Sobre a terra somos belos por um instante

Sobre a terra somos belos por um instante Ocean Vuong




Resenhas - Sobre a Terra Somos Belos por um Instante


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Saturnotemanéis 12/12/2023

É extremamente pessoal, quanto mais eu lia, mais me sentia íntimo do narrador. É como sentar e conversar sobre a vida inteira com ele, cada dor, cada ferida, seus melhores momentos e principalmente o amor e admiração pelas mulheres de sua vida, que deram tudo de si para que ele pudesse ter um futuro melhor.
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Beatriz177 05/05/2022

POÉTICO, SENSÍVEL E DOLOROSO
"Quando os bezerros são finalmente abatidos, a entrega de suas vísceras é seu último ato, os intestinos chocados com a súbita velocidade dos finais."

Me dói um pouco não conseguir avaliar esse livro com cinco estrelas, mas, assim como um remédio amargo, é preciso admitir: a partir do capítulo dois, o autor parece ter-se perdido do objetivo confessionário com o qual o relato de Cachorrinho se introduziu, embarcando para explorar as profundezas de uma relação amorosa que, de forma alguma, poderia ser descartada na hora de contar a história do personagem principal, mas que não nos permite enxergar bem qual é a relação daquele namoro com a tentativa do principal de alcançar (ou afastar) a sua mãe. Só por isso, pela súbita mudança de foco da história que escapa do que me deixou mais animada sobre ela, que eu tirei uma estrela da minha avaliação geral dele. Apesar disso, não posso dizer que gostaria que muitas coisas nele fossem diferentes; pelo contrário, o que o Ocean Vuong fez nesse livro ultrapassa as barreiras da imaginação e, de tão bem construído, te faz sentir por todo corpo a brutalidade de cada micro-agressão e violência pela qual o Cachorrinho passou e as quais ele teve que suportar. Esse é um livro que, assim como I'll be Right There (até mais que esse outro livro, na verdade), me fez ter uma visão diferente do que é a escrita, do que é um relato de vida.

Ainda que numa posição histórica e cultural diferente, além de viver uma realidade inegavelmente distinta, o estilo narrativo de Vuong e a maneira livre como ele faz uso de metáforas faz com que seja possível sentirmos em nosso corpo a devastação que a falsa paz pode trazer para a vida de um imigrante como ele ? cuja humanidade, dele e de sua família, foi tantas vezes dissolvida na sua origem pelos homens brancos ? e para a de sobreviventes de uma guerra tida como uma das mais violentas da história, ainda que a verdadeira dimensão dessas dores se guardem exclusivamente na mente e corpo daqueles que, de fato, vivenciaram essa sequência de eventos caóticos.

Não acho que poderia abrangir a ampla sensibilidade desse livro em uma resenha curta aqui no skoob porque questões como identidade e laços familiares turbulentos nunca foram algo suscinto e simples de se falar sobre e quando se trata do Cachorrinho, então, cuja criação girou em torno de uma mãe traumatizada e uma avó esquizofrênica tentando torná-lo tão apto à sobrevivência quanto elas através dos mesmos meios tortuosos pelos quais foram ensinadas (e que são os únicos que elas conheceram), essa discussão é ainda maior ? e, provavelmente, algo que só pode ser compreendido através do próprio livro.

Durante a narrativa da história existem muitas nuaces, significados resguardados nas entrelinhas e cenários precisos que custam palavras precisas, palavras específicas, e cada uma delas penetra nosso pensamento e nosso sentimento de maneira que, uma vez lidas aquelas prosas ? porque o livro do Voung é, realmente, quase isso ?, não é mais possível esquecê-las. Podemos ser, até, enganados pela tom, pela essência dolorosa e agressiva de algumas ocorrências, mas Sobre A Terra Somos Belos Por Um Instante é puramente isso: pessoas tentando sobreviver e, antes de si mesmas, tentando com a vida fazer com que os seus amados vivam ? que eles aprendam a sobreviver para que suas almas encontrem nisso, de alguma forma, paz.

Esse livro é, como a citação no início dessa resenha, isso: as vísceras reviradas de pessoas castigadas pela ganância e pelo ego de homens brancos que não enxergam mais do que os próprios lucros; os galhos de uma árvore extensa, as teias de aranha que entranharam todas as pessoas dentro da sua área de alcance e continuaram a persegui-las por meio de assombrações, miragens, animais empalhados ou componentes morfossintáticos.

E nenhum deles escapou dessas assombrações: nem os mais velhos, Rose e Lin, nem os mais novos, Trevor e Cachorrinho ? tendo um cedido aos intermédios de vícios nocivos e, o outro, se perdido em nomenclaturas vencidas, em partes de si que não puderam encontrar terreno firme para se fixar numa origem instável, que se reiniciou, e repetiu o ciclo, sem lhe permitir um espaço fixo. Como se ele fosse os escombros daquela guerra, mesmo não o sendo ? mas que todos naquele país estrangeiro tentaram fazê-lo acreditar ser por um longo tempo.

Eu admito que, de primeira, as idas e vindas temporais na narrativa tornaram a leitura difícil para mim ? cheguei até a desistir de ler 1 vez pela confusão com a qual me deparei logo no prólogo, apesar da beleza da estrutura textual?, mas essas mudanças de cenário se tornam mais sutis e compreensíveis após o prólogo e, depois, passam a contribuir para uma imersão maior nos sentimentos do Cachorrinho e na história dele.

O Ocean Vuong deu um show com esse livro. É espetacular, extremamente poético e lindo de uma forma dolorosa (mas de uma dor que vale à pena ser atravessada).
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Rennata Everton 11/04/2022

Como alguém pode ser uma sensação? ?
Eu diria: Como um livro pode ser uma sensação?

É trágico e real. É uma constante alternância entre afeto e desespero. É uma constante mãe/monstro, e um amor desvairado de vó, que sobrevive até à falta de sanidade.
Me tocou mais do que me entendiou. Ele faz com que as partes caóticas e profundas possam valer a pena. Além de aflorar uma empatia sem igual, um afeto absurdo, e o apego por uma história autoficcional que é visceral na mesma medida que é bela.

Você sente o amor e o desamor, e as tentativas de amar, e os fracassos que também são amor. Então pela densidade do livro, pelo emocional abraçado e torturado, e pelos personagens banhados de realidade e ficção, fica impossível não deixar um pouco de si nas páginas, e não levar um pouco da vida do "cachorrinho" com a gente.

É só o reconhecimento de que também somos "cachorrinhos" da nossa história. E cabemos no abraço de uma Lan, e amamos uma mãe/monstro. E que ao contrário do autor, não estamos tão dispostos a usar nossa língua como testemunha dessa tragédia chamada "vida". No final das contas, nem todo mundo sabe ler, nem todo mundo sabe nos ler.
Mariimagno 11/04/2022minha estante
???




Ligia.Carvalho 27/08/2021

A carta que jamais será lida
Cachorrinho, como é chamado o personagem principal, é o único alfabetizado da família, e escreve o texto como se fosse uma longa carta para sua mãe, a mulher responsável, junto com a avó, por toda a sua criação.

A primeira parte do livro fala justamente sobre a relação entre mãe e filho. Em uma relacao tumultuada, marcada por sequelas da guerra no Vietna. A relacao com a avó também é sempre presente.

A segunda parte do romance é sobre amor e sexo. Assim como Vuong, o personagem se descobre homossexual na adolescência. Encontra um amor, um namorado que não se vê como gay. Também aborda como as drogas faziam parte da juventude onde viviam.

A terceira e última parte do livro é sobre a morte, os afetos e os medos.

Uma prosa poética muito linda.
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TatianaTati 24/12/2021

Não rolou pra mim
Esse livro tinha vários elementos que me fariam gostar dele: memórias, narrativa não linear, cartas confessionais... mas não me pegou. A história em si é puro fragmento. Pedaços de memórias, de questões geracionais, conflito EUA-Vietnã, imigração, relacionamento inter-racial, sexualidade, preconceitos de toda sorte. Voung escreve com maestria para apresentar tudo isso, mas não consegui me conectar de fato com a história.
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Ester71 09/08/2022

Uma história de 3 gerações que lutaram pela sobrevivência nos Estados Unidos. Uma carta de um filho onde ele se abre totalmente para a mãe. E no meio, duas personagens importantes, que ensina o autor da carta sobre a vida, sua avó e Trev. Achei a leitura um pouco complexa, mas a história muito envolvente.
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M.R. 26/03/2023

Lírico e devastador
O que é liberdade?
Se você já teve aula de filosofia, provavelmente você já se deparou com uma pergunta desse tipo. Essa é uma daquelas questões que ficam em aberto porque não possuem uma resposta exata. Por exemplo, para mim, liberdade é curta e temporária. A vida é o caçador; é preciso ser mais rápido e esperto. Para alguns isso é encarado como um fardo e para outros como um desafio. Para mim, é um desafio, estou sempre no caminho da liberdade. Para o "Cachorrinho" e sua mãe também é um desafio. Para Lan, avó dele, é um fardo.
O título do livro é "Sobre a Terra Somos Belos por um Instante" e na passagem: "Estou de novo pensando na beleza, em como algumas coisas são caçadas porque achamos que elas são bonitas. Se, comparada com a história do nosso planeta, uma vida individual é tão curta, um piscar de olhos, como dizem, então ser belo, mesmo que do dia em que você nasce até o dia em que você morre, é ser belo apenas por um instante.(...)Para ser belo, você primeiro precisa ser visto, mas ser visto sempre permite que você seja caçado." descobrimos o porquê do nome. Nascemos e morremos sendo caçados a vida inteira.
No livro, o autor nos dá dois exemplos principais: o racismo e a homofobia. É horrível as coisas que ele descreve, mas não é ficção, não é apenas um romance, é real. São coisas que acontecem todos os dias a toda hora. Forçam a vírgula a ser um ponto. Forçaram a mãe dele a ser mais rápida e desaparecer. Te forçam a se tornar búfalos.
É um livro que retrata vários assuntos, e principalmente a relação dele com sua mãe, que eu descobri se tratar de uma autobiografia do autor. A mãe dele realmente é um monstro? Ele acha que não. Ele perdoou a mãe dele, mas não se perdoou por nunca perguntar se ela é feliz.
Todo mundo tem uma história e faz o possível e o impossível para sobreviver. Vimos pela história de Lan e Rose e agora do Cachorrinho.

Esse é um romance contado de maneira lírica pelo poeta Ocean Voung, isso foi determinante para transformar em pura poesia algo tão intenso.

Oi.
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skuser02844 16/03/2023

Toda liberdade é relativa?
Peguei esse livro achando que seria só um romance LGBTQIA+, mas é muito profundo. O livro inteiro é uma carta de um filho pra uma mãe vietnamita, onde ele conta através de memórias dele e de histórias que sua vó contava sobre a Guerra no Vietnã, sobre como é ser imigrante nos Estados Unidos, juventude, amores, trabalho, vivências? Uma leitura repleta de camadas que você vai descascando pouco a pouco.
O começo pode ser um pouco cansativo como foi pra mim, mas depois ele pega um ritmo muito envolvente.
Amei!
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Yasmin.Streit 05/03/2023

Esse livro é difícil. Difícil de vários jeitos. Os poemas que narram uma história difícil. A linguagem escolhida. A família. A guerra. A imigração. Os traumas. O preconceito. A aceitação.

Não é uma leitura fácil.
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Suzana 18/11/2023

A beleza de não ser só
Eu morro de medo de ter filhos, um medo que a minha própria mãe nunca foi completamente capaz de entender porque, segundo ela, criar um filho é uma coisa natural, que é para ser. E usamos essa palavra, “criação”, para nos referirmos a todo esse conjunto de cuidar, educar e sustentar uma criança e, por coincidência ou não, é a mesma palavra que usamos para o ofício de Deus. Como posso banalizar isso que é o mais próximo que o ser humano chega do divino quando, não no sentido biológico, criamos uma nova criatura? Não sei se a minha mãe sabe, assim como a mãe de Cachorrinho também não sabe, mas mães são inescapáveis. Isso pode ser cruel, mães podem ser pessoas cruéis e criarem pessoas cruéis, mas novamente, são inescapáveis porque estão inscritas na pedra fundamental de nossas almas. Não importa o quanto mudemos e escondamos partes cada vez maiores de nós, uma mãe nunca será um estranha.

É muito comum sermos tentados a negar isso pelo próprio espírito individualista de nosso tempo, mas para o bem ou para o mal, direta ou indiretamente, por atração ou por repulsão, nossas mães forjam quem somos, principalmente porque elas não carregam apenas o seu próprio peso, elas são a nossa interface, o nosso ponto de contato com o passado, com o mundo, com as pessoas que os povoam. Não, não nascemos e nem morremos sozinhos, não há nada nesse que façamos inteiramente sozinhos, viver é irrevogavelmente coletivo e há beleza nisso, mesmo que apenas possamos vê-la pelo breve instante de nossas vidas.
Craotchky 18/11/2023minha estante
Belo texto, Su


Suzana 18/11/2023minha estante
obrigada, querido ?




jaquesant0s 18/11/2021

Bonito e muito poético, tive alguma dificuldade no início pela linguagem, senti dificuldade em me localizar na história mas depois que se acostuma com o estilo do autor o livro flui muito bem.
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Bruna 02/12/2021

Sobre a Terra Somos Belos Por Um Instante
Um dos melhores livros que li esse ano. Entrou pra lista de favoritos da vida.
Quanto sentimento num livro só. Me senti descrita nele.
Como se o autor me conhecesse.

Essa é minha parte favorita na literatura.
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otaldoraniery 16/01/2022

Bom...
Uma boa proposta, mas execução um pouco lenta e confusa em alguns momentos. Talvez, por ser um livro de memórias, essa seja a intenção, mas acabou se tornando uma leitura de um texto que não inclui o leitor, não o torna parte do processo. Isso nos afasta um pouco da narrativa.
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Carol 15/12/2021

Impressões da Carol
Livro: Sobre a terra somos belos por um instante {2019}
Autor: Ocean Vuong {Vietnã, 1988-}
Tradução: Rogério W. Galindo
Editora: Rocco
224p.

Li "Sobre a terra somos belos por um instante", no clube @leialgbtq, tendo a presença ilustre do querido @wolneyfernandes. Só por aí vocês já conseguem intuir a boniteza que foi esse encontro.

Numa longa carta escrita para a mãe iletrada, na qual expõe, de maneira dura, ainda que poética, questões relacionadas a gênero, raça e classe social, o narrador-remetente deste romance se entrelaça com a vida do próprio Ocean Vuong, também homossexual e imigrante vietnamita nos EUA.

"Deixa eu começar de novo.?
Querida Mãe,?
Estou escrevendo para chegar até você - ainda que cada palavra que eu ponha no papel fique uma palavra mais longe de onde você está. (...)?
Estou escrevendo porque me disseram para nunca começar uma frase com porque. Mas eu não estava tentando fazer uma frase - estava tentando me libertar. Porque a liberdade, eu ouvi dizer, é apenas a distância entre o caçador e a sua presa." p. 11

Numa entrevista ao El País, Voung afirma que escolheu o gênero epistolar porque este lhe permitiria uma maior digressão. O texto é fragmentário, com idas e vindas no tempo, mas nada que afaste um leitor atento.

Ao escrever, Cachorrinho, o narrador-remetente, reflete sobre o que é ser um imigrante vietnamita nos EUA, no pós-guerra, gay e estrangeiro. Sobre a barreira que a linguagem impõe àqueles que não a decodificaram. Sobre racismo, masculinidade tóxica e relações de poder. Sobre a morte. E, sobretudo, sobre família. Famílias quebradas nas quais o amor costura um léxico próprio que as permite resistir.

"Sobre a terra somos belos por um instante" é uma leitura rica, recheada de pensatas filosóficas e literárias. Quantos recomeços cabem numa vida?

"Durante todo esse tempo eu disse a mim mesmo que nós nascemos da guerra - mas eu estava enganado, Mãe. Nós nascemos da beleza.
Que ninguém nos tome por fruto da violência - pois aquela violência, tendo atravessado o fruto, não conseguiu estragá-lo." p. 211
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Michelle 02/02/2023

E esse título?
Sobre a terra somos belos por um instante é o nome do livro e confesso que ele me chama muito atenção, desde o 1° momento, rs
O livro é muito bem escrito e me surpreendeu com os desvios que fez ao longo das páginas, da história e com alguns acontecimentos.

Assuntos contemplados: borboletas monarcas, imigração, guerra no Vietnã, violência doméstica, pobreza, discriminação, drogas, relacionamento Lgtbqia+, finitude da vida, caça e violência contra animais, etc.
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