Resenhas - Morte e Vida Severina

cai_urr 26/05/2024

Embora não tenha maturidade literária para compreender uma obra rebuscada de forma integral, tenho que declarar:

Há poemas de uma sonoridade agradável.

Há claras denúncias sociais que, em conjunto com escolhas vocabulares interessares, marcaram minha perspectiva pessimista sobre coletâneas de poesia.

Uma boa obra brasiliana.

PUNKNETTAZZO 21/05/2024

Decepção legal
Eu jurava que Morte e Vida Severina fosse um grande romance, mas na verdade é uma poesia. Uma boa poesia, por sinal.
Uma experiência satisfatória e inovadora.

Hey_Guga 20/05/2024

Um epíteto do Brasil
Uma poesia que acude os olhos, abraça-nos carinhosamente sob um manto de remorsos e angústias. Cabral de Melo não tem vergonha nem pudor, em todos os seus poemas nesta obra presente a envergadura de suas palavras colorem o Brasil de cores murchas, é lúgubre prezar a vida, é morto o erotismo da realidade e insciente disso estão os versos, que já de tanto arderem dos solos rechaçados, obnubilados, esqueceram-se de que retirar-se é sim a causa vil e não o altivo Oceano.

Sem vergonha umas das melhores obras que li em minha vida e um estupor ao indigente e arrastado Nordeste, que de tantas belas fontes necrosa os parasitas que dela tanto tiraram. Mal é o homem, mas cruel é a terra que sob ele habita.

EmanuelCabral 14/05/2024

Um livro lindo!
Se você tiver boa vontade de vencer as primeiras páginas (mais repetitivas e descritivas) e gostar do gênero mais para o lado da poesia vai se deparar com um Brasil (Brasis, aliás) muitas vezes invisibilizado pelo "cotidiano". Há muitos Severinos no mundo, e em cada Severino, uma não-história vivida, muito trabalho e muita coisa pra contar. Recomendo a leitura!

Mariana 05/05/2024

É um bom livro, nas admito que passei muita raiva lendo. Ele é muito descritivo e nunca vai direto ao ponto, tive que buscar resumos para poder me situar durante a leitura. É um livro cansativo de ler e MUITO repetitivo. Mas tem uma história real e tocante, o que me fez aproveitar e desfrutar o processo de leitura.

Lauraludovico 04/05/2024

?A medida do homem não é a morte, mas a vida?
Essa edição reúne ?Morte e Vida Severina? e outros poemas avulsos, confesso que estes realmente prejudicaram uma imersão maior na leitura, mas também são bons.

A vida de Severino vem de uma sentença dos iguais a ele: viver para buscar algo melhor e morrer tentando. Ele encara a morte diversas vezes, nos retirantes que o acompanham, nos engenhos e seus cemitérios, e na sua trajetória que em dado momento soa como destinada ao sofrimento. Dos incontáveis quilômetros que ele andou o sofrimento se espelha, é sempre uma grande terra que só produz pra quem nunca a tocou; ?eles voltam para a terra que a esperam desde recém-nascido?.

Toda a história é realmente profunda, me incomodei com tanto sofrimento e falta de esperança no enredo, mas percebi que esse não era um recorte único, mas a vida de tantos retirantes. Me comovi com o final, apesar de demorar um pouco no ritmo e metáforas, mas é realmente uma grande obra.

?

Thai Queiroz 29/04/2024

Sempre fico encantada com a riqueza literária de nosso país e fico também envergonhada de ter demorado tanto a ler esse clássico. Que auto mais interessante e soturno. Bom reflexo da realidade.

Italo 28/04/2024

Morte e vida severina
O primeiro livro de poema e poesia que realmente li com gosto na vida, essa edição de Morte e Vida Severina é um deleite! Conta com os textos O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife, Morte e Vida Severina, Dois Parlamentos e o Auto do Frade. Minha experiência com a edição, comprada em um sebo, foi prazerosa; o livro com suas páginas já amareladas, mas preservando a vitalidade do papel de boa qualidade, e a tipologia de fonte tão atraente (sou facilmente seduzido por uma fonte bonita!).

Dos textos, o que mais gostei foi O Rio. Encantadora a maneira como João Cabral narra tão bem e poeticamente a jornada de um retirante, conferindo vida e crítica a um corpo d'água. Morte e Vida Severina, que é um clássico, também foi gostoso de ler. O texto dos Dois Parlamentos, confesso que não entendi muito bem. E o Auto do Frade foi também uma aula de história.

Micka 28/04/2024

Poema não é meu forte
Não desmereço a obra, apenas não consegui apreciar a beleza dela por conta dos meus gostos. Morte e Vida Severina é um poema de beleza impecável e que é fácil de qualquer um entender e perceber, principalmente quem é nordestino, por isso foi o único poema em que fiquei entretida.

imjumorales 28/04/2024

Não há melhor resposta que o espetáculo da vida
é uma releitura de um livro que já tinha feito um impacto na minha vida desde o primeiro momento que li no segundo ano do ensino médio. senti necessidade de reler essa obra tão severina.
não sou o público alvo desse auto de melo neto mas é impossível não se impressionar e dar 5 estrelas para esse relato do êxito pernambucano

ikixyz 26/04/2024

Que viagem...
Essa vida que se vive, severina ou não, ainda é vida e merece ser vivída!


?? O rio - 8/10
?? Paisagens com Figuras - 8/10
?? Morte e Vida Severina - 9/10
?? Uma Faca Só lâmina - 10/10

cristian.ismo 26/04/2024

Obra absoluta de Melo Neto.
Mesmo com aparência repetitiva no início, o livro te mantém preso com a escrita dos versos, curtos, plenos, simples e poderosos. A trajetória de Severino segue-se a mesma diante todo o livro, com o objetivo de melhorar de vida ao se mudar. Com paradas durante sua trajetória, trazendo situações de pessoas com vida semelhante a do protagonista: fome, morte e o trabalho incessante, cria-se a imagem pesada de uma vida pertencente a terra. Com o tempo, o leitor consegue enxergar o peso da vida severina e com o final, trazer uma conclusão a esse sentimento. Incrível.

aninha 25/04/2024

Que livro chato jesus cristo
poema pra mim não dá, de jeito nenhum consigo ler. não sei se é pq é leitura obrigatória ou se eu sou só rasa demais pra entender, mas esse n deu

Marcos Hübner 25/04/2024

Até a terra morreu de fome?
O épico que dá nome ao livro é leitura obrigatória. Traz diálogos de uma profundidade absurda sobre a fome, a cede, a morte e a vida. Os demais poemas do livro não tiveram o mesmo impacto, alguns tive que dar uma forçada para terminar. ?Uma faca só lâmina? fala do relógio, da faca e da bala, me parece trazer um diálogo com o auto de natal pela morte como fator certo, pela faca, pela bala ou pelo próprio tempo. Outros poemas serviram para ilustrar o espaço físico do estado, de recife e a importância dos seus rios. Enfim, quero deixar alguns pedaços marcados para retomar depois.

Pg66 ?É uma luta contra a terra e sua boca em saliva, seus intestinos de pedra, sua vocação de caliça. Que se dá de dia em dia. Que se dá de homem em homem. Que se dá de seca em seca. Que se dá de morte em morte?

Pg92 ?E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia.?

Pg 108 ?Está cova em que estás com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida. É de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe deste latifúndio. Viverás para sempre na terra que aqui agora e terás enfim tua roça?

Pg 132 ?Severino, retirante, deixe agora que lhe diga: não sei bem a resposta da pergunta que fazia, se não vale mais saltar fora da ponte e da vida, [?] mas não há melhor resposta que o espetáculo da vida, [?] mesmo quando é uma explosão como a de há pouco, franzina; mesmo quando é a explosão de uma vida severina?

FIM.

Ps: o livro não é homogêneo em qualidade e densidade, mas vale absurdamente pelo menos a leitura isolada do poema épico ?Morte e Vida Severina: auto de Natal pernambucano? pg 91 a 133

byasz 23/04/2024

"Morte e vida severina" retrata a trajetória de um retirante que saiu do sertão nordestino em direção ao litoral a fim de encontrar melhores condições de vida, e sem ter muita noção geográfica, se deixava guiar pelo rio. Com uma severidade sem igual, Cabral discorre em seus versos, a realidade daqueles que não emigram por grande cobiça, e sim para sobreviver, aqueles que nascem sem vez: os severinos.
Essa realidade é mostrada logo no início, quando o retirante busca, ao se apresentar, uma forma de se individualizar. Porém, percebemos que quanto mais ele tenta, mais ele se equipara aos tantos outros severinos, que vivem e morrem igual.
A coletânea é sobre a relação de Severino com a vida, e sobretudo com a morte. O retirante encontra, durante todo o caminho, muitos severinos sem vida, pessoas com as quais ele se identifica: gente que ansiava pela sobrevivência. O tormento dessa gente marginalizada é tão grande, que Cabral emprega o termo "severino" a tudo aquilo que é sofrido: as pessoas que retiravam e suas respectivas vidas. Severino passa a questionar o sentido daquilo tudo, e acha cada vez mais difícil defender a vida, ainda mais se for uma vida severina.
O livro me emocionou de diversas formas, em especial, na parte que o protagonista assiste o enterro de um trabalhador e escuta as últimas palavras dos amigos ao defunto.
Gostaria muitoo de ter tido a oportunidade de tomar um café com esse gênio da literatura nacional.