Bianca Costa 09/03/2021
Misterio e envolvente
O conto já inicia com a mocinha Alys adentrando aquela floresta que todos lhe diziam para não ir, porque quem ali entrava, nunca mais voltava, mas a garota nunca levou a sério tais recomendações, sempre encarando como uma conversa sem sentido de gente supersticiosa. E assim ela vai, munida apenas com suas botas de couro gastas e um manto de tecido azul jogado sobre os ombros para protegê-la do frio, adentra a floresta e inda está no meio dela depois de horas de caminhada, distraída pelos barulhos que seus passos fazem sobre a grama ou galhos secos, enquanto era acompanhada por olhos curiosos dos animais que ali viviam.
Andava descontraída a ermo e não percebeu o tempo passar, o sol de repente se fora, dando lugar a nuvens densas e um frio enregelante de cortar os ossos começou a soprar forte, impelindo-a a seguir mais e mais para dentro daquela floresta que parecia não levar a lugar nenhum. Estava perdida, com muito frio e com fome.
Em outro canto daquela mesma floresta, uma figura misteriosa, imponente e obscura surge no cenário, Merik, uma pessoa que guarda muito bem suas origens e intenções sob uma máscara de impassividade, que impedia qualquer um de lê-lo, sobretudo para um vampiro como Arsene - podemos encará-lo como uma espécie de amigo, não fica claro no enredo, exceto que eles se conhecem há muito tempo -, o qual fica incomodado com tal habilidade. Merik sente no ar o perfume de Alys e vai ao seu encontro e, a despeito de todos os alertas que a moça sente, ela o acompanha com a promessa de levá-la de volta ao seu vilarejo no dia seguinte. Contudo, uma vez em seu poder, Merik começa a seduzi-la e envolvê-la em seu mistério, penetrando em seus sonhos, provocando-a a ponto de a garota esquecer-se que precisa voltar para casa e ansiá-lo cada vez mais. Enfim, ela se entrega aos encantos irresistíveis de Merik.
A todo o instante paira no ar uma aura de mistério, de segredo, de algo obscuro e perigoso, referindo-se à mansão e ao seu senhor, Merik. Em momento algum é revelado sua origem, suas motivações e, principalmente, o seu propósito. Merik desempenha bem o seu papel de sedutor, mantendo Alys (e também a nós, leitores) enredada em sua aura de mistério, lascívia e sedução, influenciando seus pensmentos e desejos. O tempo todo nos perguntamos “quem é esse homem?”, “o que ele deseja?”, o que só descobrimos quando já é tarde demais.
Mesmo sendo um conto curto, nossa curiosidade é acendida a todo o momento e nos pegamos pensando em todas os personagens citados na obra, querendo conhecê-los e entender suas motivações para, só então, decidirmos quem são os mocinhos e quem são os vilões. É uma leitura rápida, fluida e que nos prende até o desfecho com seu mundo de pessoas estranhas e envolto em mistérios seculares. A autora soube levar-nos com sutileza e envolvimento pela história, prendendo-nos no clima denso que emana dessas poucas páginas e deixando um gosto de “quero mais” e a certeza de que muita coisa ainda virá dessa floresta mística com os próximos lançamentos. Já estou ansiosa!!