Temporada de furacões

Temporada de furacões Fernanda Melchor




Resenhas - Temporada de Furacões


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Carla Verçoza 21/01/2021

Primeiro livro entregue pelo clube literário Tortilla, um livraço da mexicana Fernanda Melchor.
O êxito que o livro vem alcançando é justificado, com sua estrutura frenética (cada parágrafo dura um capítulo inteiro) e escrita sem filtros, honesta.
A ideia partiu de um acontecimento real, um assassinato de um bruxo em um vilarejo do México. Desse ponto, a autora cria personagens que estão ligados ao caso de alguma maneira, que vão narrando o acontecimento de seus pontos de vista. Daí, a meu ver, vem o grande mérito do livro, a autora entrega personagens extremamente humanos, com seus defeitos e nuances, que se tornam críveis. A ambientação na pequena vila do interior, poderia muito bem representar alguma cidadezinha do brasil, afastada do mundo, com suas misérias e sem lei, inundada de homofobia, machismo, superstições e crendices, além de abusos de todos os tipos.
Leitura de fôlego, impressionante, cada capítulo e cada personagem entrega algumas peças que vão construindo e interligando a história. Muito massa, espero que seja lido por muitas pessoas.
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bardo 05/08/2023

Já faz algum tempo que quero ler esse Temporada de Furacões da Fernanda Melchor, tempo suficiente para não me recordar o que me despertou o interesse nele, mas o que posso dizer é que o hype em torno do livro é merecido. Porém, não é um livro para todos os leitores e todos os momentos.
Chama a atenção a capacidade da autora em não dar trégua ao leitor; a admitida influência de Gabriel García Marques é bem evidente, mas pense num Gabo muito mais amargurado, sombrio e impiedoso. A melhor imagem para descrever o ritmo desse livro é a autora arrastando o leitor pelo pescoço gritando: Olhe! Veja!
Existe um tom de denúncia, um quê jornalistico na narrativa, que mescla a “bela” escrita com o mais absoluto horror. A crueza e a violência com que Fernanda descreve os ocorridos; sem poupar detalhes quer sejam eles internos ou externos, é numa palavra sufocante. Apesar da narrativa arrastar o leitor consigo, o mesmo leitor se vê obrigado a parar para respirar, tal o mal-estar que algumas cenas provocam.
É preciso dizer ainda que a autora não higieniza seus personagens: machismo e homofobia grassam aqui, o que só reforça o tom de denúncia do texto. Não dá para dizer que seja um livro agradável, mas certamente é uma autora para se conhecer um pouco melhor.
Leitores sensíveis provavelmente terão problemas com essa leitura, é preciso estômago, se enquanto a autora olha para os sofrimentos femininos o texto é brutal, quando dirige seu olhar para as entranhas dos homens, descortina-se o próprio inferno. Surpreendentemente o final é de uma beleza melancólica que termina de destroçar o leitor.
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@Marverosa 26/11/2021

Livro furacão
Procure um ponto parágrafo. São poucos
Escrita intensa, mas Fantástica. Desde léxica até trama e críticas
Tem cenas fortes, muito envolvimento dos personagens e um tom pessimista - não é uma leitura fácil. Mas é muito bem escrito
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Dri 24/12/2022

Uma surpresa
Comecei a leitura imaginando que seria uma história de investigação, uma coisa meio Sherlock, mas errei. Apesar de girar em torno da morte da Bruxa, o livro conta a história de gente. De muita gente. Conta a história da violência, do preconceito e da humanidade, nas suas formas mais cruas e desprezíveis. Só tirei meia estrela porque acho que seria legal avisar com mais ênfase que o livro vai trazer (de forma muito descritiva) muitas cenas de violência dos mais diversos tipos.
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Denize18 01/06/2023

? Um retrato atroz de uma cidadezinha no Mexico, de seus terrores, superstições, misoginia e homofobia??
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Iolanda 15/06/2023

O livro nos apresenta, logo no início, um corpo encontrado por crianças em um canal. A partir dessa descoberta, somos apresentados a moradores de uma comunidade chamada "La Matosa".
Dividido em capítulos, acompanhamos os desdobramentos deste assassinato a partir de alguns personagens.
A escrita de Fernanda Melchor é intensa e o texto não apresenta parágrafos. Não há respiro e isso deixa a leitura por vezes, cansativa. Mas não é um impedimento para a compreensão da história. Ao contrário, a cada capítulo vamos conhecendo melhor La Matosa e como vivem seus moradores. A partir desse entendimento, compreendemos algumas escolhas de seus personagens.
Todas as histórias são marcadas pela falta de dinheiro e de perspectivas. Algumas histórias são muito difíceis de ler.
É uma leitura que exige concentração.
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Lurdes 24/12/2023

"Não existe amor em La Matosa."

Temporada de Furacões é uma narrativa crua, com todos os gatilhos presentes: misoginia, homofobia, abuso, violência doméstica, e por aí vai.
Uma escrita, também dura.
Cada capítulo é escrito em um único parágrafo. É isto mesmo. O livro é composto por 8 capítulos, condensados em 8 parágrafos, que podem ter mais de 50 páginas.

E, com tanta dureza, ainda assim é um livro tocante, bom demais.

Não sentimos o peso dos longos parágrafos porque nem temos tempo para pensar nisto (Só me dei conta do detalhe quando já estava no meio do livro, juro).
Somos jogados no olho do furacão e vamos, sem tempo de olhar pra trás, assim como os personagens que vivem na pequena, trágica e fictícia La Matosa, no interior do México, que foi recentemente assolada por um furacão que enterrou 2/3 da pequena população.
Sobre seus mortos a vida vai sendo retomada, novos habitantes chegam e a vida segue.
Até que um dia um corpo já em putrefação é encontrado por alguns meninos.
É o corpo da Bruxa, figura tão misteriosa quanto conhecida no lugar.
Sua mãe já era conhecida como Bruxa, por ser conhecedora de ervas, poções para todos os fins e, embora desprezada e temida, era frequentemente procurada com pedidos de ajuda.
Após sua morte, a menina Bruxa assume seu lugar, pois havia aprendido todos os segredos com sua mãe.
Da Bruxa só conhecemos pelos relatos de terceiros, pois a ela não é dado o espaço de fala. Criada quase como um bicho, sem o carinho de mãe, sem nem um nome, vive ajudando, principalmente as mulheres do local. Dela se diz, ainda, que possui um tesouro escondido, cobiçado por muitos.
Saberemos mais dela, mas não darei spoiler.
Yesenia, Chabela, Luismi, Munra, Brando são alguns dos personagens que iremos conhecer e que estavam direta ou indiretamente ligados à Bruxa. E, claro, Norma, tão frágil e ao mesmo tempo tão forte.
Todos tão desesperançados.
Tão solitários em suas dores.

Um soco no estômago, sem concessões.
Um livraço para estômagos fortes.
Recomendo muito
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lacklusterstarchild 31/12/2023

O Verdadeiro Horror de Ser Latino-Americano
O brilhantismo de Fernanda Melchor floresce em meio aos canaviais e o sol impiedoso de La Matosa, pedaço de terra e de gente esquecida pelo resto do mundo, pelos oito capítulos mais atordoantes que já li, um testemunho da desgraça alheia que é nossa, e o que torna esse romace assombração não é a perpétua condenação das mulheres entre si ou as cenas gráficas do fatídico assassinato ou sentir o desfazer dos personagens na palma de nossas mãos pela falta de dinheiro, pela vergonha, pelo ódio, pelas drogas, pela faca, pelo abandono, pelos punhos, pela culpa, pela ostrisização, pelo abuso, pela ignorância mas, o que torna o horror latente, é a compreensão visceral de que por traz (senão pela frente) de toda cidade latino-americana existe La Matosa e que essa desgraça nunca foi alheia, essa desgraça toda é nossa e por traz de toda garganta colonizada guarda um grito igual a voz deste livro: atroz e sanguinária.
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tavim 30/03/2024

Temporada de Furacões, de Fernanda Melchor
Vai-se, com certas vidas, um arrastão de feridas; às suas causas, um só sopro segue a ganhar corpo quando ao toque, no mal ali exposto, revela o pior de todo um povo. é furacão quando se percebe, e dentro dele se vê a si mesmo: um ser cruel na sua sucessão de derivados --- o que destrói é humano, o que morre é humano, o que chora é humano, o que dá vida é humano. nessa narrativa circular de contar as coisas, o sofrimento não tem fim porque é na dor que nasce a humanidade. e, por sorte, se tira dela um naco de amor.

como numa forte corrente de ar, as páginas de temporada de furacões vão te empurrando pra descobrir como acaba uma história que, por certo, já se deduz não ter fim porque a história continua com você; a marca é profunda. não dá pra delimitar até onde pode chegar a literatura se não é possível demarcar também a extremidade da indiferença. talvez por isso a história de fernanda melchor é tão crua e verdadeira, está aqui tão próxima que desfoca a vista e mal compreendemos para o quê estamos olhando.

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