Por viver entre as sólidas paredes de um castelo, era um coração que não tomava sol. Ele tinha por tarefa guardar tudo aquilo que o castelo encontrava, pensava e sonhava. Tantos enredos surgiam do leste ou chegavam do oeste, que o coração os guardava sem saber por que vinham. E assim, o leitor é conduzido a um estado de espírito que será, acima de tudo, um toque de alvorecer.
Sem desconhecer a aspereza dos nossos tempos, a poesia permanece no campo do existir como fenômeno de equilíbrio, compensação e recompensa, com a faculdade de preservar a infância. Eventualmente, a poesia pode inspirar-se em tom menor - por que não? - e revestir-se de ternura.
É através da imaginação que se atinge, muitas vezes, a etapa da lucidez. Assim, dar asas à imaginação não é fechar os olhos a verdades patentes, mas abri-los para o mundo subjetivo, sempre mais vasto, profundo e sutil, capaz de enfrentar, interpretar, compreender, remover e reformular circunstâncias exteriores.
Em meio a tantas mutações sociais e revoluções tecnológicas, o homem, natureza perene, tanto mais consciente de seu destino humano e de sua vocação integral, resguarda e restaura (pelo menos tem a possibilidade de fazê-lo) os dons essenciais do sentimento e da sensibilidade, sempre susceptíveis de aperfeiçoamento.