Polly 27/04/2020
Harry Potter e a Pedra Filosofal: um olhar depois que a gente cresce (#109)
Lembro que a primeira vez que eu li Harry Potter e a Pedra Filosofal, eu o fiz em apenas quatro horas. Eu devia ter uns quinze anos e a ansiedade ainda não me atrapalhava em nada. Eu ainda conseguia devorar livros sem culpa. Comprei o meu exemplar economizando o dinheiro do lanche que ganhava todo mês da minha mãe. Meu pai o comprou no sebo, como todos os meus outros da série (exceto o As Relíquias da Morte, que eu não pude esperar para chegar ao sebo, Deus sabe que eu não pude).
Não tenho certeza se eu já tinha lido, à época, A Ordem da Fênix, mas com certeza eu já tinha lido A Câmara Secreta, O Prisioneiro de Azkaban e O Cálice de Fogo. Quando eu fechei o livro depois daquelas quatro horas intensas, lembro que o achei meio bobo. Eu já não era criança e já tinha conhecido um Harry que não era. A Pedra Filosofal parecia infantil demais para mim àquela altura. Acho que esperei algo mais "maduro", mais sombrio como O Cálice de Fogo. Mas, a proposta do primeiro livro é outra e eu não havia entendido isso.
Diferentemente de todos os outros da série, A Pedra Filosofal foi um livro que reli pouquíssimas vezes (acho que essa foi a segunda, em contrapartida li A Ordem da Fênix, que é meu preferido, umas oito). Então, nunca tive muita oportunidade de enxergar A Pedra Filosofal com outros olhos. Mas, dessa vez, foi diferente. Acho que finalmente entendi a mensagem.
Certo que A Pedra Filosofal continua sendo um livro infantil, mas eu também já falei aqui, em outras oportunidades, que nunca devemos subestimar um livro infatojuvenil, não é? O primeiro livro do bruxinho mais famoso do mundo é simples e inocente, mas é cheio de valores importantes. Harry, que durante onze anos de sua vida nunca soube o que é amor ou carinho, de repente descobre um mundo novo em que lhe cabe tudo. Amor, carinho, respeito, lealdade e amizade são valores que o menino descobre junto com o mundo bruxo, deixando o passado sem amor para trás, sem nenhum tipo de mágoa. Quantos de nós ainda não precisamos aprender isso?
Harry aprende que, apesar do mundo, sempre há alguém para nos acolher, nos escutar, sempre há alguém em quem a gente possa se ver. Harry descobre que, mesmo diante da maravilhosidade do mundo mágico, a coisa mais preciosa que existe é o Amor.
Tem mensagem melhor para passar do que essa? Acho que não tem. Acho que é por isso que Hogwarts continua viva no coração de tanta criança. Por isso, ainda tem gente que espera sua carta chegar. A despeito do tempo e da moda, Harry Potter "envelheceu" bem, muito bem na verdade, porque é muito mais do que uma história de aventura de um garoto órfão que descobre ser um bruxo. Harry é muito mais que isso. Harry Potter é sobre a força do Amor e de como Ele é libertador, sobre como fazer o Bem é bem mais recompensador do que fazer o mal.
Acredito piamente que Hogwarts nunca morrerá, que sempre haverá alguém a esperar uma coruja com sua carta. Harry vai encantar geração após geração, e não só porque pais ensinarão seus filhos a amá-lo, mas também porque uma história com tantos encantos é irresistível a qualquer coração humano.