Dri Ornellas 09/09/2010DivertidoO livro Jane Austen: a vampira, do escritor Michael Thomas Ford reúne dois elementos que por si só poderiam garantir seu sucesso: a presença de Jane Austen - que é adorada por legiões - e a dos vampiros - criaturas que voltaram a ser pop depois do sucesso da saga Crepúsculo. Porém, além disso, o livro não é pretencioso e a leitura vale a pena por sua descontração.
Para o mundo atual, Jane Austen não existe, mas ela está viva e se chama Jane Fairfax, possui uma pequena livraria, se frustra por não receber direitos autorais de seus livros e vê seu novo romance ser recusado sucessivamente por diferentes editoras.
O mérito do livro é criar situações surreais mas que acabam possuindo uma verdade incrível, pois apesar da personagem ser uma vampira, ela também é Jane Austen e sabemos o que a personagem Jane Austen significa e isso traz uma gama de acontecimentos inusitados que se tornam engraçados nas mãos do escritor. Por exemplo, para todos, Jane está morta, então sua obra é mexida e remexida (o que é uma tremenda verdade, vide a existência desse livro) e ela tem que assistir a isso tudo sem se manifestar. Logo no começo do livro, temos, na livraria de Jane, a leitura do livro Esperando pelo Sr. Darcy, onde a mensagem do livro é totalmente deturpada por uma escritora oportunista que vê na fidelidade das fãs de Jane Austen uma chance de enriquecer. Então, apesar da sabermos que a Jane vampira é totalmente irreal, o livro vislumbra pequenas verdades sobre como a obra de Jane está sendo tratada atualmente.
"Sem dúvida", Jane respondeu para sua jovem assistente. "Mas não consigo entender por que as pessoas comprar essa bobagem". Como se isso não bastasse, ela pensou, muitas tinham vindo fantasiadas. Ela contou duas dúzias de Elizabeths e talvez meia dúzia de Darcys. (...)
"A mensagem de Esperando Mr. Darcy é essa", Melodie disse, erguendo seu livro como se fosse um texto sagrado. "Se você realmente quer viver a beleza do amor - do amor verdadeiro - você só deve se entregar quando encontrar a pessoa certa. (...)
Jane percebeu gestos de concordância em todo o recinto. A leitura pública estava se começando a parecer uma campanha para despertar a fé religiosa.
Outro ponto interessante é o romance de Jane com Lord Byron!! Alguém já imaginou esses dois personagens da literatura tendo um caso amoroso? Alguém já imaginou Jane Austen brigando com Charlotte Bronte?!?! Pois então: há uma rixa literária entre as duas no livro que dá assunto... e livro! Essas conexões literárias inexistentes também são bem legais e mexem com nosso imaginário. Nesse ponto, o autor acerta bem o ponto fraco dos leitores compulsivos: ele dá vida a escritores mortos que não poderiam nos proporcionar mais do que suas obras. Aqui, eles aparecem mais do que vivos, eles estão metidos em situações complicadas e engraçadas.
O autor juntou dois aspectos comerciais e criou um livro muito interessante que pode ser lido sem a ameaça de ser apenas isso: um livro comercial. O livro tem recebido criticas positivas.
Atualmente, Jane Austen se tornou sensação garantindo a venda de um livro, pois suas fãs fiéis consumem tudo o que tem a ver com ela. Com exceção, é claro, daquelas que são contra a essa moda. Seguem alguns exemplos de livros que trazem ou Jane Austen como personagem - viva ou não - ou algum de seus livros como inspiração para a história central do livro: Jane Austen ruined my life, Mr. Darcy broke my heart, According to Jane, A little bit psychic: Pride & prejudice with a modern twist, Austenland: a novel, Confessions of a Jane Austen addict, Rude awakenings of a Jane Austen addict, Me and Mr. Darcy, I was Jane Austen's best friend, The man who loved Jane Austen, What would Jane Austen do?, Pride and prejudice and zumbies and Sense and sensibility and sea monsters.