Jordi 25/04/2022
Purgatório de Dante
O Purgatório é o segundo livro da Divina Comédia, o mesmo é descrito por 33 cantos, onde Dante narra o encontro com as almas que estão expiando seus pecados, a fim de serem dignas de ir ao paraíso. O Purgatório é uma montanha dividida em sete compartimentos que são os pecados capitais, orgulho, inveja, ira, preguiça, avareza, gula e luxúria. Vale mencionar que antes desses compartimentos tem o ante-purgatório que é onde ficam as almas que se arrependeram tardiamente e após o último compartimento tem o paraíso terrestre que é o jardim do Éden.
O livro segue a mesma narrativa do primeiro, com uma linguagem complexa que exige leituras de apoio, como também nos é apresentado falas com alegorias, personagens históricos, criaturas mitológicas e afins. Durante a leitura pude notar que esta segunda parte é a que mais explica toda a obra; encontramos nela explicações sobre como as almas têm formas corpóreas, explicação sobre o amor; e a principal explicação - para mim - o porquê de Dante está fazendo essa jornada.
No compartimento dos preguiçosos Virgílio diz que: o amor é o princípio de todas as virtudes e de todos os vícios; e no decorrer do canto ele explica tal afirmação. Com isso, se analisarmos que a montanha é dividida geograficamente em baixo, médio e alto purgatório e que o amor está ligado a todas essas, podemos constatar que esse livro é sobre o amor; mas não somente o amor de Dante para Beatriz, mas sobre todos os amores, sobre aqueles que o perverteram, aqueles que amaram em excesso, os que não souberam amar e o amor ideal também. É incrível a genialidade do poeta ao descrever este segundo livro, uma vez que na época em que foi escrito ainda não se tinha uma concepção tão bem formada sobre o purgatório. Acredito que diferente do inferno e do paraíso Dante foi bem mais criativo aqui, pois teve que criar muitas coisas, e convenhamos, que criatividade singular, com rigor poético impecável.
Além disso, é perceptível neste segundo livro da Divina Comédia um Dante mais corajoso e mais independente, mas ainda assim, respeitoso para com o seu mestre, que é chamado de pai por ele muitas vezes. Ademais, o crescimento do poeta durante essa jornada é muito importante para quando o mesmo se encontrar com sua amada; então, quando chega o momento de Virgílio se despedir é uma passagem muito linda e especial, pois ali vemos que o aluno superou o mestre.
Se aqui me permite, querido leitor, os meus cantos favoritos são os que falam sobre o amor Canto XVII e XVIII e quando Dante chega ao paraíso terrestre Canto XXVIII em diante, que particularmente eu acho o lugar mais doloroso que Dante esteve neste livro, pois requer certa coragem para estar de frente com seus pecados - falo aqui metaforicamente - e para sentir a dor do tamanho da sua vergonha, culpa e arrependimento. É muito lindo chegar ao último canto e ver como ele lavou seus pecados e finalmente vai poder ir para o paraíso.
Enfim, Dante foi genial, perspicaz, e julgo dizer audacioso, foi tudo isso que o levou ao exílio, mas também foi tudo isso que o fez ser quem o era. Dito isso, espero que você tenha se animado para ler essa obra ou para continuar a leitura. A divina comédia é fascinante e ao finalizar cada livro percebemos a sua magnitude.
Boa leitura!