Os anos passaram...
E os outonos ainda trazem a lembrança de Larissa que com seus amorosos olhos escuros cheios de brilho era a lua cheia de seu caminho. Trazem, numa lembrança dolorida, os aromas da cozinha alegre de ladrilhos terracota com aqueles artefatos coloridos. Fazem ecoar, no gemido do vento, as risadas cristalinas daquela moça todas as tardes e madrugadas. É ferida aberta que não cicatriza dentro do peito do solitário e renegado Teodoro.
Por que tudo que ela lhe fez foi inesquecível...
Singrando, em carreiras insanas, as artérias longas e asfálticas de Curitiba em sua Harley Davidson, Téo ainda estaca, em freadas súbitas, em certas ruas tranquilas para, por detrás dos seus Oakleys, contemplar as calçadas atapetadas pelas flores que caem dos Ipês... roxo, branco, amarelo rútilo, rosa.
E pensa nas pessoas que eram a vida dela, e depois, por causa dela, também a sua. E então mais nada...
Uma noite gelada, em companhia de sua mais doce amiga, a solidão, ele recebe o telefonema. O que ele vai decidir nem é a questão mais enervante. Mas, ainda haverá tempo suficiente?
Romance / Drama / Literatura Brasileira