Vozes Femininas Duras na Queda

O início da década de 2020 foi o ápice de tempos estranhos, de luto e de luta. Um tsunami arrastou nossos planejamentos, nossas listas de objetivos, nossos cronogramas desenhados com tanto zelo e tanta ilusão de controle. Tivemos que aprender novas formas de trabalho, de estudo, de prantearmos nossos mortos, de ficarmos emocionalmente perto de pessoas importantes, de não nos perdermos de nós mesmos de vez...
Efeito borboleta é um termo que se refere à dependência sensível às condições iniciais dentro da teoria do caos. Este efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Lorenz. "O bater de asas de uma simples borboleta na China pode provocar um tufão do outro lado do mundo?" Tudo parece indicar que sim. Estamos todos conectados. Somos todos dependentes uns dos outros.
Na diminuição do ritmo de interação com o mundo exterior, para muitas de nós sobrou tempo para refletir. Para algumas, a pausa foi um alívio. Veio o tempo com a família, com o/a parceiro/a, consigo mesma, com certos fantasmas. Veio a dor, veio o medo, veio a saudade, veio a angústia. Para outras, faltou tempo. Foi preciso dar conta de novas demandas, de turnos de trabalho infinitos, do confronto com algumas realidades que se evitava encarar. Pesou, muitas vezes, sobre solitários ombros femininos, além de suas atribuições rotineiras, o cuidado com os mais velhos necessitados de especial proteção, com os mais novos em casa, fora da escola, com a própria casa.
Ainda assim, atravessamos esta experiência VIVAS!
Nesta obra, mulheres cheias de conteúdo foram selecionadas para contar a sua história da pandemia. Elas falam de seu aprendizado e de suas ausências. Refletem sobre em que pontos se tornaram melhor e sobre quais foram seus fracassos. O que pensaram e sentiram com as separações e as novas parcerias, os pesares e os apesares, as mortes e os (re)nascimentos, as perdas e os perdões, o desespero e a esperança?
Com seus argutos olhares femininos, contam o que observaram ao seu redor, na sua casa, no país, no mundo. E dentro de si. Dá para tirar alguma conclusão disso tudo? Para onde ir a partir de agora? Quais são os planos e os sonhos para o futuro?

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