spoiler visualizarMel Rodrigues 13/05/2022
Enfim o fim dos fins
Soman escreveu a história que ele queria contar - mas infelizmente, essa não era a história que eu queria ler. Sem dúvida, esses últimos três livros de A Escola do Bem e do Mal poderiam ser escrito em apenas dois livros mas, além disso, talvez fosse melhor deixar o fim do terceiro livro intocado.
A historia flui bem, sem dúvidas o autor é apaixonado e tem uma imaginação inacreditável, porém ao mesmo tempo que tudo se arrasta tudo é muito rápido quando acontece. É bastante visivel que ele tinha uma ideia do final e da mensagem que ele gostaria de passar e cometeu o erro que muitos autores cometem - se recusou abrir mão disso pelo bem da história.
A história do vilão é interessante, todo o jogo de detetive, mistério e peças se enciaxando foi muito bem feito.
Como em outros livros, nós perdemos tempo com diferentes nucleos de personagem descobrindo/concluindo a mesma coisa, porém sem estarem próximos uns dos outros. Isso quer dizer que o autor perde tempo do livro explicando a mesma coisa para o leitor duas ou três vezes, para então quando acontecem os reencontros isso ser explicado novamente enquanto os personagens revelam o que descobriram para perceberem que os outros também já sabiam. O autor também perdeu a chance de dar saltos temporais mais longos - é muito estranho, até desconfortável, quando os personagens ainda são descritos como adolescentes diversas vezes. Pricipalmente quando nós lembramos que Agata e Tedros vão se casar e comandar um reino (o maior reino).
Agata perdeu todo o resto de personalidade que ela ainda tinha.
Tedros se tornou (respira) o rei de Camelot. Desde o 4 livro, eu meio que esperava que Ágata fosse se tornar o rei (o que seria previsível e me faria revirar os olhos, mas não seria tão agonizante quanto Tedros). O problema é que... O Tedros não teve toda essa evolução de personagem quando se trata em ser rei. Todo o arco dele se resume ao mesmo do 'primeiro' reinado - ele precisa que Agata brilhe menos para ele PARECER útil. Não existe uma diplomacia, não existe preocupação com o povo, não existe nada REAL além de "eu tenho que ser o rei por que meu pai queria, ele me deixou o anel" e então "mas EU tenho o sangue de Arthur".
E então temos Sophie... Sem dúvidas a personagem mais disperdiçada da história. Eu já estava enjoada quando eu aceitei o inevitavel (que ela ficaria com o Hort, apesar da saga ter como alvo um público mais jovem que só se prejudica da mensagem que isso passa). Porém o fato dele ter dado um final completamente sem graça para ela me irrita como poucas coisas fazem. Sophie, que sempre quis algo extraordinário, que sofreu tanto nos dois últimos livros, que teve tanto trabalho pra aceitar que ela tinha o mal dentro dela e não precisava negar aquilo... Termina sem NADA!
Em uma das últimas cenas da personagem ela fala sobre não ter um propósito, e mesmo assim acaba sem um propósito, tudo que ela tem é um beijo. Ela não queria mais ser reitora, porém haviam tantas outras maneiras melhores de finalizar o arco dela.
Ela poderia se tornar reporter para honrar Bettina que MORREU para salvar ela e os outros. Ela poderia se tornar a nova gerente do banco, visto que o Pica-Pau morreu. Por um segundo eu achei que ela se tornaria "O Único e Verdadeiro Rei", embora a verdade seja dita, se Soman tivesse a coragem Tedros e Hort teriam morrido e Agata e Sophie reinariam juntar. Seria tosco, mas seria o caminho mais coerente para a história das duas.
E mesmo se por fim, ele queria que Sophie e Hort ficassem juntos... Por que acabar com a parte lobo de Hort? Por que não a parte humana? Assim ela teria, sim, um propósito - trazer ele de volta. Algo que só a "Bruxa de Além da Floresta" poderia fazer, algo que tomasse tempo e dedicação e que ela só conseguisse aos poucos - por exemplo, nos primeiros meses ele só voltaria por um dia no mês - e pudesse ir conhecendo ele de verdade ao invés do "ah, a gente teve essa conversa e acho que você é sensível e honesto. Agora eu te amo".
A Escola do Bem e do Mal sempre foi sobre Agata e Sophie, embora tenham personagens incríveis no caminho, Tedros não é um deles e acabar a última cena da série com ele é decepcionante.