denis.caldas 16/07/2012Impressões sobre o livro “Deus, um delírio”, de Richard Dawkins Estou muito grato pela oportunidade de ler essa obra, porque acredito na honestidade intelectual, ou seja, na ânsia por conhecer a verdade dos fatos e no desejo de seguir as evidências. Temos que ter a mente aberta e confrontar todas as opiniões sobre determinado assunto que nos interessa, sem medo de ser feliz. Como o próprio Michelson Borges diz: “A verdade é que a vida é uma ‘eterna’ busca de sentido, de verdadeiro conhecimento, de preenchimento e satisfação. Mas precisamos ter humildade para admitir que não podemos assumir essa ou aquela posição enquanto não reunirmos todos os fatos disponíveis e os analisarmos com mente aberta, seguindo o conselho do grande apóstolo Paulo de Tarso, registrado em I Tessalonicenses 5:21: ‘Ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom.’”
É a isso que me proponho com um convite muito especial do recém-amigo Élio Marasceni do Skoob, ao ler “Deus, um delírio”.
i. Do “Prefácio à edição de bolso”
Aqui Dawkins trata de algumas resenhas contra ele, após o lançamento do livro:
1) “Não se pode criticar a religião sem uma análise detalhada de livros eruditos de teologia”. Dawkins está certo em dizer que a maioria dos livros teológicos parte já da verdade absoluta que Deus existe (a Bíblia inclusive é um deles), e ressalta mais os que fazem um estudo a partir da inexistência de algo e, assim, chegam à conclusão que Deus existe; acho que o autor Philip Yancey, por ser jornalista, é dessa última linha.
2) “Você sempre ataca o que há de pior na religião e ignora o que há de melhor”. Dawkins justifica que a maioria do que se tem por aí de religião é grosseiro, dogmático e imposto, ao contrário de uma religião sutil e amena. É verdade, eu já li cada coisa...
3) “Sou ateu, mas quero me dissociar de sua linguagem estridente, destemperada e intolerante.” Dawkins se justifica que não é assim, há coisas piores por aí, mas é a sociedade que não aceita críticas à fé religiosa. É verdade, considero até um estímulo para os religiosos estudarem mais (ou de fato) para serem exímios apologistas e não mais um no rebanho das massas.
4) “Você está pregando para os já convertidos. De que adianta?” Não é verdade, como o próprio Dawkins atesta. Claro, os ateus também se beneficiam com o livro, mas as pessoas indecisas são mais atingidas. Aqui também falta dizer que tais indecisos podem também se confrontar com a teologia, sendo essa busca parte da honestidade intelectual.
5) “Você é tão fundamentalista quanto aqueles que critica.” Aqui Dawkins explica que é apaixonado pelo que faz e não é fundamentalista, a ponto de estar aberto às discussões desde que haja evidências. Ele coloca a sua posição evolucionista porque não há evidências ao contrário; neste ponto discordo, porque há evidências sim do criacionismo.
6) “Sou ateu, mas a religião vai persistir. Conforme-se.” Sem comentários; como Dawkins diz: é crença na crença.
7) “Sou ateu, mas as pessoas precisam da religião.” Aqui Dawkins corretamente corrige essa pessoa, porque ela está se colocando como melhor do que a maioria das pessoas. Porém, depois, Dawkins sutilmente diz que, se a pessoa realmente foi informada / culta, ela não precisará da religião. Bem, o contrário também é verdade, não é mesmo?
ii. Prefácio
Dawkins faz um resumo dos capítulos a seguir, preparando o leitor ao que virá. Insiste em dizer que o ateu é a pessoa mais culta, inteligente, informada e livre que há. Bem, vamos lá, afinal de contas, queremos respeitar o bem maior da honestidade intelectual.
1) Um descrente profundamente religioso.
Dawkins cita Darwin, que diz que tudo foi “criado por leis que atuam à nossa volta”. Correto, porém se observarmos nas entrelinhas sabemos que, para se ter leis se faz necessário um legislador e, mais, um mantenedor dessas leis imutáveis. Carl Sagan julga que religião alguma olhou para a ciência e se deslumbrou com o poder e grandiosidade do Universo; bem, a Bíblia é cheia de louvores e odes às maravilhas do Universo (veja Salmos e Jó, por exemplo); claro que se está julgando religiosos que rejeitam a ciência como algo demoníaco, mas o verdadeiro crente estuda e busca a ciência, que prova a grandeza de Deus. Surpreendente a idéia da religião sobrenatural e a einsteniana, muito procedente, não sabia dessas coisas sobre Einstein (mas vou pesquisar mais sobre Einstein). Foi bom aprender sobre teísta, deísta e panteísta; descobri que sou teísta. Também é válido o conselho que Dawkins dá aos físicos que utilizam a palavra Deus devido à metafísica, no sentido metafórico; “confundir os dois deliberadamente é, na minha opinião, um ato de alta traição intelectual.”; é verdade, dos dois lados, tanto do lado científico como do lado religioso intelectual.
RESPEITO NÃO MERECIDO - Dawkins cita vários fatos sobre o uso da religião para promover violência e preconceito, e o posicionamento estabelecido de que não se deve argumentar contra religião, o que abre precedentes como o uso exarcebado do direito da liberdade de religião para desrespeitar outrem. Infelizmente, a paixão religiosa causa tais fatos lamentáveis, tanto de impacto mundial como de impacto pessoal; neste último caso, familiares que não falam nem cumprimentam o próprio filho por ser “dissociado” da igreja, por exemplo. Atualmente (2012) estão aparecendo clérigos falando que os cristãos podem ser chacoteados e oprimidos que não farão nada, ao contrário de muçulmanos, “mas que isso tem que mudar! (sic)”
Enfim, tudo isso é contrário ao que Jesus ensinou, mas não foi exaltado no livro. Quanto ao respeito sagrado à religião, também vai contra o que a Bíblia diz: “Que cada um esteja pronto para defender o seu ponto de vista quando confrontado” (I Pedro 3:15).
2) A hipótese de que Deus existe.
Aqui é exposto a filosofia naturalista da evolução contra a filosofia teológica.
POLITEÍSMO - Comparação da doutrina da Trindade e a listagem enorme de Santos e de Nossas Senhoras com o politeísmo e as mitologias.
MONOTEÍSMO - Prefiro o livro “O Livro das Religiões”, de Henry Notaker, Jostein Gaarder & Victor Hellern.
SECULARISMO, OS PAIS FUNDADORES E A RELIGIÃO DOS ESTADOS UNIDOS - Dawkins defende o Secularismo e apoia o verdadeiro Estado laico, com respeito a toda pessoa independente de a sua religião (ou sua ausência). Os atos contra ateus não devem existir, assim como o contrário.
A POBREZA DO AGNOSTICISMO - Um pouco sobre a origem do Agnosticismo; Dawkins também não o apoia porque dá uma chance probabilística de 50% que Deus existe. E compara Deus, no sentido abraâmico, com outros deuses quanto à existência / inexistência. É plausível discordar de que teístas exijam provas contra Deus, em vez de tentar comprová-Lo.
MNI - Sobre que a teologia serve para explicar coisas que a ciência não consegue, e vice-versa. O que faz o status quo da religião são os milagres que, por sua vez, não são explicados pela ciência. Bem, na minha modesta opinião, talvez influenciado por Augusto Cury, a ciência pode / poderá explicar a existência de Deus. É só tentar com seriedade e recursos.
O GRANDE EXPERIMENTO DA PRECE - Sobre um estudo sério sobre oração intercessória e seus resultados sobre cardiopatas. O resultado não foi o teologicamente esperado e vieram muitas explicações sobre isso.
Bem, foi só um estudo, acho que outros poderão ser feitos e sabe-se que o benefício melhor que há na intercessão é para quem o faz, porque o resultado em quem recebe é conforme a vontade de Deus. É questão de fé. Porém, há estudos dos benefícios da oração comprovados, o que chamamos de psicossomatia.
A ESCOLA NEVILLE CHAMBERLAIN DE EVOLUCIONISTAS - Sobre se juntar a teístas evolucionistas para combater a expansão do ensino do criacionismo nas escolas norte-americanas.
Eu penso que as duas devem ser ensinadas, pois há evidências / informações que apoiam as duas vertentes. O embate intelectual deve ser estimulado.
HOMENZINHOS VERDES - Sobre a diferença de “deuses” e extraterrestres.
3) Argumentos para a existência de Deus.
AS “PROVAS” DE TOMÁS DE AQUINO - Das cinco provas, Dawkins unifica as três primeiras, em que se adota a regressão nas coisas, isto é, ao fazer as coisas voltarem ao seu início, nos deparamos com Deus. Dawkins usa outra lógica, em que os atributos de Deus, como a onipotência e a onisciência se contradizem, anulando Deus. Na Bíblia há casos da mudança de ação d’Ele, por exemplo, em Jonas, quando mudou de ideia em destruir Nínive, a despeito da Sua onisciência e se já sabia que mudaria de ideia.
A quarta prova Aquino diz que há um modelo máximo de bondade, que é Deus. Dawkins diz que qualquer grau de comparação resulta em idiotice, mostrando um exemplo de atributo físico (fedor). Mas Aquino usou um atributo moral, incomparável com o físico, pelo o que eu li.
A quinta prova Aquino afirma que há um Projetista para as coisas vivas. Dawkins, claro, rebate usando Darwin e a evolução pela seleção natural.
Bem, tudo aqui foi tratado no campo filosófico, no qual cada um tem um conceito e o livre-arbítrio para escolher no que crê.
O ARGUMENTO ONTOLÓGICO E OUTROS ARGUMENTOS “A PRIORI” - Trata de Anselmo de Canterbury e de jogos de lógica que provam a existência ou a inexistência de Deus, agosto do freguês, diga-se de passagem. Mais filosofia, nada prático...
O ARGUMENTO DA BELEZA - Sobre os argumentos que só Deus poderia inspirar os artistas / autores de suas maravilhosas criações. Dawkins opta pelo posicionamento humanista.
O ARGUMENTO DA “EXPERIÊNCIA” PESSOAL - Dawkins diz que o cérebro humano possui um simulador (software) de modelos, e que experiências fantásticas são resultados dessa simulação. Por isso o que é delírio pode ser confundido por real.
O ARGUMENTO DAS ESCRITURAS - Dawkins trata de algumas contradições do Novo Testamento, principalmente dos Evangelhos, assim como das profecias sobre Jesus. Por fim, compara a Bíblia com as lendas do Rei Arthur ou como lendas antigas.
O ARGUMENTO DOS CIENTISTAS ADMIRADOS E RELIGIOSOS - Dawkins rebate os apologistas que utilizam alguns cientistas que acreditam em Deus, principalmente com pesquisas que comprovam que a crença é inversamente proporcional ao QI do indivíduo. Enfim, endossa que, pessoas mais inteligentes, gênios, são descrentes.
Eu pessoalmente concluo que sou burro...
O ARGUMENTO DE PASCAL - Olha só, eu já tinha pensado muito sobre isso e nem sabia que tinha um nome! Dawkins desmantela tal argumento, indicando que se pode viver melhor sem acreditar em Deus, como tentará provar nos próximos capítulos.
ARGUMENTOS BAYESIANOS - Sobre a tese de Unwin sobre o Teorema de Bayes, que utiliza pontuação subjetiva para se chegar ao resultado. Aqui Dawkins atesta que o resultado fica a cargo do freguês, mas prepara para o próximo capítulo que tentará provar com (quase) certeza que Deus não existe.
4) Por que quase com certeza Deus não existe
O BOEING 747 DEFINITIVO - Sobre o argumento da improbabilidade usado para dizer que é improvável que as coisas surgiram do nada mas, que, na verdade, há um Designer por trás de tudo.
Dawkins diz que a Teoria da Evolução bane essa ideia, trazendo para improvável a existência de Deus.
A SELEÇÃO NATURAL COMO CONSCIENTIZADORA - Dawkins trata como Darwin e Wallace abriram as portas não só para a Biologia, mas também para a Cosmologia e a Física, no tocante em que não há Deus.
Então comecei a pensar se Deus na verdade, criou a Lei da Evolução para a continuidade da vida da Terra, mas Dawkins diz que isso O reduziria a nada, porque não teria mais o que fazer.
COMPLEXIDADE IRREDUTÍVEL - Onde trata de um dos motes mais preferidos do Criacionismo, que afirma não ter como um olho ou uma asa ser ou não ser. Dawkins mostra que na evolução há gradação dos membros, e cita exemplos como olhos intermediários de platelmintos e de náutilos.
Mas por que então tudo já evoluiu junto, mas convivemos com espécies que estão em graus diferentes de evolução? Se originamo-nos do macaco, por que ainda há macacos e não só seres humanos?
A ADORAÇÃO DAS LACUNAS - Onde Deus é colocado em lugares em que não há explicação. Isso incorre também no estímulo a não pesquisar sobre algo, porque Deus é a explicação.
Mas vejo que Deus não quer adoradores inconscientes e néscios, mas só quer pelo amor e pela razão, que é adquirida com estudo e pesquisa.
O PRINCÍPIO ANTRÓPICO: VERSÃO PLANETÁRIA - Sobre a estatística de que há bilhões de planetas em nossa galáxia; assim, numa estatística de probabilidade 1:1 bilhão, a vida se originou na Terra. Veio a seleção natural. Daí, para a célula eucarionte e a consciência são mais dois eventos de baixíssima probabilidade, o que traz a Terra como um planeta raríssimo.
Bem, vejo isso como filosofia humanista, onde diz que o homem é o centro do universo, afinal de contas, é o único que pensa conscientemente e é inteligente.
O PRINCÍPIO ANTRÓPICO: VERSÃO COSMOLÓGICA - Resumindo, Dawkins diz que a origem da vida e do universo é simples, e Deus não é simples, porque seria maior do que toda a complexidade que há. O interessante é que o valor da força forte (força que liga os componentes do núcleo do átomo) seja igual a 0,007 (E), que é, coincidentemente o número sagrado de Deus (7).
UM INTERLÚDIO EM CAMBRIDGE - Quando Dawkins participou de uma conferência sobre Ciência e Religião, e acabaram todos recorrendo ao MNI quando questionados mais fortemente.
Dawkins faz um resumo do que tratou no Capítulo 3, reafirma que (quase) com certeza Deus não existe e prepara o campo para a religião, o bem e o mal. Para ele, quando surgir uma teoria para a Física como Darwin surgiu para a Biologia, Deus será extinto cientificamente.
5) As raízes da religião.
O IMPERATIVO DARWINISTA - Questiona-se onde a religião entra no processo evolutivo do homem, já que a seleção natural prioriza o econômico e o prático. Será que a religião serve a algo exterior ao homem, como um parasita manipula o hospedeiro? Vamos adentrar nos próximos pontos.
VANTAGENS DIRETAS DA RELIGIÃO - A religião é um consolo ou um conforto em nossas vicissitudes da vida? Teria um efeito placebo? Mas qual a sua origem na evolução? Dawkins vai tentando chegar a uma resposta conforme adentra na questão; acho que é um uso de retórica para encaixar o surgimento da religião na evolução humana.
SELEÇÃO DE GRUPO - Dawkins descarta tal teoria, apoiando mais a ideia darwinista da substituição ecológica do indivíduo.
RELIGIÃO COMO SUBPRODUTO DE OUTRA COISA - Dawkins trata que a religião é um subproduto ruim da doutrinação de crianças, independente de qual religião, por exemplo, é a mesma coisa acreditar na ressurreição de Cristo ou em uma bruxa que voa à noite. Nas guerras passadas, a vitória dependia da cegueira doutrinária de soldados, porque se pensassem por si mesmos, não teriam a força do grupo coeso para vencer.
Aqui é um caso de estudo antropológico baseado na evolução.
PREPARADOS PSICOLOGICAMENTE PARA A RELIGIÃO - Dawkins defende a Postura Intencional adquirida na evolução como a responsável sobre a origem da religião. Assim como a paixão entre homem e mulher, a humanidade tem na religião algo que mexe e satisfaz os seus desejos. Independente se há ou não um deus, mas o cérebro produz sensações de êxtase e faz sentir-se bem.
PISA DEVAGAR, POIS PISAS NOS MEUS MEMES - Memes são unidades de herança cultural, como “genes” culturais, variantes culturais. A religião se mantém por ser um meme.
CULTOS À CARGA - Onde Dawkins analisa as religiões sul-pacíficas em que os nativos aguardam um messias que trará muitas coisas úteis e boas (as cargas de mercadorias que vinham de avião ou navio). Assim, compara como uma religião pode surgir do nada, devido à psicologia humana da necessidade de se confortar e consolar, evoluindo mimeticamente em poucas gerações.
O Cristianismo foi uma religião que, conforme Dawkins, evoluiu de um culto a um homem carismático chamado Jesus, entre tantos outros cultos que existiam mas não sobreviveram.
Bem, é um estudo a ser realizado, julgando-se que a Bíblia não pode ser usada como parâmetro para uma religião.
6) As raízes da moralidade: por que somos bons?
Dawkins tem razão, o teor das cartas não têm nada do cristianismo que Jesus pregou. Claro que tudo isso escancara a fragilidade da religião institucionalizada e abre brecha para Dawkins.
NOSSO SENSO MORAL TEM ORIGEM DARWINISTA? - Dawkins menciona o relacionamento familiar e a reciprocidade como as bases na seleção natural, vinculando ao gene. Também conta sobre a generosidade como ato de dominar o subordinado ou para ostentação.
Assim como o desejo sexual independe da vontade de procriar, o altruísmo independe da vontade de ser superior ou receber algo em troca, sendo, conforme Dawkins, um “erro” na seleção natural.
Bem, por isso que eu acho que Jesus foi além, e pediu para amarmos os nossos inimigos, o que quebra o paradigma genético apregoado na seleção natural. Como Jesus disse: amar os seus parentes e seus amigos até os ímpios fazem isso, agra, amar os ímpios é outra história.
UM ESTUDO DE CASO DAS RAÍZES DA MORALIDADE - O interessante do estudo de Hauser, que prova que a moralidade está na humanidade independentemente da religião, é que parece o dilema do Homem-Aranha que tinha que decidir se deixaria Marie Jean morrer pra salvar o bonde das crianças ou vice-versa (o resultado no filme é diferente dos quadrinhos).
SE DEUS NÃO EXISTE, POR QUE SER BOM? - Aqui Dawkins utiliza um pouco do princípio humanista, em que o homem que é bom essencialmente não precisa de uma motivação além da sua própria consciência.
Também não apela ao fato de que há pouquíssimos ateus presos, correlacionando que, na verdade, como um ateu é mais culto, não tende moralmente ao crime; assim como um crente também.
Mas uma motivação religiosa e de consciência que “Deus tá olhando”, convenhamos, é mais fácil de tomar como prática na vida do que a simples moral do que é certo ou errado, ou pelo bem próprio da humanidade.
Vejo isso nos costumes ecológicos no Brasil, destacando regiões menos favorecidas. Uma pessoa joga lixo na rua com naturalidade, se interpelada diz que o que faz como indivíduo não faz diferença para o Meio Ambiente. A visão de um bem maior que motiva não há nesse caso, e é a mesma coisa com a religião, no meu ponto-de-vista isolado.
7) O Livro do “Bem” e o ZEITGEIST Moral Mutante
O capítulo é introduzido com a suspeita sobre seguir ou não a Bíblia.
O ANTIGO TESTAMENTO - Ao analisar histórias descritas no Antigo Testamento Dawkins demonstra como não poderíamos tirar da Bíblia os princípios morais, independente se aconteceu ou não os eventos. São histórias de guerras executadas em nome de Deus em prol dos israelitas, destacando assassinato de crianças e espólio sexual.
L. W. Crag assume essa situação, mas diz que os povos que recebiam tal juízo eram merecedores e tiveram séculos para se voltarem a Deus, mas não o fizeram. Quanto às crianças, são vítimas inocentes de uma guerra e terão o galardão da salvação eterna.
Agora, fica ao critério de cada um, o leitor opta pelo o que acha...
O NOVO TESTAMENTO É MELHOR? - Onde Dawkins desacredita na expiação dos pecados por Jesus, salientando os momentos onde diz que o pecado entrou no mundo por um homem que não existiu (Adão), expiados sadomasoquistamente por um outro que talvez também não tenha existido (Jesus). Também trata da promoção de abandono da família se alguém quiser segui-Lo.
Porém, Dawkins também exalta a teologia de Jesus, considerada progressista em relação ao Antigo Testamento e por muitos séculos. Dawkins até capta o sentido do Sábado reexplicado por Jesus.
Tais considerações devem ser tecidas realmente por Dawkins, já que ele não acredita em Deus, inclusive ou principalmente no Deus abraâmico; toda a teologia bíblica não faz sentido para ele.
Realmente, o triunfalismo humanista não combina com a história da redenção humana por Cristo. Nesse ponto cheguei até a pensar em abandonar a leitura desse livro, mas vou terminar. E estou orando por Dawkins
AMA O PRÓXIMO - Dawkins apresenta alguns exemplos e estudos sobre o mal que é feito em nome da religião, além da xenofobia e a homogamia religiosa. Sim, é uma triste realidade. Lembro Gandhi dizendo que, se os cristãos fizessem o que o Cristo ensinou, ele seria cristão.
Os casos de nacionalismo e interpretação dos mandamentos à luz dos judeus são discutíveis, afinal de contas Jesus falou para amarmos os nossos inimigos, e não só os judeus. Assim também Ele fala de ovelhas em outros apriscos, assim O vejo como inclusivista e, por último, o Evangelho aos gentios que, como citado por Dawkins foi inventado por Paulo; acho que ele não leu as profecias no Antigo Testamento sobre a salvação de não-judeus e a ordem de Jesus em levar o evangelho a todas as nações. Assim, não foi uma invenção de Paulo, ele apenas começou a colocar em prática no início do Cristianismo.
O ZEITGEIST MORAL - Aqui, brilhantemente Dawkins mostra que a religião não interfere no que é moralmente correto em uma época, e que há evolução do pensamento moral. Cita vários exemplos, como o racismo e a escravidão. Emocionante foi vê-lo citar a Libertação Animas de Peter Singer acontecendo no futuro.
E HITLER E STÁLIN? ELES NÃO ERAM ATEUS? - Pequeno estudo sobre o que deixaram esses ilustres cidadãos tão maus. Daw, cita que guerras são motivadas, inclusive, por razões religiosas, mas não há registro de ser pelo ateísmo.
É verdade, tá certo, mas ainda não consigo entender atrocidades atuais como da Coreia do Norte, Geórgia e Turcomenistão contra a religião.
“A mente do homem sábio está sempre aberta para receber o conhecimento, e seu ouvido aberto para ouvir novas ideias.” Provérbios 18:15.
8) O que a religião tem de má? Por que ser tão hostil?
Onde Dawkins se defende que só atua na seara das palavras, e não terá fisicamente nada contra argumentados contrários.
Nada mais do que sensato, meu caro Watson!
FUNDAMENTALISMO E A SUBVERSÃO DA CIÊNCIA - Cita os casos antagônicos de o professor de biologia e o Dr. Kurt Wise. Dawkins inicia a demonstração que a religião fundamentalista que é contra a ciência; por omissão acho que ele não vê a religião “amena” contra a ciência.
O LADO NEGRO DO ABSOLUTISMO - Sobre os dois Talibãs: o afegão muçulmano e o norte-americano cristão; faltou dizer que ambos gostam de um mesmo produto: petróleo.
Realmente, como há ainda penas de morte sobre quem muda de religião? É triste mesmo, aliás há muito por aqui no Brasil, por exemplo, de “penas de morte” morais, onde um ex-membro das Testemunhas de Jeová é denominado “dissociado” e é tratado pela família como se estivesse morto.
FÉ E HOMOSSEXUALIDADE - Dawkins cita alguns casos de preconceito religioso contra homossexuais. É verdade, isso beira na verdade o mal e não o bem forjado por tais mentes débeis.
Prefiro ficar com a declaração: “Deus ama o homossexual, mas odeia a homossexualidade.” Será que nós podemos agir assim? Só Cristo conseguiu?
A FÉ E A SANTIDADE DA VIDA HUMANA - Aqui não vou fazer comentários, porque Dawkins entra na esfera do aborto. É um assunto extremamente delicado, que nunca parei verdadeiramente para pensar sobre.
A GRANDE FALÁCIA BEETHOVEN - Sobre a lenda urbana de que, se há aborto há interrupção de uma vida sagrada. Bem, continuo sem falar sobre.
COMO A “MODERAÇÃO” NA FÉ ALIMENTA O FANATISMO - Dawkins argumenta que o extremismo em qualquer religião não é um desvio de caráter, mas sim a colocação em prática do que é pregado.
Ele prepara o campo para entrar na área infantil, onde ele trata que a religião fundamentalista é cultivada desde criança, proibindo-as de pensar.
9) Infância, abuso e a fuga da religião
Dawkins propositalmente se furtou de entrar em detalhes sobre os efeitos das Cruzadas, dos Conquistadores e da Inquisição espanhola, mas não pode deixar de narrar sobre o triste fato da Inquisição Italiana, em especial, do caso Edgardo Mortara.
Interessante ele frisar a cadeia de acontecimentos religiosos que vão escurecendo a vida dos envolvidos, em atos traumáticos ao longo dos anos.
ABUSO FÍSICO E MENTAL - Dawkins iguala a doutrinação de crianças ao abuso sexual, com sequelas talvez piores.
Interessante que leio esse capítulo justamente no dia que terminei de ler a Bíblia e, logicamente, o livro de Apocalipse. Sim, é verdade, neste último livro inclusive, há muito sobre o inferno. E até na versão que li (A Bíblia Viva) há algumas paráfrases feitas, o que induz a uma doutrina errada.
Talvez seja novidade para muitos, mas há alguns teólogos que corrigem a tradução do fogo eterno para o fogo de efeito eterno, devido ao verbo utilizado no grego ser o mesmo em hebraico quando, por exemplo, se diz que Sodoma e Gomorra foram destruídas com fogo eterno; ora, se formos onde geograficamente pode ter existido tais cidades, não há nada lá, só o deserto iraquiano. Ou seja, a destruição dessas cidades teve um efeito eterno, não existem e nem voltarão a existir.
Assim, nessa lógica, que também acompanha outra doutrina que não vamos nos estender aqui (da Imortalidade da Alma), no lago de fogo os ímpios serão destruídos para sempre, não ficarão fritando por lá para sempre. Assim também é outra questão, o lago de fogo (inferno) é prometido para Satanás e seus asseclas (anjos caídos), não para pessoas e muito mais crianças.
Nisso, a Bíblia diz que, sim, pessoas que optam deliberadamente pelo mal que serão exterminadas. Mas o que é isso?
Ora, agir mal é você agir contra o que sua consciência diz o que é certo ou errado, assim, ao contrário do que muitos querem e sorriem ao pensar em Dawkins ardendo no mármore do inferno, considerando a misericórdia de Deus e o Seu amor, e que Dawkins seja sincero no que prega, para surpresa de muitos ele poderá estar no Céu, e ainda ser Gerente de Biologia das criaturas a serem planejadas por Deus para outros mundos!
Enfim, o fim teologicamente correto para os hipócritas é o aniquilamento, a pessoa deixa de existir para sempre, é a mesma coisa, o mesmo sentimento, a mesma essência do que Dawkins prega: ao morrermos estamos aniquilados de qualquer maneira. Claro, com a diferença que os justos terão vida eterna.
EM DEFESA DAS CRIANÇAS - Onde Dawkins trata sobre o direito das crianças de terem alternativas de educação religiosa (considerando que a ciência pura é religião), mas nunca isso é ponderado, sacrificando o direito em prol da diversidade cultural ou da liberdade religiosa.
Gostei muito da frase de Dawkins “Agradeço aos meus pais por adotar a opinião de que o mais importante não é ensinar às crianças o que pensar, mas como pensar.” Daí, no futuro, elas que decidam sobre no que acreditar.
A Bíblia não se omite quanto ao doutrinamento infantil: Provérbios 22:6 e II Timóteo 2:15 por exemplo deixam claro isso. Se vocês quiserem, como pais, adotar um caminho ou outro que ache correto, isso é livre.
UM ESCÂNDALO EDUCACIONAL - Em que trata do ensino do Criacionismo e da Terra jovem em escolas.
Dawkins compara que a Evolução tem evidências e que a Bíblia não tem. Acho que, na verdade, as duas versões podem ser apresentadas aos alunos, pois há evidências para sustentar as duas (ou pelo menos, material e estudos dos dois lados), que podem ser apresentados aos estudantes, e eles optam pela razão e lógica o que mais os aprouver.
CONSCIENTIZAÇÃO DE NOVO - Sobre taxar uma criança como judia ou cristã, o correto é dizer crianças ou filhos de pais judeus ou cristãos. Ajuda até às crianças que há religiões diferentes, incompatíveis entre si, e, principalmente, que não há uma melhor que a outra.
Brilhante ideia; vou adotar!
EDUCAÇÃO RELIGIOSA COMO PARTE DA CULTURA LITERÁRIA - Uma pequena parte que Dawkins dá às Escrituras Sagradas (de qualquer religião) a importância literária e que devem fazer parte da educação de todos.
Ele só descarta que não precisamos acreditar no que não há evidência concreta nesses Escritos.
10) Uma lacuna muito necessária?
Dawkins diz que as áreas que a religião preenchia: explicação, exortação, consolo e inspiração são preenchidos hoje, respectivamente, com as ciências, o estado moral presente e o que ele propõe neste capítulo.
BINKER - Onde Dawkins prepara uma tese de que os “amiguinhos imaginários” de nossos ancestrais evoluíram para deuses, ou vice-versa. No fim, ele refuta tal tese dizendo que os dois se mantém desde os tempos remotos, como explicou no Capítulo 5 sobre a origem da religião.
CONSOLO - Dawkins trata na religião como consolo, principalmente ante a morte. Discorre como que as pessoas mais religiosas são as que mais temem a morte, por não acreditarem realmente num pós-vida ou pela transição dolorosa.
Dawkins trata sobre a doutrina do purgatório; bem, como sou protestante concordo com ele. No livro inteiro me deu uma sensação de que Dawkins considera o Catolicismo como menos evoluído do que o Protestantismo (mas isso é uma suposição minha, ele não fala nada disso, mas os exemplos de superstições na Igreja Católica são muitos no livro).
Mas como ele considera a doutrina sobre a morte e o pós-vida mais generalizada entre as religiões, ela certamente é contraditória. Mas se analisarmos a doutrina sobre a morte e a vida eterna como estudada / ensinada, por exemplo, pelos adventistas, se aproxima muito do que Dawkins prega, com a diferença que ele considera aniquilados os bons e os maus, indiferentemente.
Agora, o apego a essa vida não é o que a Bíblia prega e, inclusive, não nos termos anti-ecológicos que muitos cristãos fazem: destruir / usurpar / exaurir a Terra porque ela será destruída / transformada mesmo. Ao contrário, o respeito que tivermos aqui na Terra perante ela mesma, aos animais e às pessoas é um preâmbulo de um futuro mundo de justiça e paz.
INSPIRAÇÃO - Dawkins prepara-se para o final do livro,em que tentará mostrar como a ciência pode ocupar a lacuna deixada pela ausência de Deus. Bem, prefiro trocar por religião institucional...
A MÃE DE TODAS AS BURCAS -Dawkins encerra trazendo a Ciência como libertadora da restrita visão humana, alargando as fronteiras do conhecimento e nos preenchendo de deslumbramento.
Isso realmente é lindo!!!
Mas por que a Ciência não pode andar junto com Deus? Em muitos casos ela não anda com a Religião, mas e com Deus?
Não consigo tirar da cabeça a questão das Leis da Física e de outras Ciências. Se há Leis há um Legislador, e a Ciência pode ser um caminho escolhido para se religar a Deus (raiz da palavra “religião”), porque a Ciência estuda fenômenos e desmascara milagres, não seria uma maneira de conhecer a Deus, como Ele fez tudo?
Ainda não estudei a Evolução, o que farei em breve, se Deus quiser, mas a própria Evolução não poderia ser uma Lei de Deus para a Vida? Não no sentido ateu dela, da Macroevolução, mas pode ter uma Microevolução, que ajuda a vida a se adaptar a tempos e lugares.
“Ensina-me bom juízo e ciência, pois creio nos Teus mandamentos.” Salmo 119:66.
Minhas Percepções
Dawkins abriu uma porta de oportunidades literárias para mim, ainda mais cristã, como Bonhoeffer, Ravi Zacharias e Eugenie Scott.
O livro utiliza muito da Seleção Natural e da Evolução, o que fará que eu estude sobre o assunto. Assim, não mevejo preparado para discutir Criacionismo x Evolucionismo, pois há evidências para os dois lados, ao contrário do que Dawkins diz.
Você pode sim, ser um brilhante cientista e acreditar em Deus pessoal e criador. A despeito de Dawkins comparar o estudo de religiões com “fadologia”, acho que há muito material apologético e de estudo cristão do que de quem acredita em fadas, então há material suficiente para se estudar e tirar suas próprias conclusões.
A Bíblia não descarta que a fé “é a convicção segura de que alguma coisa que nós queremos vai acontecer. É a certeza de que o que nós esperamos está nos aguardando, ainda que o não possamos ver adiante de nós.” Hebreus 11:1. A Ciência aumenta a minha fé, ao desvendar o indesvendável, mas que está aí para descobrirmos.
Para mim, inclusive, é preciso ter muito mais fé em acreditar que somos fruto de uma probabilidade na casa dos bilhões dos bilhões de acontecer, do que simplesmente acreditar que fomos criados por Deus.
A tal “mão invisível” que Dawkins gosta de utilizar para explicar um acontecimento probabilístico na Seleção Natural, não poderia ser a Mão de Deus?
Enfim, tudo é acreditar ou não, a decisão está no seu coração. Ouça e estude os dois lados, a sua razão e o seu coração terão a resposta!
“Entretanto o povo de Bereia tinha a mente mais aberta do que o de Tessalônica, de modo que ouviram com mais interesse a mensagem. E investigavam dia a dia as Escrituras, para conferir as declarações de Paulo e Silas, a fim de ver se realmente elas eram assim.” Atos 17:11.
“...mas ponham à prova tudo o que for dito, para terem a certeza de que é verdade, e se for, então aceitem.” I Tessalonicenses 5:21.
“Um pouco de Ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima.” Louis Pasteur.