis e implorou pela nossa ajuda.” * Esta é a história de uma guerrilha fictícia engajada em pleno sertão pernambucano. Numa pequena comunidade rural, Jatinã, o coronel Salvador Barros e seus moradores fizeram suas vidas, estes sobretudo trabalhando no regime de meia. Em poucas linhas, o romance nos oferece o ciclo ancestral da luta pela terra e da luta pela permanência nela – faz, portanto, um dos diagnósticos principais do atraso brasileiro. * Este livro, porém, é o lembrete de que ainda há debate possível. Os 350 anos de escravidão e o genocídio dos povos originários, quase silenciados ao longo de nossa história, criaram uma mentalidade de castas. Onde alguns eleitos decidem tudo enquanto a grande massa não decide nada. Durante séculos, houve silêncio e asfixia social motivados por uma estrutura agrária genocida e por uma concentração de renda imoral. Este Viagem no ventre da baleia – com toda a maestria de um dos maiores escritores brasileiros – chama a sociedade para um debate atual e necessário. Este romance grita, pois é baseado não em esquemas fáceis de maniqueísmo infantis e panfletários, mas naquilo que há de mais intrínseco no homem e em tudo aquilo de que ele é feito: de sangue, de terra e de fé. * “Escrever não é um ato de revolta?” * [Mário Rodrigues]
Esta é a história de uma guerrilha fictícia engajada em pleno sertão pernambucano. Numa pequena comunidade rural, Jatinã, o coronel Salvador Barros e seus moradores fizeram suas vidas, estes sobretudo trabalhando no regime de meia. Em poucas linhas, o romance nos oferece o ciclo ancestral da luta pela terra e da luta pela permanência nela – faz, portanto, um dos diagnósticos principais do atraso brasileiro. * Este livro, porém, é o lembrete de que ainda há debate possível. Os 350 anos de escravidão e o genocídio dos povos originários, quase silenciados ao longo de nossa história, criaram uma mentalidade de castas. Onde alguns eleitos decidem tudo enquanto a grande massa não decide nada.
Ficção / Literatura Brasileira / Romance