Lurdes 24/12/2023
"Não existe amor em La Matosa."
Temporada de Furacões é uma narrativa crua, com todos os gatilhos presentes: misoginia, homofobia, abuso, violência doméstica, e por aí vai.
Uma escrita, também dura.
Cada capítulo é escrito em um único parágrafo. É isto mesmo. O livro é composto por 8 capítulos, condensados em 8 parágrafos, que podem ter mais de 50 páginas.
E, com tanta dureza, ainda assim é um livro tocante, bom demais.
Não sentimos o peso dos longos parágrafos porque nem temos tempo para pensar nisto (Só me dei conta do detalhe quando já estava no meio do livro, juro).
Somos jogados no olho do furacão e vamos, sem tempo de olhar pra trás, assim como os personagens que vivem na pequena, trágica e fictícia La Matosa, no interior do México, que foi recentemente assolada por um furacão que enterrou 2/3 da pequena população.
Sobre seus mortos a vida vai sendo retomada, novos habitantes chegam e a vida segue.
Até que um dia um corpo já em putrefação é encontrado por alguns meninos.
É o corpo da Bruxa, figura tão misteriosa quanto conhecida no lugar.
Sua mãe já era conhecida como Bruxa, por ser conhecedora de ervas, poções para todos os fins e, embora desprezada e temida, era frequentemente procurada com pedidos de ajuda.
Após sua morte, a menina Bruxa assume seu lugar, pois havia aprendido todos os segredos com sua mãe.
Da Bruxa só conhecemos pelos relatos de terceiros, pois a ela não é dado o espaço de fala. Criada quase como um bicho, sem o carinho de mãe, sem nem um nome, vive ajudando, principalmente as mulheres do local. Dela se diz, ainda, que possui um tesouro escondido, cobiçado por muitos.
Saberemos mais dela, mas não darei spoiler.
Yesenia, Chabela, Luismi, Munra, Brando são alguns dos personagens que iremos conhecer e que estavam direta ou indiretamente ligados à Bruxa. E, claro, Norma, tão frágil e ao mesmo tempo tão forte.
Todos tão desesperançados.
Tão solitários em suas dores.
Um soco no estômago, sem concessões.
Um livraço para estômagos fortes.
Recomendo muito