Vida de Repórter

Vida de Repórter José Maria Mayrink


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COMUNICAÇÃO



O livro foi escolhido pelo editor Luiz Fernando Emediato para abrir a coleção que leva o mesmo título, "Vida de Repórter", que terá como característica relatos de repórteres, sempre na primeira pessoa, sobre os bastidores de seu trabalho: making off de grandes reportagens, aquelas que se transformam em lições de vida, tal a sua força, sua importância ou sua carga emocional para quem as viveu ou as leu, quando publicadas, de outra forma, nos jornais e nas revistas.



Para o estudante - ou até para o jornalista atuante - um manual de redação ajuda. Nele se podem encontrar desde os métodos que determinado veículo de comunicação utilizam como padrão até as grafias daquela palavra que se vai usar e, de repente, dá branco.



Mas não podem ser encontradas em nenhum manual de de redação a compreensão da dimensão da profissão de jornalista, com suas alegrias e angústias, ideais e frustrações e grandes descobertas, mas também grandes sonhos desfeitos. A não ser que seja um manual que deixe de lado a técnica e use o coração. Que não se preocupe tanto em definir o que é lead, mas sim que mostre que por trás destas breves linhas introdutórias de um reportagem pode estar a revelação fundamental, a verdade que veio à tona, a observação aguda da realidade. Ou, quem sabe até, a esperança de um povo.



Assim é "Vida de Repórter". Mayrink é um dos mais renomados e dignos profissionais de imprensa de nosso país. Este livro comemora 40 anos de reportagem, passados, entre outros, nas redações de O Globo, do Jornal do Brasil, Veja, Jornal da Tarde e, atualmente, na reportagem especial de O Estado de S. Paulo. Neste período ganhou prêmios como o Prêmio Imprensa do Governo do Estado, o Prêmio Rondon de Reportagem e a premiação máxima do jornalismo brasileiro, o Prêmio Esso de Jornalismo, escrevendo sobre problemas urbanos em São Paulo. Circulou o mundo atrás de boas reportagens: Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Guatemala, Haiti, República Dominicana e Estados Unidos foram alguns pontos de passagem, assim como Inglaterra, França, Japão e o Chile de Salvador Allende deposto pelo golpe militar de 73. Tornou-se escritor, autor de livros que fizeram época, como Solidão, Filhos do Divórcio e Anjos de Barro, reimpressos várias vezes nos anos 80.



Mayrink relata tudo com a síntese de um bom texto jornalístico, mas com o tempero do cronista. Desde o dia em que, recém saído do seminário, decidiu trocar a batina pela máquina de escrever, e foi procurar emprego no Correio de Minas.



O estagiário nunca haveria de abandonar o espírito cristão, mas a partir de seu primeiro dia de redação um outro espírito de apossou dele: o espírito de repórter. Não o que fica na redação, resolvendo tudo por telefone, fax ou internet. Não, Mayrink é dos bons tempos, dos que sabem que as grandes histórias do cotidiano estão nas ruas, onde o grande drama do ser humano acontece.



Desde o primeiro dia no Correio de Minas, e até hoje, aos 63 anos, o repórter Mayrink cumpre seu papel diário de sair às ruas e observar, interpretar e traduzir para os leitores o fruto do seu trabalho - seja ao compor cenários sobre fortes turbulências sociais, seja ao mostrar a realidade do homem comum. Assunto é o que não faltam. Mayrink talvez seja o profissional de imprensa que mais levou a sério a máxima do colega Ricardo Kotscho, outro repórter que sempre resistiu a ocupar postos de direção nos grandes jornais e revistas: "Lugar de repórter é na rua".



Seus personagens foram na maioria das vezes, nesses 40 anos, "as pessoas mais sofridas desse mundo", segundo o próprio autor. Assim, levou às páginas de jornais personagens ausentes nos dias de hoje: meninos de rua, prostitutas, mendigos, sem-tetos, doentes, favelados, presidiários. Ausentes nas páginas de jornais, que fique claro, pois fazem parte da nossa realidade, e está aí qualquer farol fechado para mostrar isso. Mayrink, na contramão do aburguesamento que toma conta de parte da imprensa nos últimos anos, não faz destes personagens tabus. Ao contrário, apresenta-os tal como eles são - provocando na sociedade mais ou menos um efeito como o da psicanálise, quando traz à luz conteúdos inconscientes que insistimos em não querer ver. Pode-se dizer que José Maria Mayrink está para o jornalismo brasileiro assim como Plínio Marcos está para o teatro.



Por tudo isso, está mais do que explicado porque "Vida de Repórter" foi escolhido para inaugurar uma coleção com o mesmo título que a Geração traz agora ao público. "O livro do Mayrink me abriu a veia emocional dos longos anos em que eu também fui repórter, cobrindo a vida urbana em São Paulo, as vítimas da poluição em Cubatão ou guerras sangrentas como a da El Salvador", declara o editor da Geração, Luiz Fernando Emediato - que, assim como Mayrink, também ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1982.



"Logo nas primeiras páginas percebi também que não se trata de um livro só para a categoria, um livro de jornalista para jornalistas. Ao contrário, sua grandeza e sua força em despertar sentimentos falam não só ao jornalista, mas ao ser humano".



"Vida de Repórter" é um livro escrito por quem, muitas vezes, preencheu cadastros citando o filme de Antonioni, Profissão: Repórter. E que se orgulha disso. Porque sabe que, através dessa profissão, se vive o desenrolar da grande aventura humana.

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Linetkd
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09/06/2009 11:47:07

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