Tamires Durães 20/04/2022O melhor que já li da temática!Ninguém imaginaria que no auge do Holocausto, Irene, Renée, Bracha, Katka, Hunya, Mimi, Manci, Marta, Olga, Alida, Marilou, Lulu, Baba e Borickha, estariam entre as 25 presidiárias selecionadas para trabalharem em um Ateliê de Alta Costura em Auschwitz- Birkenau, a fim de escaparem das câmaras de gás. Tudo ocorria bem, com planos para o futuro, novas aprendizagens e relacionamentos, o que elas não imaginavam era que suas vidas se cruzariam da maneira mais horrenda possível. Aos poucos, as políticas nazi-fascistas foram pressionando a população judaica, principalmente, e se convertendo no que foi o maior extermínio em massa da história, de cerca de seis milhões de judeus. Todos reduzidos a apenas um número como vemos em ?É isto um homem??.
?Não eram mais estudantes, donas de casa, costureiras?.eram simplesmente zugangi - recém chegadas no processo de entrada no campo de concentração -, desprezadas, numeradas e sem nome.?
O fanatismo era tanto que Hedwing Hoss solicitou uma cesariana de seu quarto filho, ?de modo que um trabalho de parto demorado não interferisse nos planos de ouvir o grande discurso do 1º de Maio de Hitler em Berlim?. Este é um dos absurdos que o livro aponta. Quando muitos pensavam que a temática já estava saturada na literatura, percebemos que ainda em 2022 é um assunto que não deve se esgotar, muito menos ser esquecido.
Apesar do assunto ser intragável, a autora escreve com muita maestria, cuidado e dedicação, resultando em um trabalho vasto e novo acerca desse período. Para mim, tornou-se a melhor obra escrita sobre o tema até o momento. É claro que não descarta a dureza dos auto testemunhos, mas em As Costureiras de Auschwitz encontramos uma verdadeira aula de história e geografia, com detalhes extraordinários. A obra fornece uma vasta referência bibliográfica, fotografias e uma entrevista com uma das sobreviventes. Mesmo sendo não-ficção, os fatos são costurados perfeitamente e mesmo quem não tenha nenhum interesse no mundo da moda, esse livro cairá como uma luva para os interessados em romance, superação, dramas familiares, questões políticas e sociais - feminismo, movimentos de esquerda e resistência.
?A resistência vale a pena sempre; a passividade significa morte.? - Herta Mehl.
Como os alemães organizaram o Holocausto? Qual foi o desfecho das protagonistas do Ateliê de Alta Costura? O que aconteceu com as famílias nazistas durante e após o Holocausto? Como foi deixar os campos de concentração? Todas essas perguntas são respondidas neste livro. Não deixem que a história dessas pessoas seja reduzida a cinzas e conheça também um lado louvável de amizade, esforço, trabalho, persistência e otimismo. Ainda me pego pensando nessas mulheres, com suas vozes ecoando na minha cabeça. Quando tudo parece difícil, lembro-me de suas forças.