Naty 02/08/2010www.meninadabahia.com.brOh, que teia emaranhada tecemos quando decidimos engendrar mentiras!
Sir Walter Scott
Megan Smith, jornalista formada em Yale, terceira universidade mais antiga dos Estados Unidos e à qual formou alguns dos presidentes americanos, como Bill Clinton e George W. Bush, trabalha numa revista de fofoca. Nada deu certo, desde à formatura. E como se nada mais pudesse piorar, seu prédio pega fogo, ela perde toda a mobília e roupas e ainda é demitida.
No fundo do poço e sem poder sentir autocomiseração consegue emprego, graças à antiga chefa. Não é o emprego dos seus sonhos, mas ao menos é salário é indecentemente alto e não terá despesas extras, já que morará no trabalho.
Seu emprego consiste em ser tutora de duas milionárias adolescentes com o cérebro do tamanho de uma azeitona. As gêmeas Sage e Rose são terrivelmente lindas e igualmente maldosas. Possuem je ne sais quoi. Como ela conseguiria fazer as duas passarem numa renomada universidade, se a única coisa na qual elas se preocupavam eram: qual a roupa da próxima festa?
O sonho de Megan era escrever numa revista de prestígio e se ser tutora possibilitasse isso, que o desafio começasse. Não era nada fácil, convivendo em meio aos ricos e famosos, ela precisava dar uma de atriz para interpretar seu papel com perfeição e conseguir se salvar nessa selva urbana.
Mas aí vem o destino e a faz se apaixonar pelo impossível. Ela realmente gostava das duas megeras e acreditava no potencial delas. Ela gostava de dirigir Ferrari, de se depilar, vestir Vera Wang, Versace... É, é duro se apaixonar pelas pessoas com a qual se pensava detestar e pelo estilo de vida que repudiava.
- Olhe para você. - Ele fez um gesto na minha direção.
Olhei para baixo e depois de volta para ele.
- O cabelo, a maquiagem, as roupas - listou ele. - Megan, você se transformou num clone delas.
- Isso é ridículo.
- Não, faz todo sentido se você parar para pensar - retrucou ele, confiante. - É a Síndrome de Estocolmo, quando o refém se identifica com seus sequestradores. No seu caso, é a Síndrome de Palm Beach, quando o autor se identifica com seus personagens.
Em francês, como bem lembra a autora no livro, a palavra débrouillard é o maior dos elogios que alguém pode fazer. As patricinhas, de Zoey Dean (Bertrand Brasil, 294 páginas, R$ 39,00) é débrouillard. Não é apenas um livro sobre patricinhas e seu mundinho cor de rosa, ou sobre os escândalos por detrás dos bastidores. É um livro, que mostra de maneira super engraçada, que nem sempre o dinheiro compra tudo e que apenas ele não basta para ser feliz. E, como extra, Dean ainda nos oferece um delicado triângulo amoroso. Recomendo.
As Patricinhas originou a série televisiva Privileged, protagonizada por Ashley Newbrough, Joanna Garcia e Lucy Hale, mas foi cancelada após a primeira temporada. O livro e o seriado são bem distintos. A Megan do seriado é meio esnobe e a relação entre ela e a irmã no livro é de complacência, enquanto no seriado é de amor e ódio. Mais ódio do que amor. Nem prefiro dizer qual a minha predileção. 100 % o livro.
P.S.: Quando verem o livro nas livrarias vão se admirar. A capa da internet não faz jus ao vivo e a cores. A capa é sensacional, lembra um vestido drapeado de cetim. E sim, a capa é cintilante, tanto na fronte quanto no verso.