Kennia Santos | @LendoDePijamas 01/11/2020Desabafo de uma fã que costumava enaltecer cada obra da Colleen Hoover. Título: Se Não Fosse Você | Autora: Colleen Hoover | Classificação: 3/5
Morgan Grant engravidou muito cedo, aos dezessete anos. Desde então, qualquer plano que tinha para si mesmo e para seu futuro foi colocado de lado. Ela decidiu que jamais negligenciaria a filha como foi feito com ela, e daria o seu melhor, todo o carinho e dedicação à sua filha e seu marido, Chris.
“Não entendo como meu corpo pode estar cheio de tudo que nos preenche -ossos e músculos e sangue e órgãos-, e, ainda assim, meu peito parecer oco, como se pudesse ecoar caso alguém gritasse na minha boca.” (p.7)
Já Clara, no auge da sua adolescência, aos dezesseis anos, acha a mãe completamente previsível – algo que ela jamais quis para si mesma. Seu sonho é ir para a faculdade e estudar teatro, um sonho que seus pais não apoiam, pois pra eles o melhor caminho é que a garota siga uma carreira estável.
Ambas possuem personalidades completamente diferentes e com pensamentos e valores divergentes, o convívio das duas parece ir cada vez mais água abaixo, uma vez que não há diálogos e elas mal passam tempo juntas. Chris parece ser o único capaz de criar um equilíbrio ali na casa, uma vez que é o porto seguro de Morgan e Clara.
“Tenho orgulho do meu marido e da minha filha, mas, quando olho para mim e minha vida, vejo que ela se separa deles, há muito pouco do que se orgulhar. Sinto como se estivesse cheia de potencial desperdiçado. Às vezes, meu peito parece oco, como se eu tivesse passado a vida sem encontrar nada importante o suficiente para preenche-lo.” (p.62)
Mas algo trágico acontece que muda a realidade de ambas, e movidas pela dor, mãe e filha parecem se distanciar ainda mais. Morgan precisa se reconstruir com essa nova realidade e tomar decisões sérias para o futuro das duas, e Clara se torna cada vez mais rebelde e revoltada com tudo.
“Essa semana provou para mim que nem todas as tempestades melhoram. Às vezes, os danos são catastróficos demais para serem consertados.” (p.90)
Uma sequência de mal-entendidos se desenrola com o passar do tempo, resultado da falta de comunicação entre as duas. E a distância fica cada vez maior -mais segredos, lágrimas e rebeldias.
Será o fim da linha para Morgan e Clara? Como começar a consertar algo que você não sabe onde errou?
Em “Se Não Fosse Você”, Colleen Hoover vem mais uma vez com suas histórias impactantes e dramas que costumavam me encantar..., mas hoje, não mais.
Conseguimos perceber que nos últimos livros da autora ela mudou seu segmento de escrita, uma vez que antes costumava escrever romances com drama, hoje ela aborda temas um tanto sensíveis que precisam ser tratados com muita delicadeza e sabedoria para serem devidamente contextualizados. E eu sinto que a Colleen não faz isso.
Desde “É assim que acaba”, sinto que ela quer abordar tantas coisas importantes, mas não tem o mínimo de know how pra isso, não mesmo. Então acaba ficando um monte de coisa importante jogada ao ar sem a contextualização e abordagem adequadas. O mesmo com: As mil partes do meu coração, Todas as duas imperfeições e agora, Se não fosse você.
Aqui vão os motivos:
1) A BASE DE CONTEXTO PARA TODOS OS FATOS OCORREREM É HORRÍVEL E EXTREMAMENTE MAL DESENVOLVIDA. SÉRIO.
Minha nossa senhora da bicicletinha, eu demorei uns 4 dias pra passar do primeiro terço do livro só por causa disso. Achei tudo tão tão horrível e injusto, e isso realmente mexeu com meu psicológico e precisei dar uma segurada na leitura, com o intuito de que não fosse estragar toda minha experiência. Achei pouco explorado, como se a CoHo dissesse: É ISSO QUE ACONTECEU E ACABOU, ACEITA. E não acho isso correto. Não quando se trata de algo tão grave e importante para a história.
2) O LIVRO NÃO ANDA
É muita descrição dos dias corridos, muuuuuuita enrolação e as coisas não engatam nunca. Sempre é Morgan e Clara tirando suas próprias conclusões e sofrendo sozinhas, mas a história não anda, não se desenvolve. Me senti presa com um monte de descrição de sentimentos e tristezas, mas nada mostrava um avanço.
3) DEPOIS DA ENROLAÇÃO, VEM O DESFECHO MILAGROSO
Quando chega na reta final da história, mais precisamente nas últimas 50 páginas, todo o drama que parecia sem fim, encontra milagrosamente uma solução. De repente todo mundo encontra uma saída, todo mundo fica maduro e consciente e é isso. Tipo assim, um livro TODO de agonia e rebeldia e revolta, pra maturidade surgir do dia pra noite???
A história me deixou frustrada de várias formas, e enfatizo aqui que o fato principal, que desencadeia a trama, me incomodou a ponto de estragar grande parte da leitura pra mim e atrapalhar eu ter um senso melhor sobre cada personagem.
Como li com uma amiga psicóloga, ela conseguiu me mostrar de forma muito mais clara e sensata tudo que ocorreu e ainda olhando com mais sensibilidade para algumas coisas, a leitura não foi impressionante pra mim, apenas mais do mesmo.
Sinto falta da Colleen Hoover que tinha um poder de transformar o clichê em extraordinário, um drama em algo de tirar o fôlego... hoje só vejo histórias com grande potencial não sendo devidamente desenvolvidas, e isso me chateia muito.
Talvez quem ler e for mãe tenha uma percepção diferente e melhor do livro, mas do meu ponto de vista, o livro foi isso. Não me impactou em nada, não me emocionou em nada. Eu passei muita raiva e achei tudo injusto, e essas coisas não funcionam pra mim.
Os personagens secundários têm mais minha afinidade que os principais, como Miller e Lexie. Mas o Vovô é o MELHOR PERSONAGEM DO LIVRO E ESSAS TRÊS ESTRELAS SÃO PRA ELE!
Enfim, gente. Se você assim como eu já foi um grande admirador da autora e tem expectativa de que nesse livro algo melhora, sou bem clara: NÃO MELHORA. Mas não perca suas esperanças, assim como eu não perdi.
Logo vem o “Talvez Agora” e AI DA COLLEEN SE ELA ESTRAGAR A SEQUÊNCIA DO MEU LIVRO FAVORITO DE TODOS. Grande abraço, passar bem =)