O desejo dos outros

O desejo dos outros Hanna Limulja




Resenhas - O desejo dos outros


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Wellington.Pimente 28/04/2024

Yanomami e seus sonhos ??
O livro "O desejo dos outros: uma etnografia dos sonhos yanomami" de Hanna Limulja é um bálsamo para a alma, ao abrir essa linda porta para descoberta em relação à cultura e a cosmovisão do povo Yanomami, uma comunidade indígena que vive na região amazônica. Como a própria autora relata: "Apresento os sonhos yanomami às pessoas que nunca sonharam a floresta e que talvez nunca tenham ouvido falar dos Yanomami. Para que conheçam um pouco de sua história, de suas vidas, de seus pensamentos, e para que possam, por sua vez, sonhar com outro modo de ser que, diferente do nosso, e por isso mesmo, tem muito a nos ensinar.'

A autora explora os sonhos como uma forma de compreender a vida e as relações sociais dos Yanomami, analisando como os sonhos são interpretados e influenciam as decisões individuais e coletivas. Além disso, o livro particularmente me surpreendeu ao trazer questões relacionadas à espiritualidade, xamanismo e a interação dos Yanomami com o mundo não indígena.

Uma belíssima obra, começando pela capa com ilustração do Xamã e líder político Yanomami, Davi Kopenawa, onde está Mari hi "a árvore dos sonhos yanomami" cercada por vagalumes. Que tenhamos cada vez mais livros a respeito dos povos originários do nosso lindo Brasil.
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Zé Guilherme 26/04/2024

Uma obra regeneradora.
Quando a gente abre um livro que é literalmente seminal (aqui temos a tese de doutorado da autora), fica aquela dúvida ?mas será mesmo que conseguirei ler?!?? bem, já nas primeiras páginas, Hanna Limulja te afasta desse receio inicial e te joga num universo que deveria ser tão nosso, quanto qualquer outro.

A apresentação da cultura Yanomami como o ?povo dos sonhos? vai além do aspecto antropológico aqui e semeia mudança. Sinto que terminei o livro renovado. Renovado em conhecimento, em esperança e com ainda mais vontade de defender e dar espaço pra os nossos povos originários!

Um tratado ESPETACULAR!
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bteuzt 22/04/2024

Sensibilidade ímpar
O livro, do começo ao fim, trata da importância da vida onírica para os yanomami. de forma sucinta, mas sem fugir de detalhes, podemos compreender diversos aspectos da vida dessa etnia e de sua organização, sentimentos, vida coletiva e o fundo poético que atribuem para o sonho, uma vez que sonhar é conhecer, ser corajoso e generoso. senti falta de mais relatos, mas foi uma leitura fenomenal, bem imersiva e me fez questionar sobre meus próprios sonhos e a diferença máxima entre o que é o meu desejo inconsciente e o que é o desejo dos outros. perfeito!
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Marcelly.leder 22/02/2024

Enquanto os brancos "dormem em estado de espectro" e não sabem sonhar, pois estão presos às próprias histórias pessoais - marcadas pela mercadoria e por seus papéis - os Yanomami fazem do sonho um instrumento de acesso à outros mundos, de conhecimento sobre o cosmos e de resistência

Ya nomaimi! // Eu não morro!
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caranguejotriste 15/02/2024

O desejo dos outros
Demorei um pouco para engatar nessa leitura, no começo, Limulja é um pouco repetitiva, mas não demorou muito pra eu começar a sonhar junto desta obra.

Hannah Limulja, de forma geral, fez um ótimo e belo trabalho de campo e de análise da cultura Yanomami, detalhando sobre os vários tipos de sonhos, seus significados e sua conexão com os ritos ali praticados, como a festa reahu (momento de aproximação com os mortos).

O sonho, aqui, portanto, é o condutor da vida, ele está intrinsecamente ligado ao cotidiano dos Yanomami, seja para receber avisos sobre os perigos do mundo, para falar de seus mortos, do desejo dos outros para a pessoa que sonha, para caminhar por lugares desconhecidos.. o sonho é sobrevivência.

Vai caindo o sol, e a saudade vai batendo.
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Elis Andoli 16/01/2024

Foi um dos livros que mais levei tempo para ler, retomando alguns capítulos por mais de uma vez entendendo que não havia absorvido (e talvez nem agora ao final eu tenha absorvido todo o conteúdo) o que precisava, e portanto ia e vinha.

Não achei a leitura mais simples, talvez por estar lendo outros livros de outros temas à época, e por não ser um assunto que esteja dado a minha realidade.

Entretanto como alguém com prática familiar de contação de sonhos e que tem o sonho como um pilar importante na vida achei um livro fantástico, que vale a pena ser lido.
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Vitória Gomes 01/01/2024

Sonhar é saber
Nesse livro, aprendemos que para o povo Yanomami os sonhos são uma fonte primordial de conhecimento, conexão ancestral, socialização e de informação sobre o cotidiano.
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flor.de.jasmin 27/12/2023

Quando um Yanomami sonha, quer dizer que alguém sente sua falta. A saudade nunca vem de dia, apenas de noite, quando a utupë descola-se do corpo e vaga pelo mundo das imagens. Esse mundo não é menor do que o da vigília, é tão importante quanto. Por isso, os sonhos são socializados, contados no centro da maloca. Os sonhos são uma maneira de resistir.

Acredito que a forma como Hannah Limulja escreve e nos coloca face a face com seus interlocutores é uma das maiores riquezas do livro, lembremos, uma obra antropológica. É impossível terminar o livto sem que algumas questões deem voltas e voltas em nossa cabeça. Que cultura é aquela? Que cultura é a minha? Como pode ser possível não sentir saudade durante o dia? E assim vai?

Hannah coloca na íntegra a fala de Yanomamis com quem conversou para a elaboração do trabalho, o que torna o livro um arcabouço de relatos em primeira pessoa, além das elaborações da antropóloga. Para a Antropologia, é um passo tremendo quando podemos nos deparar com o Outro, frente a frente. Quem sabe isso não nos faça enxergar o que, para nós, é quase invisível: nossa própria cultura.
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Melissa 12/12/2023

Li no ônibus entre São Paulo e guarulhos. não importa o quando o ônibus chacoalhava, eu não conseguia parar de ler. Fenomenal.
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Livia1107 26/11/2023

Sonhar ficou ainda mais significativo
Silenciosamente eu agradeci à antropóloga Hanna Limulja durante toda a leitura de O desejo dos outros, porque por meio de suas páginas minha mente se expandiu até a floresta amazônica e além, até as costas do céu, por dentro da realidade paralela que consiste o mundo onírico dos yanomami. Que experiência incrível.

“Mas no mundo em que nos encontramos hoje, por que falar dos sonhos yanomami? Primeiro, porque os yanomami ainda estão vivos, a despeito de pandemias e guerras que os atingem de tempos em tempos. Segundo, porque é por meio de seus sonhos que eles fazem política, como diria o líder e xamã yanomami Davi Kopenawa. E mais do que nunca é preciso aprender a fazer política como e com os Yanomami. Isso implica em conhecer que tudo o que existe merece consideração e implica não sonhar consigo mesmo, como fazem os brancos. Para fazer política, o outro é preciso e é preciso ter cuidado, no sentido de cuidar, de pensar no outro”, a autora escreve em sua apresentação.

Na tese de doutorado transformada em livro, Hanna Limulja apresenta com leveza e paciência o vocabulário, o cotidiano, os rituais e festas, as preocupações e desejos, os mitos e histórias desse povo indígena tão ameaçado. A antropóloga passou quase um ano com os yanomami, coletando sonhos de pessoas de todas as idades, mas foram principalmente os xamãs que aprofundaram para ela como os sonhos são essenciais para como os yanomami estruturam seu entendimento da vida.

Para eles, o que vivem em seus sonhos é outra forma de vivenciar a realidade, pois é no espaço-tempo onírico que nossas imagens interagem com as imagens de tudo o que é vivo ou que já viveu. “Os brancos têm as escolas, os yanomami têm os sonhos”, os xamãs explicam, porque é quando sonham ou vivenciam o transe promovido pela Yãcoana que eles aprendem sobre o passado, o presente e o que pode acontecer no futuro, além de conhecer lugares distantes e pessoas que nunca viram antes durante a vigília.

Para os yanomami, o que nos aparece em sonho é resultado de um desejo desse ente sonhado: se eu sonho com alguém, é porque essa pessoa quer se comunicar comigo, é um desejo da imagem dela se comunicar com a minha enquanto estou dormindo, à noite, único momento em que podemos realmente sonhar. Por isso, o sonho é um “desejo dos outros”, como Limulja destaca no título. Trata-se de uma perspectiva muito diferente para a maioria dos brancos que entende a atividade onírica pelo viés psicanalítico do inconsciente, da expressão dos desejos ocultos do próprio sonhador.

Para os xamãs yanomami, é justamente essa limitação egoísta dos brancos, que só conseguem sonhar consigo mesmos, coms seus bens e suas preocupações, que impede a maioria de nós de entender a real extensão do mundo, que vai muito, muito além do que nossos olhos veem enquanto estão abertos, e comportam os espíritos de animais e de todos os que já morreram.

Hanna Limulja segue o caminho de outros antropólogos que divulgam a riqueza da cultura de diversos povos indígenas que lutam para que nós, os devoradores de terra, os incansáveis consumidores, consigamos entender, ou somente respeitar outras formas de existir. Em seu primeiro capítulo, ela retoma “A queda do céu”, autobiografia de Davi Kopenawa em coautoria com o pesquisador Bruce Albert, na qual o xamã expressa - sempre tendo os sonhos como principal condutor - sua preocupação com a possibilidade de que o céu caia por causa da destruição provocada pelos homens brancos.

Sonhar para conhecer, sonhar para saber do outro, sonhar para defender a vida. Hanna Limulja deixou o sonho muito mais significativo a partir de agora.


site: www.365livias.com
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Gabi Sagaz 19/09/2023

Os brancos não sabem sonhar
Sonhos, cosmos e mitos. 3 combinações que se misturam e que são o mesmo mas são diferentes.
Nós brancos não sabemos sonhar e isto é triste demais.
Um livro extraordinário.
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amarogusta 10/08/2023

A pessoa que sonha é o objeto de desejo do outro
Quando ouvi que esta era uma etnografia dos sonhos yanomami, tive uma ideia suficientemente distorcida e fantasiosa do que isso significava. É claro que a não coerência com as minhas particulares expectativas não indica falta de qualidade do livro e da pesquisa, mas pode causar um momento de quebra na experiência do livro.

Hanna nos conta que diferentemente da noção Ocidental de sonho, os Yanomami têm essa atividade como base epistemológica, tomando como conhecimento empírico suas vivências enquanto despertos e dormindo. Sonhar é, para eles, a possibilidade de conhecer lugares onde nunca antes foram, ver outras pessoas e viver outras coisas. Os xamãs, líderes das aldeias, revivem e reconstroem cada um os mitos da cultura, por meio do sonho.

Falar sobre esse elemento tão importante aos Yanomami nasce da noção, gestada por Kopenawa, de que os brancos só sonham consigo e com suas coisas: seus problemas. Aprender a sonhar é ampliar suas possibilidades de aprendizado, do que se sabe. Sonhar com a floresta é sonhar com a Natureza, da qual fazemos parte, é importante lembrar.

Para além de todos os elementos linguísticos fantásticos e paralelos sutis ao que chamaríamos de alta intelectualidade (como a, já antiga, noção yanomae de um “inconsciente”), o livro é uma repetição de si mesmo. Claro, Hanna nos ensina muito, mas diz em 1/3 do texto o que quer dizer nele todo. Me chateei todas as vezes em que pensava que algo interessante seria introduzido e a autora simplesmete repetia algo já compreendido, abordado e relativamente aprofundado.

Façamos o favor a nós mesmos de sair dessa lógica antropocêntrica que elimina a noção da Natureza como nossa, como nossa origem e local de pertencimento. Que não esqueçamos quem somos e de onde viemos. Que aprendamos a sonhar e nos permitir ser o objeto do desejo do outro. Que sonhemos mais e mais longe. Que aprendamos com nossos sonhos.

Obrigado, povo yanomae, por me ensinar tudo isso.
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Pamela 30/07/2023

Sonhos e os povos originários
O livro não é de uma leitura "fácil", especialmente por conta da especificidade da língua Yanomami e meu total desconhecimento do assunto.
Precisei voltar algumas vezes para melhor compreensão.
No entanto, o trabalho é belíssimo e foi muito enriquecedor para mim.
É possível sentir o respeito de Hanna pela cultura Yanomami e pela pesquisa científica ao longo das páginas.
Consegui sonhar mais e "mais longe" ao longo da leitura.
Que a gente possa ter cada vez mais acesso a preciosidades como esse trabalho.
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Edson.Bezerra 18/05/2023

Leitura obrigatória para pessoas interessadas nos sonhos. É um belíssimo convite para sairmos de nossa condição auto suficiente, enquanto cultura eurocentrada, na pretensão de sermos sabedores de um fenômeno humano tão significativo à nossa saúde emocional e física.
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Lílian 17/05/2023

Lindas e novas formas de sonhar
Os Yanomami sonham muito e têm o costume de compartilhar seus sonhos ainda na rede, bem cedinho pela manhã. Hanna Limulja esmiuça o significado do sonhar e os tipos de sonhos narrados pelos Yanomami. É emocionante acompanhar os rituais e descobrir como somos diferentes, mas estamos todos conectados.
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