ricardo_22 02/01/2015
Resenha para o blog Over Shock
Morte na Mesopotâmia, Agatha Christie, tradução de Milton Persson, 1ª edição, Rio de Janeiro-RJ: Record, 1987, 220 páginas.
A paciente da enfermeira Amy Leatheran é uma mulher muito peculiar e constantemente se sente atormentada por fantasias macabras. Estava claro para todos que ela sentia muito medo, porém ninguém desconfiava do que poderia ser e isso causava uma tensão incomum. Até um misterioso assassinato acontecer e o detetive belga Hercule Poirot ser o único capaz de encontrar o culpado.
“Em matéria de doença, como já tive oportunidade de constatar, os maridos são uma raça de crédulos. No entanto, mesmo assim, não encaixava lá muito bem com o que ouvira dizer. Não combinava, por exemplo, com aquela expressão mais segura” (pág. 18).
Entre outras características, o que mais costuma surpreender em uma obra de Agatha Christie é o estilo narrativo inconfundível da autora. Ela, como poucos, escreve sob diversos ângulos com a mesma capacidade e ainda reserva surpresas, como em Morte na Mesopotâmia.
Não foi a primeira, tampouco a última vez em que Christie escreveu sob a perspectiva de uma personagem que tecnicamente não tem nada a oferecer. A enfermeira Amy Leatheran dificilmente se aproximaria da genialidade de outros narradores, assim como não se imagina uma personalidade complexa para ela, o que não impediu que a autora a explorasse ao máximo, ainda que a própria personagem declare sua falta de talento em escrever.
Se esse comentário foi apenas para dar um charme a mais, o que dá para dizer é que funcionou e muito bem. Amy conquista o leitor e, mais do que isso, dá um verdadeiro show, como narradora e também ao demonstrar pouco a pouco a sua personalidade, não deixando nada a desejar.
Em muitos romances policiais, ao menos os mais clássicos, o fator determinante para a solução do caso é encontrar, antes de tudo, o motivo que causou o crime. Em Morte na Mesopotâmia acontece o inverso. O leitor, ao lado das personagens, precisa explorar o passado e a personalidade da vítima para chegar a algum lugar. Ainda assim, por se tratar de um livro da Dama do Crime, pode não ser suficiente.
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