As margens e o ditado

As margens e o ditado Elena Ferrante




Resenhas - As margens e o ditado


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Mih 25/05/2023

Margem e forma
Ferrante foi a autora que criou margens em mim para o desejo de escrita, algo que me acompanha desde a infância mas que há exatos 3 anos ? quando me encontrei com sua escrita ? tomou forma.
Esse é um livro sobre margens e forma. Um livro sobre como a leitura e escrita são indissociáveis, sobre como essa linha entre escrita própria e reprodução é tênue.
O que fazer com essa necessidade de narrar o que nos acontece?
Ferrante não responde essa pergunta, mas o que ela faz nesse livro é algo mais valioso: ela tece um fio do qual podemos nos servir.
Luiz.Barbieri 26/05/2023minha estante
Ai ai. E eu sofrendo tanto com o problema da escrita e sendo bombardeado por todos os lados por questões e impasses desse tema. Vou querer comprar esse aí


Mih 30/05/2023minha estante
Esse bateu bem no fundo da minha neurose obsessiva haha, recomendo muito!


Luiz.Barbieri 01/06/2023minha estante
Aí sim. (Não esqueci da tua carta, só estou cheio de coisas para fazer, mas respondo em breve)




Flávia Menezes 21/12/2023

E DE UMA COSTELA... NASCE UMA ESCRITORA.
?As Margens e o Ditado? é um livro de ensaios que foi publicado em 9 de dezembro de 2022 de uma das autoras mais misteriosas e prestigiadas da atualidade, a italiana que é conhecida pelo seu pseudônimo de Elena Ferrante.

Para mim, Elena não é apenas uma escritora e romancista talentosa, mas também é dona de uma habilidade extraordinária para manter sua identidade real bem longe dos holofotes. O que só a coloca no rol dos célebres da literatura mundial que preferiram a reclusão (seja durante o processo criativo ou após este), como foi o caso de Marcel Proust que passou as três últimas décadas da sua vida confinado em um quarto para concluir a sua obra monumental ?Em busca do tempo perdido?.

Mas esse tipo de ostracismo dos grandes escritores chega até a ser parte da mitologia da literatura, porém, o mais brilhante aqui, é que Elena vai muito adiante nessa questão do isolamento, pois de fato sequer se sabe quem ela é (e se de fato ela é ela mesmo!), o que apenas aumenta o interesse dos leitores por suas obras.

O que Elena quis trazer através desses ensaios, e que é muito diferente de uma aula sobre Escrita Criativa, é a própria subjetividade da sua escrita.

Logo no início, Elena nos faz compreender algo muito singular de sua personalidade que é o gosto pelos limites e a organização, colocando-o em seguida em contraste com o seu desejo pela desordem quando infringe todas as normas e expectativas ao deixar que suas histórias sigam rumos tão diversos, que não tenham a mínima obrigação de seguir nenhum tipo de coerência ou coesão textuais.

?As margens e o ditado? uni três conferências realizadas em 2020 e que fizeram parte do Eco Lectures, um projeto do Centro Internazionale di Studi Umanistici Umberto Eco, que foi idealizado pelo próprio Eco no início deste século, na Universidade de Bolonha.

Por ordem de apresentação no livro temos:

1) ?A caneta e a pena?: neste capítulo somos conduzidos pela história de vida da autora, que descreve de forma poética e sentimental sobre o seu processo de alfabetização onde, entre os limites geográficos das linhas e páginas e a conquista da liberdade através do processo criativo, tem-se um processo de cisão que dará forma a duas Elenas: a Ferrante (persona) e a Greco (personagem). Aqui Elena conceitua o que é a margem (imagem gráfica) do ditado (códigos gráficos), dando um mergulho em águas mais profundas no que compõe uma palavra (ou a letra) para falar sobre a construção de uma escritora, indo ao cerne da prática literária desenvolvida por mulheres, daquela que é exercida por homens, ao longo da história.

2) ?Água Marinha?: neste capítulo, Elena fala com muita maestria sobre a concretude versus conceito, descrevendo com sensibilidade seu processo de descoberta sobre o uso das descrições, onde ela foi percebendo (conforme se dava a maturidade da idade e como escritora) que, quanto mais ela buscava uma descrição minuciosa de algo, mais se distanciava dele, percebendo assim as armadilhas da descrição, que ao mesmo tempo que pode confere ao leitor a exatidão de algo, ao mesmo tempo, se distancia das emoções que envolvem esse algo a ponto de lhe conceder tanta importância que passou a ser parte fundamental em uma narrativa.

3) ?Histórias, eu?: este é um capítulo em que Elena nos fala sobre a formação da identidade da escritora mulher. É belo quando ela fala sobre as influências de outras escritoras mulheres que moldaram sua própria escrita, mostrando o poder que esse feminino tem de evidenciar a essência da escritora.

4) ?A Costela de Dante?: através das figuras cristãs de Eva que foi criada a partir da costela de Adão, mas também referenciando à obra de Dante, Elena vai refletindo sobre as diversas leituras que fez sobre a obra do autor em diferentes fases da vida, tecendo uma análise sobre a metalinguagem e as figuras de linguagem que encerra este livro nos revelando um quadro final sobre a experiência da escrita que vai desde a parte concreta do ato de pegar a caneta e começar a escrever em um papel, até a sua mais complexa construção de sentidos.

Muito embora este não seja um livro que ensine o leitor sobre a arte de escrever, eu penso que todos aqueles que possuem esse belo dom nas veias poderá se beneficiar ainda mais, porque aqui, ao nos colocar diante do desenvolvimento da Elena escritora até atingir a sua maturidade na escrita, vamos refletindo sobre o nosso próprio mundo, singular e individual, para compreender do que a nossa própria escrita se compõe, até conseguirmos dar forma a nossa identidade de escritores, que ora se funde e ora se fragmenta da nossa identidade de persona.
Karen.V 21/12/2023minha estante
E pode ter certeza que você está entre essas pessoas que possuem o dom da escrita ? Uma resenha mais perfeita do que a outra ??????????


Flávia Menezes 21/12/2023minha estante
Aaaaaah Karenzinha!!! Você me deixou sem palavras agora! De verdade! ? Você é incrível! Obrigada mesmo, de coração, pelas suas palavras! ??




Bruna 20/04/2023

As Margens e o Ditado
Elena Ferrante, entenda, você é tudo pra mim!!!!!!!! Obrigada por escrever e existir.
Como que pode ser genial em tudo que se propõe desse jeito????
Biafort.Meireles 20/04/2023minha estante
Também amo essa autora ??




Linard 02/01/2023

Para entender Ferrante
Os quatro ensaios que integram este livro trazem a já conhecida qualidade de escrita da autora e são muito elucidativos sobre a tradição literária com a qual ela se associa. Conseguimos, por meio desta leitura, entender de onde surge a preocupação que ela demonstra ter em seus escritos sobre as figurações do feminino na sociedade e na literatura. Muito bom.
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Anna2486 06/01/2023

Frantumaglia resumido
Ótimo pra qm quer entender melhor o processo de escrita da ferrante. A grande sacada é como ela passou do estilo de a filha perdida para o da tetralogia napolitana, a voz da ?outra? para narrar.
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Rahrt 10/01/2023

Deve ser muito bom viver na cabeça da Elena Ferrante
O livro trás quatro ensaios incríveis que te fazem abstrair de tudo por duas horinhas. É quase como se você puxasse ali uma cadeirinha, sentasse pra tomar um café e ficasse ouvindo Elena Ferrante falar sobre seu processo de escrita - e tudo o que vem com isso.
Leitura muito agradável e fluída. Essa mulher é genial.
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Gab 12/01/2023

Sobre os prazeres de ler e escrever
eu gostei bastante, me surpreendi, ela escreve mto bem, até agr só li "a filha perdida", são livros bem diferentes dos q ela publica, é sobre ela basicamente, sobre sua escrita, suas influências, muitas citações incríveis, e é um livro pra entrar na mente de Elena Ferrante, marquei algumas citações, algumas frases, achei bem interessante e bem legal
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Anderson 12/01/2023

Coletânea de ensaios de Elena Ferrante em que a autora discorre sobre questões de seu processo enquanto escritora. Para quem já leu Frantumaglia, fica parecendo mais um complemento. Acredito que este livro tenha sido publicado na esteira do nome consolidado de Ferrante, sendo mais um produto comercial, apesar de seu inegável valor ensaístico.
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Tamires 12/01/2023

As margens e o ditado, de Elena Ferrante
Lançamento de janeiro deste ano pela Intrínseca, As margens e o ditado, de Elena Ferrante, já era esperado com grandes expectativas pelos leitores brasileiros, visto que o livro de ensaios já vinha sendo publicado em outros países desde 2021. Se você perguntar para qualquer #ferranter, com certeza grande parte vai afirmar ter reservado o livro na pré-venda, tamanha a vontade de ler algo novo da escritora italiana.

Talvez esse seja o problema das grandes expectativas: com a régua muito alta, a gente pode se frustrar.

Calma, não vou dizer que o livro é ruim, de jeito nenhum! Mas ele não é m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o como eu pensei que seria. Não é incrivelmente profundo e revelador como Frantumaglia, por exemplo. É um bom livro de ensaios-da-Elena-Ferrante. E só.

“Escrever é apoderar-se de tudo o que já foi escrito e aprender aos poucos a gastar aquela enorme fortuna”. Ensaio Histórias, eu.

Meu ensaio favorito é A caneta e a pena, justamente sobre as margens da escrita: começando com as das folhas dos cadernos escolares, seguida das margens do pensamento. Me veio à memória o conceito de desmarginação, tão explorado não só tetralogia (explicitamente), mas escrita de Ferrante em geral.

Em Água-marinha, o ensaio mais interessante, Ferrante nos mostra como usou o lema diga a coisa nos limites do possível em seus romances mais curtos Um amor incômodo, Dias de abandono e A filha perdida e como o entrelaçamento de histórias e o uso da primeira pessoa como estrutura sempre autobiográfica foi o caminho que ela trilhou na escrita de A amiga genial. O próprio genial do título do primeiro volume de sua tetralogia talvez tenha vindo por influência da Autobiografia de Alice Toklas de Gertrude Stein. Nós sempre saímos de uma leitura de Elena Ferrante com mais sugestões de leitura, isso é (um ótimo) fato!

Além desses dois ensaios, também integram o volume Histórias, eu e A costela de Dante. As margens e o ditado é um livro de leitura rápida, para fazer calmamente em uns dois dias. Se você estiver de folga ou de férias e puder ficar por conta, até menos que isso. Apesar das expectativas levemente frustradas, é sempre muito interessante toda oportunidade de ler Ferrante “fora da ficção” (as aspas se devem por um pseudônimo ser, de todo modo, uma forma de ficção). Como Frantumaglia (ou uma extensão desse livro), é uma leitura que agradará principalmente aos leitores da autora italiana, os (carinhosamente nomeados) #ferranters do início da resenha. Li no e-book, liberado na Amazon antes da data da pré-venda; foi a minha primeira leitura (de livro inédito) de 2023. Antes dele, reli A vida mentirosa dos adultos. Posso dizer que comecei o ano literariamente muito bem.

site: https://www.literaturablog.com/resenha-as-margens-e-o-ditado-de-elena-ferrante/
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Isabelle.Jaguszewski 10/05/2024

Elena Ferrante é realmente algo a parte. se ela considera difícil escrever algo novo e se impulsionar sobre o pensamento do outro, é porque está aberta para absorver tudo o que lê, vê e toca. em todos os seus livros é possível perceber essa fagia de si mesma e de tudo que a permeia.
fascinante poder entrar na cabeça dessa autora sem precisar desconfiar do que é ela e o que ela inventou. que acaba sendo ela também, mas em uma nova forma.
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Rebeca.Waltenberg 14/01/2023

Para quem já conhece a obra de Ferrante
Sempre emocionante ler sobre as intenções que originaram personagens tão queridas, como Lenù e Lila. Interessante conhecer um pouco sobre as referências literárias de Ferrante e o momento histórico que a formou. A autora aborda também o desafio de ir contra "a língua ruim", que historicamente não acolheu a verdade feminina, reconhecendo o desafio de todas nós, mulheres, de escrevermos, não desperdiçamos nossas "linhas ao vento". Um capítulo do livro é dedicado ao seu amor por Dante e pela sua Divina Comédia. Recomendo o livro para quem já leu outros livros da autora.
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Carol 15/01/2023

Impressões da Carol
Livro: As margens e o ditado {2021}
Autora: Elena Ferrante {Itália}
Tradução: Marcello Lino
Editora: Intrínseca
128p.

Na prefácio que escreve à edição da Cia das Letras de "Léxico Familiar", de Natalia Ginzburg, Alejandro Zambra afirma "que há livros que provocam em seus leitores o desejo de escrever". É este o caso de "As margens e o ditado", de Elena Ferrante.

São quatro ensaios breves acerca do processo de escrita de um livro, das referências da autor, de suas inspirações, de suas reflexões, de seu cuidado com a própria obra. Na forma de um bate-papo casual.

Em "A caneta e a pena", ela observa Cecília aprendendo a escrever, para refletir sobre uma escrita aquiescente - ordenada, que aprendemos na escola e, geralmente, "masculina" - e uma impetuosa, desmarginalizada, convulsa. É o meu ensaio favorito.

"se eu queria ter a impressão de escrever bem, devia escrever como um homem, mantendo-me firmemente dentro da tradição masculina; mas sendo mulher, eu só podia escrever como mulher se violasse o que estava procurando diligentemente aprender da tradição masculina." p. 26

Nos ensaios "Água-marinha" e "Histórias, Eu", Ferrante nos dá um vislumbre de seu processo criativo. Como criar suas primeiras narradoras e enxergar-se nelas, permitiu-lhe imaginar: "a eu que escreve não como uma mulher que, entre suas muitas outras atividades, faz literatura, mas como exclusivo fazer literário, uma autora que, gerando a escrita de Delia, Olga, Leda, gera a si mesma." p. 56

Como lendo um livro de Adriana Cavarero, reparou na expressão 'a outra necessária' - este impulso das mulheres para se narrarem e sobre o desejo delas de serem narradas. E a partir da leitura de "A autobiografia de Alice B. Toklas", de Gertrude Stein, a amizade entre Lenu e Lila tornou-se mais corpórea, era a "Tetralogia Napolitana" formando-se em sua mente.

Por fim, Ferrante nos brinda com uma análise refrescante de A Divina Comédia, na figura de Beatriz, em "A costela de Dante". Como diz minha amiga genial @tatianne.dantas, os clássicos nos interessam à medida que possam ser profanados.

Leiam Elena Ferrante. Gênia.
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Lua 18/01/2023

Educada a estar entre margens
Ler Elena Ferrante é, para mim, uma espécie de terapia. Como se eu estivesse ouvindo a alguém muito querido me dando conselhos sábios a serem levados para a vida toda.
Neste livro, a autora convida o seu leitor a entender de onde veio sua veia ?escrevinhadora? trazendo referências literárias e do próprio campo pessoal de sua realidade.
Assim, é possível compreender que a força da sua escrita está pautada em bases fundamentais de estrutura literária, mas o que realmente move sua narrativa é a subversão dos caminhos, o tumulto, o realismo da vida em choque constante com a rotina. Especialmente no que envolve o feminino.
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Karol 22/01/2023

Ensaios
Elena Ferrante desnuda suas influências e seu processo criativo nestes quatro ensaios escritos para uma série de palestras na Universidade de Bolonha. Por óbvio, ela não compareceu, mas enviou os textos, que foram encenados por uma atriz e que, transformados em livro, trazem um pouco da alma da autora que tem encantado o mundo com suas histórias e com a força de suas personagens femininas.
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Yasmin O. 23/01/2023

Encantada com esse livrinho potente, que é um deleite para os leitores apaixonados de Elena Ferrante. Tem muita coisa para pensar sobre ele, muitas referências literárias (quero ler A autobiografia de Alice B. Toklas da Gertrude Stein tipo agora) mas o que mais me emocionou foi a relação que a autora traçou entre a dinâmica de Lenu e Lila e o seu próprio caminho literário, o ordenado e o convulso, as margens e a desmarginalização, se completando e se fundindo, uma escrita que estimula o início de outra escrita, "habitar as formas e depois deformar tudo". Amor renovado.
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