Neste estudo que é um marco, Marjorie Garber lança um olhar longo -- e há muito merecido -- sobre a bissexualidade. A capacidade de sentir atração por pessoas de ambos os sexos, e de ser atraente para elas, é algo que vemos como ponto pacífico entre os famosos e infames (astros do rock e outras celebridades); entre os não-famosos tendemos a ignorá-la ou desconsiderá-la como confusão ou falta de autoconhecimento.
Entretanto, Assim que abrimos os olhos, a bissexualidade aparece e toda parte --em nossa vida diária, em nossa infância, nos livros, nos filmes, nas artes plásticas e na cultura popular. Como parte da obsessão atual com categorias e identidades, usamos o casamento e outras instituições tanto homossexuais e heterossexuais, para compartimentar a sexualidade. Mas pro quê deveríamos fazer isso? Temos longas vidas sexuais, no sentido de que entre o nascimento e a morte formamos muitas ligações pessoais intensas e variadas. Tendemos a escolher algumas dessas ligações e, a partir dela, estabelecer um rótulo, "hetero", ou "gay", para nossa "identidade sexual". O resto, a "paixonite" adolescente, por exemplo, ou a paixão inspirada por um professor -- descartamos como "fases" ou notas de rodapé. Mas, como revela Garber, essa pode de nossa vida sexual corta muitos sentimentos profundos e importantes.
Garber argumenta que, por natureza, a vida erótica é politicamente incorreta e imprevisível. Essa imprevisibilidade põe a sexualidade não entre a heterossexualidade e a homossexualidade, e sim para além delas. Reunindo evidências a partir da arte, da literatura, do cinema, da cultura pop, da publicidade, da ciência e da psicologia, Garber documenta como, tanto para a cultura quanto para os indivíduos, os acidentes e as inclinações produzem uma história complexa e rica de emoções e experiências com o passar do tempo. Provocador, esclarecedor e divertido, 'Vice Versa' nos convida a testar os limites que os rótulos sexuais impõem a tudo que já fomos e ao que podemos vir a ser.
Sexo e Sexologia / Sociologia