Henri B. Neto 16/10/2011Resenha: PerfeitosSei que estou enrolando séculos para fazer esta resenha, mais isto se deve à um único motivo: Eu gostei MUITO de ''Perfeitos''. E, quando eu gosto MUITO, MUITO mesmo, de um livro, eu não sei o que falar sobre ele.
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Até por que, o livro em si não é ''perfeito''. Na verdade, se eu pudesse descrever esta continuação da série ''Feios'' em um única palavra, eu diria que esta seria ''Agridoce''. Há momentos em que você não vê a hora de chegar no próximo capítulo... Já em outros, você não quer virar nem a página seguinte.
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Não que o livro seja chato de se ler (acho que repito isto sempre que eu falo esta frase, mas nem tem outra forma de me explicar). Mas por que ele é uma verdadeira montanha russa de emoções. Quando você pensa que, finalmente, tudo está indo para o caminho certo, alguma coisa desanda e nossas esperanças vão para o espaço.
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Outra coisa que eu achei legal em ''Perfeitos'' foi o desenvolvimento do ''triângulo amoroso''. Vou confessar uma coisa: Eu simplesmente ODEIO quando um escritor apela para este tipo de artíficio... Mas o Scott Westerfeld desenvolveu tão bem esta característica da nova trama, que este foi um dos RAROS livros em que eu gostei de todos os envolvidos no Triângulo. Sim, pois agora não é só Tally & David... E sim Tally & David & Zane, líder dos Crims - um grupo de perfeitos que não se ''esqueceu'' dos tempos de Feios, e que gostam de se manterem borbulhantes.
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Em falar em ''borbulhante'', ao ler o livro, não entendi a implicância de muitos com o termo... Pois ''borbulhante'' não é só uma gíria de perfeito. Na verdade, ele é um estado de consciência - quando a pessoa ''supera'' por algum tempo as lesões presentes nos cérebros operados e enchergam o mundo como ele realmente é. Na verdade, até passei a usar a palavra ''borbulhante'' no meu vocabulário - eu sei, também estou com vergonha disto!
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Voltando ao triângulo, uma das coisas que eu mais gostei durante a leitura foi o fato do Scott ter colocado os personagens do triângulo como os responsáveis pelo clímax do livro. Os capítulos finais nos fazem ficar com o coração literalmente na mão, o que não é pouca coisa. Quando mais perto da ''decisão'' você chega, mais aflito você fica. Pois nós sabemos que não é uma simples escolha entre David e Zane... É muito mais que isto. Tally tem que escolher entre o seu passado e o seu presente - já que, querendo ou não, ela não é mais a mesma dos primeiros capítulos de ''Feios''. O que nos leva à uns dos ''finais'' mais tristes e cruéis que eu já pude presenciar em um romance YA.
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E isto não tem nada a ver com a Operação e suas lesões.
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Mas o romance é só um pano de fundo para a saga. Na verdade, a trama-motor de ''Perfeitos'' continua sendo a crítica social camuflada de fantasia High-Tech. A todo o momento, eu me pegava imaginando o que faria se estivesse na pele dos personagens... O que eu faria se eu tivesse a oportunidade de alterar, nem que fosse um pouco, esta nossa sociedade hipócrita, que só pensa na aparência e no que as pessoas podem oferecer.
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O que me revelou um bucado de mim mesmo. E, vamos falar francamente, entre todas estas opções que estamos tendo nos dias de hoje, qual livro voltado para o público jovem adulto nos faz parar para refletir sobre alguma coisa, nem que seja por um segundo?
Henri B. Neto
''Na Minha Estante''