spoiler visualizarJoaoVictorOF 07/01/2024
Um início ambicioso e falho para a nova saga
Ainda lembro da surpresa de encontrar "O Herói Perdido" na estante da Saraiva, lá pelos treze anos. Apesar de ter adorado "Percy Jackson", ainda não era envolvido ativamente no fandom e nem acompanhava com afinco os lançamentos do tio Rick, então foi muito satisfatório descobrir que a continuação da saga havia sido lançada para desenvolver a grande profecia introduzida em "O Último Olimpiano". Implorei pelo livro e o li de cabo a rabo em menos de um final de semana. Lembro de ter adorado quase tudo.
Diferente do que aconteceu com os livros de Percy Jackson, no entanto, a releitura desse não recapturou essa magia. Armado com o conhecimento de como o resto da saga se desenrolou e tendo um olhar já maduro, infelizmente bem mais chato e exigente, encontrei muitos obstáculos que me impediram de aproveitar por completo a aventura.
Devo parabenizar Rick pela coragem de abandonar seu antigo estilo narrativo. Opta-se aqui por usar um narrador em terceira pessoa e adota-se múltiplos pontos de vista para que o leitor se torne mais íntimo dos três personagens principais. No entanto, não sei se a escolha foi sábia. Aprecio os pontos de vista extra, mas eu confesso que senti muita falta da narração em primeira pessoa, porque acho esse um dos maiores trunfos do autor. A narração não é ruim, mas não tem o charme daquela feita por Percy nos livros anteriores.
Aliás, outra aposta aqui é dispensar o personagem titular por completo em favor de um novo trio inédito: Jason, Leo e Piper. Infelizmente, perdi o carinho que tinha por Piper e Leo. Piper sofre por ser atrelada de imediato a Jason num casal que, honestamente, beneficiaria mais a ambas personagens se não existisse (como o próprio autor parece ter percebido, levando em conta alguns... eventos nos livros mais recentes). Leo foi escrito para ser o amigo engraçadinho, e de fato me conquistou quando era adolescente, mas não hoje. Já Jason, nosso protagonista, nunca me ganhou por completo. Infelizmente as comparações com Percy são inevitáveis, suscitadas pela própria obra, e a troca é muito desfavorável pro novato. Não há como se importar muito com um protagonista sem memória, sem falhas e com uma personalidade tão genérica. A parte mais interessante sobre ele é o segredo que sua existência revela, mas a novidade morre cedo.
A aventura em si é ok, só achei alguns desafios um pouco decepcionantes e rasos - um problema corriqueiro na saga, preciso reconhecer. Medeia foi o encontro que mais me interessou; Os ciclopes parecem mais do mesmo; Licaon tinha potencial, mas merecia mais páginas; Midas foi uma perda de tempo, assim como Éolo. A ambientação e descrição das batalhas finais são boas e trouxeram meu interesse de volta à leitura.
Foi uma leitura bem lenta para um livro do Rick. Realmente acho que fica lá pra base do meu ranking da saga. Mas é aquilo, ainda é um livro do Rick Riordan: entretém perfeitamente e conquista sem esforço o público alvo, meu relato está ali no começo para provar.