Tamires 17/08/2015Margaret Hale (Norte e Sul)“Margaret Hale”, ou “Norte e Sul”, é um romance escrito por Elizabeth Gaskell, publicado originalmente de forma seriada nos anos de 1854 e 1855. Esta edição lindíssima publicada pela Pedrazul Editora conserva o que seria o título “original” da obra, como nos informa a Editora Geral da Pedrazul, Chirlei Wandekoken: “Norte e Sul foi o título escolhido pelo seu editor pioneiro, o escritor londrino Charles Dickens, à época de sua publicação...”. (Nota da Editora)
Se Dickens, ao escolher “Norte e Sul” como título do romance, conseguiu influenciar e despertar um maior interesse do leitor da época, pelo sentido de oposição que tal título exprime, nunca saberemos. O importante é que, independente do título, a história que gira em torno de Margaret Hale é apaixonante e conquista muitos fãs até hoje.
Começamos com Margaret retornando a casa de seus pais depois de uma longa temporada na casa de sua tia, Mrs. Shaw, onde foi companhia de sua prima Edith, até que esta se casa.
A família Hale vive em um presbitério na idílica Helstone, onde tudo é calmo, verde e lindo! Você lê e tem vontade de ir para lá; dá até para imaginar os pássaros cantando!
“Oh, não posso descrever meu lar. É meu lar, e não posso colocar seu encanto em palavras.” (pág. 15)
Mas tudo muda quando eles passam a morar na cidade industrial de Milton. O lugar é cinza, com muitas fábricas e parece triste e insalubre comparado a Helstone. Nesse contexto, Margaret e sua família precisam adquirir novos hábitos e superar o choque cultural de lugares tão opostos.
Em Milton, Mr. Hale começa a ensinar jovens cavalheiros. A partir daí conhecemos Mr. Thornton, um importante industrial da cidade. A amizade entre eles é natural e instantânea. Para Margaret, saudosa do aristocrático sul, é um pouco mais difícil reconhecer as qualidades de Thornton e de sua cidade.
“Mr. Thornton era, talvez, o mais velho dos pupilos de Mr. Hale. Mas ele, certamente, era seu favorito. Mr. Hale adquiriu o hábito de citar as opiniões dele tão frequentemente, e com tanta consideração, que tornou-se uma pequena piada doméstica, imaginar quanto tempo, durante a hora apontada para a instrução, poderia ser dada ao absoluto aprendizado, já que tanto desse tempo parecia haver sido passado em conversação.” (pág. 70)
“‘Não é orgulho da minha parte’, respondeu Mr. Thornton; ‘é o simples fato. Não negarei que sinto-me orgulhoso por pertencer a uma cidade – ou talvez deva dizer um condado – de cujas necessidades trouxeram à luz tais grandezas de concepção. Eu preferiria ser um homem labutando, sofrendo – ou melhor, falhando em sucesso – aqui, que levar uma próspera e monótona vida nos velhos entediantes redutos do que vocês chamam de sociedade aristocrática lá no Sul, com seus lentos dias de descuido e conforto. Pode-se ficar entupido com mel e incapaz de erguer-se e voar.’
‘o senhor está muito equivocado’, disse Margaret, desperta pela calúnia ao seu amado Sul e sendo levada a defendê-lo apaixonadamente, trazendo cor às suas bochechas e lágrimas raivosas aos seus olhos. ‘O senhor não sabe nada sobre o Sul. Se há menos aventuras ou menos progresso – suponho que não devo dizer menos excitação – provocados pelo espírito apostador do comércio, que parece requisito para forçar a criação destas maravilhosas invenções, há menos sofrimento também. Vejo homens aqui andando pelas ruas olhando para o chão, derrotados por algum lamento opressor ou preocupação – que não apenas sofrem, mas também odeiam. Agora, no Sul temos nossos pobres, mas não há aquela terrível expressão em seus semblantes de um doloroso senso de injustiça que eu vejo aqui. O senhor não conhece o Sul, Mr. Thornton’, ela concluiu, caindo em um silêncio determinado, e com raiva de si mesma por haver dito tanto.
‘E devo dizer que a senhorita não conhece o Norte?’, perguntou ele, com uma inexprimível gentileza no tom, já que ele percebera que a magoara.” (pág. 82)
O que dizer de Mr. Thornton? É um personagem apaixonante! Honesto e sincero, desde o início percebemos os seus sentimentos e aflições, pois ele não os nega.
“‘Hei de me colocar aos pés dela, preciso fazê-lo. Se houvesse uma chance em mil, ou em um milhão... eu o faria.’” (pág. 190)
Prepare-se também para conhecer Mr. Higgins e sua família: um drama que você não vai esquecer.
Li com muitas expectativas e todas elas foram superadas! A história é maravilhosa, daquelas que você sente falta quando termina a leitura. A Pedrazul ainda vai publicar “Um Coração para Milton”, de Trudy Brasure, que vai nos permitir ficar um pouco mais no universo dos personagens de “Margaret Hale”. Imperdível!
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