kaká 18/01/2022
Incrível
Como Purgatório é o segundo livro da trilogia, para mim é impossível resenha-lo sem fazer comparações com o primeiro volume, Inferno. Em suma, devo dizer que a obra me surpreendeu positivamente.
Por mais que o início não seja tão instigante quanto o de Inferno, eu achei a narrativa muito mais fluída. Ao contrário do que ocorre no primeiro livro, onde os círculos do inferno parecem estar desbalanceados em proporção de narrativa, já que alguns levam apenas um canto para serem descritos e outros ocupam metade do livro, Purgatório não tem esse problema: não há nenhum compartimento (divisão do purgatório) que seja demasiadamente longo.
Entretanto, o livro continua com uma linguagem difícil, o que é compreensível considerando a época no qual foi escrito. Talvez por estar mais acostumado com tal linguagem, percebi mais as características únicas de cada personagem, como a personalidade destes. O livro também é um convite para diversas reflexões, a minha preferida envolve Virgílio, no caso o fato dele, por ser pagão, não poder entrar no paraíso. Por mais que essa questão já seja levantada em Inferno, eu pensei mais nela durante a leitura da segunda obra, provavelmente pela barragem dele aos céus se aproximar.
Além disso, também gostei da relação de Dante com Beatriz sendo desenvolvida, mesmo ela não estando presente na maior parte do livro. Em determinados momentos é mostrado o amor que o protagonista nutre pela amada e o que ele faria (e faz) por ela.
Entretanto, alguns cantos deixam de ser interessantes quando você não sabe muito sobre o contexto histórico, como foi o meu caso. Você até consegue entender o que está acontecendo na cena, mas muitas vezes personalidades históricas aparecem, em sua maioria apenas aparições rápidas que não duram mais de um canto, porém deixariam a narrativa muito mais interessante se você já conhecesse essas pessoas. Não tira a magia da narrativa, contudo.
Em suma, é um ótimo livro com mais um final simplesmente épico. Considero ele melhor do que Inferno, inclusive.