FL%P&R@M@ 11/08/2010
Wake foi um livro que me fez superar o preconceito que sempre tive com livros narrados em 3ª pessoa. Até então, não gostava deste estilo narrativo porque não conseguia me envolver com a narração feita por um interlocutor. Mas a estrutura dramática é construída de uma forma que torna impossível não se envolver com a história.
Wake é estruturado como uma coletânea de recortes da vida da protagonista: Janie Hannagan. Acompanhamos flashes de sua vida desde que ela começou a ser sugada pra dentro dos sonhos das pessoas aos 8 anos de idade.
Sempre que alguém cochila próximo de onde ela está, Janie literalmente apaga e torna-se espectadora do sonho ou pesadelo da pessoa. Na maioria das vezes são sonhos inofensivos, mas em outros momentos ela é obrigada a viver situações agonizantes sem poder escapar.
Como se isso não bastasse, ela ainda tem que aprender a sobreviver na miséria com uma mãe alcóolatra que a ignora completamente.
Por conta dos sonhos ela se isola de todos e não tem amigos, até que uma garota chamada Carrie se torna sua vizinha e melhor amiga.
Com medo de ser chamada de louca, Janie nunca contou sobre sua "maldição" pra ninguém, nem mesmo pra Carrie ou sua mãe. Ela está convencida que nunca vai poder revelar seu segredo e que ficará sozinha pro resto da vida.
Quando está com 17 anos ela arranja emprego num asilo, ajudando a cuidar dos idosos. Com o dinheiro que recebe compra comida e paga algumas contas da casa, já que a bolsa auxílio que sua mãe recebe do governo cobre apenas o aluguel e as garrafas de vodca que sustentam seu vício.
Batalhando pra sobreviver com o pouco que ganha arduamente no trabalho, ela ainda consegue economizar uma parte pra fazer faculdade.
Por usar roupas velhas Janie é constantemente humilhada pelas meninas ricas da escola. Num dia, quando está sendo alvo de mais um comentário maldoso, ela é comparada ao garoto problema do colégio: Cabel Strumheller.
Pobre como Janie, ele também anda com roupas surradas e pelo seu jeito “largado” todos pensam que é um drogado.
Mas Janie não se importa, ela consegue ver além da aparência de Cabel. Os dois se identificam por terem vidas parecidas e ela percebe que Cabel também esconde um grande segredo.
A grande angústia de Janie é que não consegue interferir nos sonhos, é obrigada apenas a observar sem poder fazer nada. Mas quando um pesadelo terrível se torna frequente e a pessoa (que ela não consegue ver o rosto) lhe pede ajuda desesperadamente, Janie decide que enfrentará seus próprios medos para ajudar.
Wake é um livro que desperta vários sentimentos. Me emocionei com a história de vida de Janie, ela não é só mais uma garota mimada (como estamos acostumados a ver em livros YA). Com tantos dramas pessoais, ela acaba amadurecendo rapidamente e se torna responsável por sua sobrevivência. Não sei muito sobre a vida da autora, mas a narração é tão real que fiquei imaginado se a própria Lisa ou alguém que ela conheceu talvez tenha passado por algo semelhante.
O ALTOR: LISA MCMANN ALEM DE SEU FILME O LIVRO TAMBEM FOI LANCADO E PUBLICADO COM 208 PAGINAS DA SERIE : WAKE.
A combinação perfeita de emoção e suspense prende a atenção até o fim e quando termina, fica aquela vontade louca de ler a continuação. De verdade, estou me segurando pra não baixar o ebook e esperar os outros livros da trilogia: Fade e Gone, que a Novo Século lançará ainda este ano no Brasil.
Ah! Já estava me esquecendo de avisar que a edição brasileira tem 2 surpresas para os leitores ao final do livro: uma cena muito importante narrada pelo ponto de vista do Cabel e um trecho de Fade.
Meu único arrependimento é não ter descoberto esta série antes. Já entrou pra minha lista de favoritas.
Os direitos do livro já foram comprados e vai virar filme, citaram até Miley Cyrus para viver Janie no cinema, mas ainda não há nada certo. Pra ser sincera, não vejo Miley como Janie, a personagem é forte, desbocada, sofrida. Nada contra a Miley, mesmo não curtindo o estilo musical dela, gostei da atuação em A Última Música. Mas acho que quem ler o livro vai concordar comigo que ela simplesmente não tem nada de Janie.