De cada quinhentos uma alma

De cada quinhentos uma alma Ana Paula Maia




Resenhas - De cada quinhentos uma alma


30 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Luiz 26/12/2021

O que mais me assusta nas estórias da Ana Paula Maia é o quão iminentes e próximas da realidade as distopias dela parecem. Apesar de se tratar de uma fantasia, o livro representa bem uma periferia esquecida, pobre, resignada, mas cheia de fé, que qualquer brasileiro poderia dizer que conhece de perto.

Ansioso por acompanhar o fim da saga por justiça de Bronco Gil, Edgar Wilson e Tomás.
Rafael V. 21/07/2022minha estante
Periferia? Não é no meio do nada? Sei lá, zona meio rural?


Doug 13/12/2022minha estante
Rafael, a periferia se mescla com o rural em alguns lugares, como a Baixada Fluminense, onde a Ana Paula Maia nasceu. Começa subúrbio e termina roça.




Nat 14/01/2022

^^ Pilha de Leitura ^^
O livro se passa durante uma epidemia, porém alguém além da doença está acontecendo e nossos já conhecidos Edgar Wilson, Bronco Gil e Tomás pretendem dar um jeito na situação. Gostei muito do livro, me prendeu do início ao fim. Recomendo!

site: https://www.youtube.com/c/PilhadeLeituradaNat
comentários(0)comente



Alexandre Kovacs / Mundo de K 10/09/2021

Ana Paula Maia - De cada quinhentos uma alma
Editora Companhia das Letras - 94 Páginas - Capa de Guilherme Xavier - Lançamento: 2021

O mais recente lançamento da escritora e roteirista carioca Ana Paula Maia, mantém o estilo de seus livros anteriores, com personagens à margem da sociedade, submetidos a uma realidade violenta e cruel. A novela, que pode ser lida separadamente, é o segundo volume da trilogia que teve início com Enterre seus mortos (Prêmio São Paulo de Literatura 2019) e conta com um trio de anti-heróis formado por Edgar Wilson, que trabalha recolhendo corpos de animais das estradas, Bronco Gil, assassino de aluguel, fugitivo de uma colônia penal (personagem de Assim na terra como embaixo da terra, Prêmio São Paulo de Literatura 2018) e do ex-padre Tomás, que tem uma forma muito peculiar de entender o bem e o mal, na verdade uma característica comum aos três.

Adotando um estilo cinematográfico que poderia ser resumido como um "faroeste distópico", a autora capricha no tom apocalíptico, associando um desastre ambiental a uma epidemia fora de controle (qualquer semelhança com nosso tempo seria mera coincidência?), tudo isso cercado de sinais e profecias bíblicas sobre o fim do mundo em uma região rural não definida, provando que a ficção ainda consegue fazer frente à realidade. Afinal, nos dias de hoje, o apocalipse pode estar logo ali na esquina e "se não se consumar pela ira dos céus, inevitavelmente se consumará pela ira dos homens", a mensagem que fica é uma só: "Arrependei-vos, pecadores! A morte é chegada. É tempo de matar, é tempo de morrer".

"Desde que a epidemia se instalou, as estradas estão desertas, assim como ruas, praças e parques. As fronteiras fechadas, e o abastecimento, comprometido. A escassez começa a dar passagem ao desespero. Nas últimas três semanas, raramente um automóvel é visto circulando por essas bandas. Com a epidemia, veio o isolamento. Com o isolamento, o silêncio. As explosões nas pedreiras cessaram e nem o cricrilar de um grilo ou o mugido de uma vaca pode ser escutado. Quem não suporta a si mesmo entenderá que o inferno não são os outros nem está nas profundezas dos abismos." (p. 17)

E, de fato, os três protagonistas precisam matar para viver: "vivem para morrer todos os dias, como os santos beatificados em espírito, como os santos mortificados em carne." A situação se torna ainda mais complexa quando precisam lidar com as forças do exército que perseguem os contaminados para levá-los aos "campos de morte" onde devem ser exterminados. Aos poucos, começa a ficar claro que, além da influência do céu e do inferno, o caos pode fazer parte de um projeto político maior do governo que pretende eliminar vilarejos e pessoas sem deixar rastros.

"Em qualquer outro momento das suas vidas, eles seriam parados e presos por estarem transportando uma centena de corpos. Mas hoje é diferente. Possuem licença para passar justamente por estarem conduzindo os mortos para um destino que relutam em acreditar, mas que começa a se concretizar conforme avançam pela estrada e veem no horizonte a densa fumaça preta subindo ao céu e dissipando-se antes que possa tocar a nuvem mais alta. / A fuligem miúda que se espalha no ar lembra flocos de neve caindo com a chegada do inverno. Apesar do frio, aqui não há neve. Nunca houve. A beleza que o vento espalha simulando um inverno rigoroso carrega o cheiro dos ossos e das vísceras incinerados." (p. 85)

A violência e a morte são elementos constantes no repertório de Ana Paula Maia e não foi diferente neste livro, talvez ainda mais pelo fato de ter sido escrito durante o ano da pandemia, o que deve ter contribuído para o efeito opressivo que perpassa toda a narrativa, assim como outras características do universo ficcional da autora, tais como o misticismo e a influência dos textos bíblicos que inspiram imagens fortes como a nuvem de milhares de gafanhotos que envolve a caminhonete com os três personagens. Pena que o livro acaba tão rápido.

"Quando partiam para a guerra, os soldados repartiam as sobras da batalha, os bens conquistados com a vitória sobre o adversário. Eram os espólios de guerra. Fosse ouro, fossem armas. Até mesmo mulheres e gado. São esses os tributos dos homens de guerra. Assim era ordenado pelo Senhor que os homens que pelejavam em Seu nome, quando vitoriosos, deveriam repartir os bens conquistados na batalha travada consigo. 'De cada quinhentos uma alma'; tanto dos homens como dos bois, dos jumentos e ovelhas. Tudo era repartido com o Senhor. A alma de homens, de bois, de jumentos e ovelhas. Tudo que era repartido deveria ser sacrificado. Com o sangue derramado em combate, também se derrama sangue em reverência a Deus, tornando sagrados o combate, os espólios e a guerra." (p. 93)

Sobre a autora: Nasceu no Rio de Janeiro e atualmente mora em Curitiba. É autora de diversos romances, entre eles Carvão animal, De gados e homens, Assim na terra como embaixo da terra e Enterre seus mortos. Tem contos publicados em diversas antologias e foi duas vezes vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura. Como roteirista da TV Globo, foi responsável pela série Desalma.
comentários(0)comente



@wesleisalgado 29/08/2021

Uma escritora de VERDADE, te impressionando de VERDADE !
Estava receoso, gosto da Ana Paula Maia antes de sua meteórica ascensão ao escalão de grandes escritoras. Não que ela não o fosse antes do reconhecimento, prêmios e então contratação como roteirista da Globo. Porém, eu não gostei de Desalma, apesar de esteticamente impecável, achei tudo ali narrativamente muito ruim... já esperando uma queda de qualidade caso a autora continuasse escrevendo livros.

Meu medo foi infundado, porque isso não aconteceu. A escrita da Ana Paula Maia está mais afiada que nunca aqui. Trazendo para o núcleo Edgar Wilson, o Bronco Gil de Assim na Terra como embaixo dela, continuando suas conexões entre os livros escritos, no melhor estilo do universo Kingniano.

No mundo de Ana Paula, onde geografia e tempo não importam, o nosso recorte de mundo na história sofre as consequências de uma epidemia (!!!!!), governado por um Capitão (!!!!) tirânico do Exército, colocando nosso trio de anti-heróis numa jornada Tarantinesca assombrosa.

Nesse livro, o sobrenatural assume o papel de carro-chefe, ao contrário do de metáfora e viés, como nas outras histórias. E vou te falar...que é impressionante a maneira como assusta. Culminando em final no melhor estilo de um episódio de Além da Imaginação.

ANA PAULA MAIA eu te amo e não me torture anos a fio à espera do próximo livro...por favor!
elainegomes 20/09/2021minha estante
Adorei a resenha. E vou ler sem dúvida. Mas não li nada dela ainda recomenda alguma ordem nas obras?




Douglas.Bonin 10/11/2021

Um ótimo livro de transição
Senhores, esta foi a leitura do mês de novembro para a página @Servedois.literário - aliás, perdoe o Merchant, mas você deveria conferir nosso conteúdo! - e assumo que foi uma ótima escolha para literatura contemporânea brasileira.

Neste livro somos apresentados para o melhor trio que conheci desde o lançamento de GTA V, e sério, os três podem facilmente ser comparados aos personagens dos jogos, principalmente por conta de seus temperamentos tão distintos.

Gostei muito do cenário apocalíptico que a autora cria, lembra muito Eu sou a Lenda e a desolação da humanidade e tal. Principalmente quando a trama começa a se encaminhar para os apontamentos finais.

Se você caminhava por estas terras em meados de 2006, talvez se lembre de uma banda brazuca chamada Matanza. Musicas de ótimo nivel, perfeitas para provocar a tia-avó que te considera demoníaco. Enfim, a medida que eu lia, as canções do Matanza me vinham na imaginação, como uma trilha sonora perfeita para a extinção da especie humana.

Uma coisa que não gostei do livro foi as referências a Whisky e charuto, algo muito caricato e americanizado.

Uma boa cachaça e fumo teria caido melhor, e revelado personagens mais regionais. Afinal, tirando aquele seu amigo harleiro, que usa roupa de couro e paga de bad boy, em cima de uma moto que a classe trabalhadora dificilmente poderia bancar, quem fuma charuto e bebê whisky?

Mas sério, leiam este livro, a historia é muito boa. Só não cometam o mesmo erro que o meu, e leiam antes o primeiro volume da trilogia, não que afete muito, mas pelo menos façamos a coisa mais bonitinha.

Segue a gente em @servedois.literário, eu juro que não ando de Harley e nem fumo Charuto de 500 Pilas.
comentários(0)comente



Loba Literária 10/11/2022

Apenas zero defeitos, como sempre. O final de uma trilogia que eu nem sabia que existia, vamos acompanhando Edgar Wilson, Bronco Gil, e Tomás no fim do mundo. Eu gostaria de ter lido "Entre gados e homens" antes pra entender melhor alguns aspectos, talvez pegar umas referências. Mas uma obra perfeita, como tudo o que essa mulher escreve.
comentários(0)comente



Leio, logo existo 30/12/2022

Impressões de leitura
O livro “De cada quinhentos uma alma” é o volume 2 de uma trilogia iniciada por “Enterre seus mortos”.

O que nos parecia uma sugestão no livro anterior concretiza-se, isto é: nesse livro o clima apocalíptico ganha contornos mais nítidos.

Escrito durante o período pandêmico, percebemos nos desdobramentos do enredo como Ana Paula foi influenciada pela realidade que vivenciamos durante 2020-2021. A cidade onde os fatos narrados se desenvolvem também foi assolada por um vírus mortal e a forma como as autoridades escolheram enfrentar essa situação é extremamente problemática.


A narrativa despertou o mesmo sentimento de estranheza do primeiro livro da trilogia e cumpriu seu objetivo, ou seja, nos deixa com a vontade de ler o próximo livro.

Nos últimos dois meses, li três livros de Ana Paula Maia. Acho que esse fato deixa claro que fui cativada definitivamente. Recomendo a leitura.
comentários(0)comente



André Vedder 08/10/2022

"O fim do mundo está do outro lado da porta, mas isso ele ainda não sabe." Um livro que inicia com uma frase apocalíptica como essa já provoca uma expectativa no leitor de que algo está por vir. E o que se sucede após e durante toda a leitura é aquilo que habitualmente Ana Paula Maia faz com qualidade: uma escrita fluída, direta e crua.
Quem assim como eu acompanha o trabalho da autora desde seu início, encontrará aqui mais uma vez personagens vistos por toda sua obra, formando assim uma continuidade de um todo. Vale ressaltar que em alguns momentos a autora refresca a memória do leitor sobre os mesmos, mas de uma forma sutil, sem muitos rodeios.
Temos aqui uma imersão da autora mais pro caminho do suspense e até sobrenatural, onde a mesma consegue criar um clima de prenúncio que me prendeu até o fim.
Ana Paula Maia continua sua jornada trágica sobre a humanidade, e isso é ótimo.

"Quem não suporta a si mesmo entenderá que o inferno não são os outros nem está nas profundezas dos abismos."

"O caos é silencioso. Move-se insuspeito. Penetra pelas brechas ordinárias que ignoramos. Instala-se, e, assim como um organismo vivo, seu instinto é expandir-se, sulcando camada após camada até enraizar-se. Quando nos damos conta, ele é quem já dita as ordens e os próximos movimentos. Nem mortos, nem impotentes; estamos dominados."


comentários(0)comente



yasmin 09/07/2023

Pra quem quiser saber, a ordem dessa parte da história da obra da Ana Paula Maia é:
-Assim na terra como embaixo da terra.
-de cada 500 uma alma.
-enterre seus mortos (que se localiza dentro de "De cada 500 uma alma")

Eu digo dessa parte da história, porque a trilogia que vem antes eu não li ainda.
comentários(0)comente



Ju 01/05/2022

Leitura rápida mas profunda.
Este livro é o segundo de uma trilogia que inicia com "Enterre seus mortos". Mas não é sequencial, pode ser lido separadamente sem problemas. No livro aparecem personagens que já conhecemos de outro romances de Ana Paula Maia, como o Edgar Wilson. Quando lemos vários livros da autora passamos a conhecer ainda mais os personagens. Mas cada obra é independente. Em "A cada quinhentos uma alma" achei que tem um toque místico (bem de leve) que achei interessante.
comentários(0)comente



Leila 08/07/2023

De cada quinhentos uma alma, obra da autora Ana Paula Maia, é um romance que desperta reflexões profundas sobre a natureza humana, entrelaçando habilmente elementos bíblicos com a realidade da pandemia do Covid-19. Este livro começa exatamente onde termina o livro anterior da autora, que também já li, o Enterre seus mortos, trazendo também as mesmas personagens que apareceram tanto em Enterre seus mortos como em livros anteriores.

A trama se passa em um mundo devastado por uma doença misteriosa e letal, onde um grupo de personagens lutam pela própria sobrevivência, enquanto enfrentam dilemas éticos e morais.

A autora explora bem as consequências psicológicas da pandemia (esse livro foi lançado no segundo semestre de 2021), mergulha nas profundezas da alma humana, expondo medos, desespero e a luta pela sobrevivência em um cenário pós-apocalíptico.

A presença de elementos bíblicos ao longo da narrativa confere um aspecto simbólico e enriquecedor à história. As referências sutis à Bíblia, como a divisão em grupos de quinhentos, remetem a passagens e alegorias religiosas. Esses paralelos ampliam a profundidade temática do livro, ao mesmo tempo que oferecem espaço para interpretações mais amplas sobre a condição humana diante do caos.

No contexto da pandemia do Covid-19, encontrei paralelos intrigantes com a realidade atual. A disseminação da doença, a luta pela sobrevivência, as tensões sociais e as questões éticas emergentes são temas que ressoam fortemente com os desafios enfrentados pelo mundo contemporâneo.

Enfim, apesar de ser um livro super curto, eu gostei da experiência de leitura, assim como havia gostado da obra anterior que li. #ficaadica
comentários(0)comente



Doug 27/06/2023

Um caminho errado
Sempre amei os livros e os personagens da Ana Paula Maia e sempre sonhei com uma saga maior para os personagens, mas detestei o caminho que ela tomou nessa trilogia.

O que sempre me cativou nas histórias dela foi a simplicidade e as jornadas discretas e rotineiras dos personagens, nada de salvar o mundo de um grande mal ou qualquer coisa do tipo.

Honestamente, não sei nem se vou ler o terceiro livro. O final desse foi frio demais.

Uma pena. Sempre considerei os livros da Ana Paula um respiro nas grandes jornadas literárias que vez ou outra gente emenda.
comentários(0)comente



Andrea 31/05/2022

O caos apocalíptico
A escrita da carioca Ana Paula Maia é direta e fluída, não há detalhes desnecessários, e os diálogos são secos em meio em um ambiente que mistura pandemia, profecias e poder.

De cada quinhentos uma alma possui um bom ritmo, com alguns rápidos feedbacks que surgem principalmente quando novas situações se apresentam a um dos personagens.

A autora consegue descrever detalhes sórdidos sem que isso se torne apenas macabro, mas com significado na cena. Aliás, a impressão que eu tive é que nada é por acaso. Tudo vai se costurando de uma maneira que desperta a curiosidade em saber o que realmente está ocorrendo.

E o que eu achei interessante é que mesmo fazendo parte de uma trilogia, ao qual eu não havia lido o primeiro volume - chamado Enterre os seus ossos -, foi possível realizar a leitura de uma forma independente, pois a história tem um começo, meio e fim.

Resenha completa no blog: http://literamandoliteraturando.blogspot.com/?m=0
comentários(0)comente



Rafael V. 22/07/2022

Horrível
O primeiro livro da trilogia já é péssimo, mas deixa uma curiosidade no ar. Esse livro segue com Edgar Wilson (seria um personagem de Stephen King!?), brasileiro com esse nome? Enfim, pelo nome já vemos as referências, séries da Netflix de qualidade duvidosa, uma religiosidade piegas e démodé mostrando certa leitura afetada de algum livro americano de venda fácil ou filme de fim de noite na Globo.

Enfim, pelo menos tenta algo diferente, não deu certo, mas valorizo o erro, assim se aprende muito.

P.S.: Nem precisa ler o primeiro livro pra ler esse, lá não tem nenhuma informação fundamental.
comentários(0)comente



Rê Lima 07/08/2022

Gosto demais dos livros da autora, só queria um final mais interessante, mas isso é coisa minha mesmo. Muita gente amou tudo.
Luciana 07/08/2022minha estante
Também esperava mais do final, e tbm não sabia que ia ter continuação.




30 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR