Ricardo Tavares 02/11/2021
Escuridão e sombras
Nossa parte de noite foi lançado através do Clube Intrínsecos. Anunciado como uma história de terror e tendo como pano de fundo a Ditadura na Argentina que, tal qual no Brasil, provocou a morte e o desaparecimento de muitas pessoas, sem que houvesse uma explicação aceitável.
O início parece promissor. Vemos um pai tentando salvar o filho, afastando-o de um culto, uma seita que venera as "trevas".
Aos poucos os fatos vão se revelando e mostrando como e porque Juan está fugindo, no entanto, a narrativa é longe cansativa e fragmentada. As partes são narradas fora da ordem cronológica, não há divisão em capítulos, cada parte é muito extensa e aborda uma determinada época. Há descrições longas e desnecessárias, fatos que nada acrescentam. No fim, um livro que tenta ser de terror e conseguiu ser apenas macabro e bizarro, pois o que é narrado nunca assume um tom verossímil, beira a fantasia e o sobrenatural, mas não convence o leitor. É tudo muito mal explicado.
O final parece que não foi bem planejado, parece que a autora teve pressa em terminar a trama e criou um final aberto que não foi satisfatório.
Decepção.
O livro foi elogiado pela crítica especializada, porém, se o leitor for um pouco mais exigente, esse é o tipo de romance para cair no esquecimento, pois os personagens não provocam empatia e a narrativa é extensa em demasia e não envolve o leitor, cativando-o.
Muitos relatos macabros causam nojo e aversão, mas a mim, em momento algum provocaram terror ou horror, apenas um gosto de coisa ruim e muita incredulidade.
As atrocidades da ditadura na Argentina, em alguns momentos são associadas com o culto macabro da seita que chamam apenas de A Ordem (muito criativo!).
Depois de ler Pachinko e uma dezenas de livros de Stephen King, essa trama da escritora argentina deixa muito a desejar.
Esse livro é mais um que compõe a coleção do Clube Intrínsecos e só, jamais o leria novamente e também não recomendo a leitura. Muito chato.