A Morte de Ivan Ilitch e Outras Histórias

A Morte de Ivan Ilitch e Outras Histórias Leon Tolstói




Resenhas - A Morte de Ivan Ilitch e Outras Histórias


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Margô 09/01/2022

Reflexões. Morte, Ciúmes, e Orgulho.
Como apresentar uma obra de tanto primor?
Eu diria, que nem tanto na escrita, ( gosto mais dos nossos brasileiros escrevendo, rss) mas principalmente no que se propõe a apresentar, em cada conto orquestrado por sentimentos diversos e que nem sempre estão presentes no dia a dia das pessoas.
Mas uma hora acontece! Não vivemos todos os infernos da alma...alguns chegam pra nós.
Foi assim que senti em cada capítulo dos contos do mestre Léon Tolstói.

A princípio a morte, e mais do que a morte, o descaso de quem vive com o moribundo, diante da sua morte, e do próprio Ivan em vida, quando vive um casamento de aparências, e a insaciável busca do status na sociedade moscovita.

Mais uma vez, vejo o mito da família, se desfazer como açúcar na água...
Depois nos é apresentada uma versão da Capitu Russa, é isso mesmo!
Em Sonata a Kreutzer veremos um Bentinho agressivo, de ciúmes doentio , e que termina com a mesma pulga atrás da orelha, que Machado de Assis deixou com Dom Casmurro. Achei ótimo!! Sem mais palavras. Odeio spoilers...

O último, "O padre Sêrgui" é uma bela lição do quanto a soberba e o orgulho nos deixa em situação de penúria espiritual.
A história do soldado belo e ambicioso desemboca em uma trajetória de fé, sacrifício e procura do " eu" que se perdeu, e o leitor vê de forma bem estruturada a caminhada desse homem que perde a oportunidade de ter uma vida plena, mesmo que não tão feliz, por conta do orgulho que ostenta até o final dos seus dias...
Mas, veja como você analisa o final?
Eu particularmente, gostei e me surpreendeu!
Super-indico.
Margô 09/01/2022minha estante
Desculpa pessoas, onde escrevi Quincas Borba, na resenha é Dom Casmurro...rsss


Tati 13/01/2022minha estante
Não li os outros 2 contos, mas a morte de Ivan traz muitas reflexões e está que vc pontuou também me chamou atenção, o descaso dos que estavam ao seu entorno com ele doente e depois morto, mas também me chamou atenção do quanto ele também foi responsável por essa situação. Gostei do que disse dos outros contos, talvez eu leia agora.




Luana 24/02/2022

Soco no estômago
Este livro é praticamente perfeito.
Perfeito para quem quer começar a leitura de literatura russa, para quem gosta da escola realista ou para quem gosta de sentir aquele ?soco no estômago? quando lê um livro denso como este.

O livro reflete a vida e a morte por meio de um enredo simples e direto. E faz isso magistralmente.

Engraçado (para não dizer triste) como a situação deste livro (escrito no século XIX) ainda é perfeitamente aplicável aos dias de hoje.

Triste. Realista. Perfeito.
Amanda 05/03/2022minha estante
Coloquei na minha lista só pq vc indicou com paixão. Só não sei qdo terei a mesma coragem que vc tem pra encarar.




Cássia 08/09/2021

Espetáculo
Tô tentando me preparar pra enormidade de coisas que gostaria de mencionar sobre esse livro, mas é uma obra tão maravilhosamente boa que não sei nem por onde começar. Primeiramente, deve ficar claro que esse livro foi uma cobrança de uma matéria da faculdade, então digamos que eu esperava por algo extremamente difícil de entende, complexo e confuso, contudo, eu me surpreendi extremamente positivamente com o livro. Essa edição é maravilhosa e apresenta 3 contos do Tolstói. O primeiro conto, é ?A morte de Ivan Ilitch? que é uma obra genial, não poderia ter lido em momento melhor, pois ultimamente tenho me questionado muito sobre a vida que levo e o quanto desta estou aproveitando, assunto que é extraordinariamente bem colocado neste conto. O 2º conto, é a ?Sonata a Kreutzer?, eu me senti extremamente abalada com o personagem principal, e de certo modo eu o odiei, mas entendo que Tostói representou magnificamente bem o assunto e a realidade da época (mesmo que possa ser facilmente assemelhada à atual). O último conto "O padre Sergui? também é uma magnífica obra e trata do assunto da religiosidade, o que fez com que eu me questionasse inúmeras vezes acerca do assunto, sem mencionar o final que foi perfeito.
Sem dúvida, 5 estrelas e favoritado.
Cássia 08/09/2021minha estante
O Skoob retirou a edição da resenha? ???




Jhonatan 07/04/2011

Por Jhonatan Carneiro (Coolture News)
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“A obra de L. Tolstói é complexa e instigante, aguça nossa auto-reflexão e todas as ‘questões malditas’ da existência humana.” – Elena Vássina

Por meio de exímia editoração e perfeito trabalho de edição, a Editora Amarilys nos trás “A Morte de Iván Ilitch e outras histórias”, livro composto por quatro obras do célebre autor russo Lev Tolstói. Autor caracterizado por possuir um estilo simples e poético, Tolstói é um dos grandes nomes da literatura russa, sendo o fundador do “tolstoísmo”, sua doutrina própria que tem como fundamento e aspecto central a característica do escritor-moralista.

A novela que intitula o livro e que está presente em seu início é “A Morte de Iván Ilitch” e foi escrita em 1886. Nela são narrados, em um momento póstumo, fatos da vida de Iván Ilitch, advogado aparentemente bem sucedido e bem-casado. Entretanto, o que se descobrirá posteriormente, será a verdadeira frialdade do ser humano perante o sofrimento alheio. Enquanto Ivan Ilitch definha, por uma doença não diagnosticada precisamente, sua família dá atenção à assuntos diversos. O grande trunfo de Tolstói é o sublime final desta novela, que consegue nos surpreender e emocionar.

“Iván Ilitch ouviu essas palavras e repetiu-as na sua alma. ‘Acabou-se a morte’, disse consigo mesmo. ‘Ela não existe mais.’” – Página 104.

Abrangendo um tema mais social, em “Senhor e servo”, novela escrita em 1895, Tolstói nos apresenta a relação entre Vassili, um senhor rico e dono de terras, e Nikita, pobre camponês que serve fielmente a Vassili. Devido à ânsia de fechar um ótimo negócio, Vassili decide viajar numa noite nevada. Nikita, incumbido pela esposa de Vassili para acompanhá-lo até seu destino, o faz de bom grado. No entanto, essa viagem acabará sendo muito mais dura do que o imaginado, chegando ao ponto de tornar-se uma verdadeira prova de fogo para ambos os envolvidos, onde haverão sérias dúvidas sobre seus respectivos passados e a possibilidade ou não de futuro.

“Enrolada no xale até a cabeça, de modo que só seus olhos estavam visíveis, grávida, pálida e magra, a mulher de Vassili Andrêitch despedia-se dele no vestíbulo.” – Página 113.

Por sua vez, em “O Prisioneiro do Cáucaso”, novela escrita em 1872, vemos as provações de Jílin, soldado que, à caminho de uma visita à sua avó moribunda, é prezo e mantido em cativeiro pelos Tártaros. Devido a tal acontecimento, Jílin é vendido como escravo, e acaba tendo que sobreviver com poucas provisões e muito sofrimento. Entretanto, Jílin demonstra-nos a importante lição: faça o bem, que com o bem serás pago. Desta forma, mesmo enfrentando toda a sorte de dificuldades, Jílin as superas.

“Olhou para cima: as estrelas brilhavam alto no céu e, na boca da fossa, brilhavam os olhos de Dina, quais olhos de gato.” – Página 214

Findando o livro, encontra-se o conto “Deus vê a verdade, mas custa a revelar”, escrito no ano de 1872. Nele,conhecemos Aksiónov, honesto comerciante que, certo dia, durante uma viagem de trabalho, é acusado da morte de outro comerciante, o qual dormia consigo no mesmo quarto. Depois de revistado, e constatada a presença da arma do crime – uma faca – na bolsa de Aksiónov, ele é levado para a prisão e lá permanece durante muito tempo. Entretanto essa situação acaba abalando-se com a chegada de Macar Semiónitch, um condenado que guarda consigo um segredo.

“Aksiónov foi condenado ao castigo dos açoites e ao desterro com trabalhos forçados. E assim foi feito. Ele foi chicoteado; depois, quando as feridas causadas pela chibata cicatrizaram, foi banido para a Sibéria, com outros condenados às galés.” – Página 225

Caso houvesse a difícil necessidade de resumir essa coletânea de Tolstói em uma única palavra, intitular-lhe-ia: edificante. São histórias para fazer-nos pensar, refletir, emocionar.

Sobre o Autor:

Lev Nikoláievitch Tolstói nasceu em 28 de agosto de 1828, em Iasnaia Poliana, propriedade familiar de sua mãe, princesa Maria Volkónskaia (ela pertencia a uma das mais nobres e antigas famílias russas). Criado no meio da alta sociedade russa, Tolstói, apesar de não ter concluído o curso na universidade de Kazan, conseguiu obter perfeita educação e falava fluentemente várias línguas. Dentre as obras publicadas, encontram-se: Infância, Contos de Sebastópol, Os cossacos, Guerra e paz, Anna Kariênina, A morte de Iván Ilitch, entre outras.
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Sávio 11/12/2012

Imperdível
Há algum tempo vinha buscando a literatura clássica russa para conhecer um pouco. Li Crime e Castigo, fato que aumentou e muito minha vontade de conhecer os demais escritores. Os contos de Tolstói selecionados aqui neste livro sāo sensacionais e imperdíveis. Recomendo a leitura.
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Michelle Trevisani 14/05/2018

Adorei a experiência de ler um clássico!
Oi gente! Tudo bem? Hoje a resenha que trago aqui para vocês é de um autor que fazia tempo que eu estava namorando para ler. SIIMM COMPANHEIROS, esse foi meu primeiro Tólstoi! Ieeebaaaaa! Nem acredito que consegui finalizar um livro desse autor! Sabe quando você fica com aquele tremendo receio de que não vai conseguir acompanhar (porque Tolstói é um super clássico, achei que teria muitas dificuldades de acompanhar o pensamento filosófico dele) ou de que talvez não goste tanto, então por isso fui protelando, protelando, mas esse ano, resolvi deixar o preconceito de lado e mergulhar nessas águas dramáticas nas quais Tolstói resolveu me navegar.

Confesso que talvez essa edição belíssima da editora Martin Claret tenha me ajudado muito a degustar de uma boa leitura. A capa é vazada, um luxo, e as letras são ótimas para serem lidas. Me senti super confortável durante a leitura. A tradução de Oleg de Almeida também está impecável e a revisão do livro está de parabéns, não encontrei nenhum erro ortográfico aparente durante a leitura.

Já na introdução do livro tomei um puxão de orelha quando Oleg de Almeida relata: "O nome de Leon Tolstói, um dos mais consagrados mestres da prosa russa, não precisa de comentários. Seria muito difícil encontrar, neste mundo globalizado de hoje, uma só pessoa minimamente instruída que nunca tenha lido seus romances [...]" - prazer, essa pessoa sou eu! hahah! mas isso acaba de mudar, porque EU TERMINEI UM TOLSTÓI! YESSSS!

Neste livro vamos encontrar 3 contos deste mestre, então vou comentar um pouco do que achei de cada uma das histórias narradas.

- A morte de Ivan Ilitch: Este talvez um dos mais conhecidos dos três contos, vai narrar a trajetória de Ivan Ilitch, um burocrata russo, que se vê frente à frente com um dos talvez maiores medos da humanidade: a morte. E por estar tão transformado por essa perspectiva, começa a refletir sua vida pouco entusiasta. Para ele estava bom ter uma vida confortavelmente estável, mas a medida que vamos conhecendo o personagem, percebemos que pouco produtivo foi seus dias, todos muitos parecidos, insossos, e sem graça. E a culpar os parentes próximos de sua condição virou seu passatempo quando passou a contrair uma doença terrível. Já na beira dos fim dos dias, percebe que está com medo, muito medo, mas o autor embrenha o leitor em uma reflexão de que será o que medo é mesmo da morte ou de ter se vivido uma vida pela metade? Com muita aflição vamos acompanhando a vida de Ivan, de seu casamento que não foi lá grande coisa, de seus sonhos que nem sequer foram sonhados, a derrocada da vida humana, sem muitas perspectivas, o que torna o conto triste e nos faz acordar para o que estamos fazendo de produtivo em nossa vida.

- Sonata a Kreutzer: Este conto, talvez não tão conhecido de Tolstói me chamou muito a atenção. Achei um texto muito avançado para a época, onde pude encontrar reflexões do autor a cerca do maior dos acordos de todos os tempos: o casamento. E não só sobre o enlace matrimonial o autor discute, mas no texto podemos encontrar reflexões sobre desigualdade de gênero (oi? isso mesmo! inclusive na nota de Oleg na introdução do livro, ele relata que esse conto de Tolstói foi meio que abafado na época, para não levantar ideias "erradas" nas cabecinhas das mulheres hahaha), discute o sistema de classes, princípios morais, e, dentre outros assuntos, o adultério. Fiquei mais pro final do conto me sentindo quase no livro de Machado de Assis, o Dom Casmurro, porque o personagem principal do conto, acredita que sua esposa amada o está traindo com um violinista. E ele, o Pózdnichev, fica extremamente perturbado com essa dúvida, apesar de ter narrado anteriormente que seu casamento foi uma eterna briga atras de briga. Mas é sempre assim né? Pessoas acham que o casamento está uma droga, mas apronta pra ver? Daí o traído acha que o casamento era o melhor do mundo e que sua esposa não tinha o porque arranjar outro! hahaah. Outro conto bastante dramático do autor que gostei bastante.

- O padre Sêrgui (ou o padre Sérgio, como esse conto é bastante conhecido também): Neste conto, vamos encontrar a peregrinação de Stiepán Kassátski, que após sofrer uma desilusão amorosa (fiquei bastante chocada com o porque o coitado sofreu essa desilusão) resolve seguir carreira religiosa. Ao se tornar um monge, depois de alguns anos se purificando e rezando mundo, passa a usar o nome de padre Sêrgui. Porém, apesar da escolha do caminho religioso, acompanhamos um personagem que constantemente está em busca de se auto afirmar, de buscar por uma melhor posição, e nessa busca frenética por ser alguém mais, talvez o seu principal propósito que é amar a Deus e ser puro seja uma condição constantemente contestável por ele próprio. Sêrgui tem crises existenciais constante, e vive a lutar com os demônios que lhe são apresentados durante a sua vida religiosa, com o intuito de se manter puro. Sêrgui vai se deparar então com o terrível questionamento que constantemente nos fazemos: será que Deus realmente existe? Por que não conseguimos alcançar a fé sega, que muitos parecem propagar? E essa humanidade do personagem, suas fraquezas, nos fazem refletir em nossa própria condição humana, nossos medos, dúvidas, exageros durante a existência nesse vasto mundo cercado de informações que temos.

Leia o restante da resenha no meu blog :> LIVRO DOCE LIVRO

site: http://meulivrodocelivro.blogspot.com.br/2018/05/resenha-morte-de-ivan-ilitch-e-outras.html
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Alan Martins 14/07/2018

A filosofia de um mestre russo
Título: A morte de Ivan Ilitch e outras histórias
Autor: Leon Tolstói
Editora: Martin Claret
Ano: 2018
Páginas: 288
Tradução: Oleg Almeida

“[…] o casamento sem amor não é um casamento de verdade, é que apenas o amor consagra o casamento e que o verdadeiro casamento é só aquele consagrado pelo amor.” (TOLSTÓI, Leon. Sonata a Kreutzer. In: A morte de Ivan Ilitch e outras histórias. Martin Claret, 2018, p. 111)

Continuando com as publicações de grandes clássicos da literatura russa, a editora Martin Claret apresenta uma edição que contém três grandes obras de Tolstói, um dos principais nomes da literatura mundial.

UM HOMEM, MUITOS NOMES
Isso é apenas uma brincadeira com o fato de Tolstói ser chamado de maneiras distintas por cada editora brasileira que já o publicou. Leon, Liev, Lev; não importa, Tolstói é reconhecido, pelo mundo todo, como um mestre, um gigante da literatura.

Autor de clássicos como ‘Guerra e paz’ e ‘Anna Karenina’, Tolstói é sempre citado como um ícone do realismo. Muitos grandes autores de seu tempo (o século XIX), como Gustave Flaubert, Fiódor Dostoiévski e Anton Tchekhov, elogiaram-no, reconhecendo seu talento.

Suas obras são profundas e grandiosas, tanto em tamanho, quanto em qualidade. São leituras filosóficas, com aprofundamento nos sentimentos e pensamentos de seus personagens. A religião sempre o atraiu, principalmente o Cristianismo, o Budismo e o Hinduísmo, uma característica que aparece em diversas de suas obras.

“Sempre o mesmo. Ora brilha a centelha de esperança, ora se desenfreia todo um mar de desespero, e sempre a mesma dor, a mesma dor e a mesma angústia, e sempre a mesma coisa.” In: A morte de Ivan Ilitch, p.80

TRÊS GRANDES HISTÓRIAS
Esse livro é composto por três histórias: duas novelas (texto em formato de prosa, um pouco maior que um conto, porém não chegando a ser um romance) ‘A morte de Ivan Ilitch’ e ‘Sonata a Kreutzer’; e um conto, ‘O padre Sêrgui’.

Dentre essas obras, a mais conhecida delas é ‘A morte de Ivan Ilitch’, novela já publicada por diversas editoras brasileiras. Como o título indica, o fato central dessa história é a morte do personagem Ivan Ilitch, um funcionário público que cresceu na vida, sempre subindo de cargo, tornando-se uma pessoa rica. Porém, apenas no final de sua vida ele se dá conta de tudo aquilo que abriu mão em prol de sua ascensão profissional.

Em ‘Sonata a Kreutzer’, Tolstói apresenta o diálogo entre dois personagens que seguem viagem em um trem. A conversa é sobre como um deles acabou por assassinar a própria esposa, um crime que envolve ciúmes, amor, insegurança e machismo. Por fim, temos a história da vida do padre Sêrgui, um ex-militar que, após descobrir a traição de sua noiva, decide se dedicar à religião; algo nada fácil, já que ele precisará lutar contra seus instintos e desejos, a fim de alcançar uma “vida santa”.

“[…] o próprio fato de uma pessoa bem conhecida ter morrido provocou em todos os que estavam a par disso — aliás, como sempre — uma sensação de alegria: Fulano morreu e a gente está viva. In: A morte de Ivan Ilitch, p. 21

FILOSOFIA E PROFUNDIDADE
Os contos reunidos nesse livro são todos bastantes filosóficos, com algumas características religiosas também, algo do próprio autor. Um acontecimento terrível, como a morte, pode nos fazer repensar a vida. É o que acontece com Ivan Ilitch, que adoece e morre aos poucos, sofrendo a cada dia. Nesse momento de necessidade, ele carece da presença e do amor dos filhos e de sua esposa, pois sua atenção nunca fora voltada à família, mas sim ao emprego, ao sucesso. As pessoas encaram a morte de maneiras diferentes. São os pequenos detalhes que são cultivados diariamente e que uma hora podem fazer falta. Vale ressaltar a sensibilidade de Tolstói para com o fato de que, à beira da morte, ou quando ficamos muito debilitados, nosso estado psicológico é completamente abalado, há uma grande angústia e necessidade de atenção, praticamente um retorno aos primeiros estágios do desenvolvimento humano. É uma leitura que mostra como um psicólogo pode ser importante em um hospital, por exemplo.

Debates sobre os direitos femininos já estavam começando ao redor do mundo na época de Tolstói, fato que compõe um dos pontos principais de ‘Sonata a Kreutzer’, onde um homem não consegue aceitar as mudanças do mundo, alimentando um pensamento extremamente antiquado, alguém que não acredita no amor, mas sim em casamentos arranjados. Seu desejo de ser superior à mulher estraga seu casamento, que é conturbado por brigas e discussões. Qual mulher aguentaria um homem autoritário assim? Porém, o fim desse casamento é trágico, com esse homem cometendo um crime. Ademais, sua visão sobre o sexo é bastante distorcida, o libertino que deseja ser puro (hipocrisia).

Desejos carnais reprimidos é um tema presente em ‘O padre Sêrgui’. A religião — Católica Ortodoxa nesse caso —, é grande repressora dos impulsos sexuais, o que impõe um grande desafio a um homem; não é fácil lutar contra os desejos. Nesse conto há um grande debate religioso, com o personagem Sêrgui tornando-se um eremita, na tentativa de fugir das tentações. Entretanto, por ironia, ele acaba se tornando famoso, um realizador de milagres. Mas será que isso é certo? Recompensador? É possível fugir dos problemas do mundo, ou será mais fácil enfrentá-los?

São três histórias profundas e densas. Uma leitura reflexiva e extremamente recompensadora. Tolstói é um dos maiores autores de todos os tempos.

“[…] Piotr Ivânovitch acalmou-se e passou a averiguar, curioso, os pormenores do falecimento de Ivan Ilitch, como se a morte fosse uma aventura peculiar tão somente a Ivan Ilitch, mas não dissesse respeito a ele próprio.” In: A morte de Ivan Ilitch, p. 28

SOBRE A EDIÇÃO
Edição muito bonita. Capa dura, páginas em papel off-white, boa diagramação e margens. Há um diferencial na capa desse livro: a parte laranja, que representa o Sol, é um recorte, ou seja, a capa é “furada” (a cor alaranjada que vemos é a folha de guarda). Um detalhe incomum, que ficou bem legal.

Tradução direta do russo, mais um trabalho do grande Oleg Almeida para a editora Martin Claret, parceria que vem trazendo clássicos da literatura russa com traduções diretas do original. Gosto do estilo desse tradutor, sempre tentando manter-se fiel, optando por utilizar notas de rodapé (que são várias nessa edição) ao invés de adaptar o texto. Oleg já concedeu uma entrevista ao blog.

“Libertam a mulher nos cursos e nas câmaras, porém a consideram um objeto do prazer.” In: Sonata a Kreutzer, p. 150

CONCLUSÃO
Com tradução diretamente do russo, feita pelo excelente profissional Oleg Almeida, essa edição (que está linda) contém três grandes histórias de um dos maiores nomes da literatura russa: Leon Tolstói. O leitor terá em mãos as novelas ‘A morte de Ivan Ilitch’ e ‘Sonata a Kreutzer’; e o conto ‘O padre Sêrgui’. São obras escritas com grande densidade filosófica, psicológica e, de certo modo, religiosa. É um livro para quem gosta de ler e refletir a respeito daquilo que foi lido, histórias que levantam um debate, porém sem realmente tomar partido. Tolstói não diz que isso está certo e aquilo está errado, não, ele deixa o leitor pensar e criar a própria conclusão. Um autor indispensável, um dos mais importantes do mundo. Edição que vale muito a pena, até mesmo por conter três obras em apenas uma única edição: é unir o útil ao agradável.

“Se há muito ferro e de que metais se compõem o sol e as estrelas, chega-se rápido a saber isso, mas o que condena a nossa infâmia, é difícil, extremamente difícil sabê-lo…” In: Sonata a Kreutzer, p. 155

Minha nota (de 0 a 5): 4,5

Alan Martins

Visite o blog para ler outras resenhas!

site: https://anatomiadapalavra.wordpress.com/2018/07/14/minhas-leituras-77-a-morte-de-ivan-ilitch-e-outras-historias-leon-tolstoi/
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Isis 12/08/2019

Gostei muito de começar a ler Tolstoi por estas três novelas, uma mais interessante que a outra e com temáticas muito atuais! Sabia que iria gostar de ler A Morte de Ivan Ilitch, mas me surpreendi bastante com Sonata a Kreutzer, porque é pouco falado e é muito interessante!
Também vale muito a pena conhecer a novela Padre Sêrgui... Ou seja, uma ótima seleção das novelas de Tolstoi, recomendo!
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Natália 07/02/2020

Fiquei surpresa, pois gostei...
Meu primeiro contato com a literatura russa não tinha sido muito bom, tanto que nem cheguei a concluir a leitura.

Mas, ao dar uma chance ao Tolstói, só posso dizer que valeu a pena. A linguagem é bem compreensível. Você consegue sentir empatia pelas angústias e reflexões dos personagens.

Fiquei feliz porque gostei e por ter concluído um livro clássico.
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André Costa 08/04/2024

Ler Tolstói é sempre um prazer
Tolstói sabe, melhor do que ninguém, contar situações comuns pelas quais nós humanos passamos, de uma forma que nos prende a atenção.

A morte de Ivan Ilitch é, obviamente, a história de um homem que morre. O interessante dessa narrativa é como sua família e amigos reagem à sua morte e, como ele mesmo, antes disso, ainda moribundo, reflete sobre como viveu sua vida e como lida com a iminente morte.

Sonata à Kreutzer me deixou instigado por mostrar alguns detalhes sobre como a sociedade russa do fim do século XIX enxergava os relacionamentos entre homem e mulher, narrados por um personagem pessimista, machista e atormentado pelo remorso.

Padre Sêrgui: a história de um homem que não sabia bem o que queria da vida, mas era determinado em tudo o que fazia. E mesmo quando escolheu um caminho, teve dúvidas, como todos nós temos.

Ler Tolstói é um prazer, é a descrição dos comportamentos humanos nas mais diversas situações, de uma forma que nos faz nos reconhecermos.
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Paulo Victor 27/03/2020

Tolstoi e essas questões e malditas..
Ler Tolstoi nos leva a questionar nosso modo de vida e a conhecer melhor o ser humano no seu id, ego e super ego mais profundo.
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Raphael.Zemolin 17/05/2020

Que livro incrível! Esta edição da Martin Claret é linda e o que dizer na história que nela nos é narrada. Só posso dizer que ao finalizar o livro, saio com grandes ensinamentos da morte de Ivan Ilitch, sonata a Kreutzer e o padre Serguei.
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RaquelC_Torres 27/05/2020

o livro é dividido em três histórias: a morte de ivan ilitch, sonata a kreutzer e o padre sêrgui.
confesso que a morte de ivan ilitch foi a mais cansativa de ler, mas não diminui em nada a importância das suas reflexões.
a sonata de kreutzer, uma das maiores histórias presentes do livro, foi a que mais me agradou e que consegui ficar envolvida, já que traz reflexões sobre sexualidade das mulheres e seus direitos.
em o padre sêrgui, a história me foi meio indiferente mas tem debates relevantes sobre religião.
de modo geral o livro não é muito fluido, tem termos russos que são difíceis de contextualizar, fora os nomes que são complicados de relacionar com os personagens. mesmo assim o livro merece 4 estrelas por todos os debates que traz, e, se é considerado um clássico, tem importância até os dias de hoje.
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Júlia 21/08/2020

novelas e edição magníficas
sem palavras pro tolstói! sei que o autor é conhecido pelos romances, mas essa onda existencialista? e de muitíssima crítica social que desenvolve os contos a morte de ivan ilitch, sonata a kreutzer e o padre sêrgui me deixaram impressionadas. não imaginei que fosse gostar tanto!!

além disso, essa edição da martin claret é linda demais. capa dura & conceitual rsr, diagramação com fonte em caixa baixa (a estética q?eu gosto), um bom prefácio... enfim: só amores
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