E, para piorar, se é que naquela situação ainda se podia dizer tal coisa, a visão passou a ficar turva, acinzentada, como se nuvens estivessem a descer para as futilidades do dia. E não havia nem como apertar os olhos para tentar enxergar melhor. Já não tinha mais qualquer domínio sobre os músculos da face. Os movimentos eram involuntários. Teria que contentar-se apenas com aquela nítida e total consciência de tudo. Indesejável, pois, daquele jeito, melhor seria também ter perdido o senso, a compreensão das coisas. Melhor seria não entender mais nada. Esquecer o que fora. Desconhecer o mundo que continuava sem ele. Mas ela estava lá, plena, a aterrorizá-lo.
Crônicas