Jeff 21/04/2024
Amei
Primeiramente, quero deixar claro que eu amei essa história, e que, quando possível, quero comprá-la física. Porém tem alguns pontos que é necessário discutir.
Histórias sobre elementos, pessoas que podem manipular elementos, são bem comuns na literatura, a trilogia Grisha e Rainha Vermelha; e histórias onde existem um elemento ou anti-elemento como ruim também são comuns, Magisterium se não me engano possui (além de um sexto elemento). Então o grande desafio é se destacar ou deixar sua marca em uma história onde o básico já foi utilizado inúmeras vezes. E nisso a autora (espero que utilize pronomes femininos, senão, desculpe) conseguiu. Nem tanto quanto ao uso dos poderes (única mudança mesmo foi o elemento terra ser sinônimo de vida), mas com certeza quando a seus personagens.
Todos eles são interessantes e tem uma personalidade que, até mesmo desagradável, é marcante. A autora conseguiu até mesmo me fazer decorar o nome deles, coisa que é bem difícil para mim, eu quis saber até mesmo dos personagens secundários.
A forma como a história foi se formando, a forma como foi acontecendo foi bem legal. Apesar de normalmente os poderes serem o foco da história, aqui as relações entre os personagens foi realmente o ponto importante. A construção deles como grupo, a confiança que foi sendo criada aos poucos, os medos, anseios, possíveis relacionamentos amorosos. Tudo foi bem legal. Até mesmo o foco nas emoções do "vilão" (não consigo ver ele mesmo como vilão) foi legal. É bem coerente a forma que agem, pois são crianças, e algumas delas manipuladas, que sofreram abuso, então entendemos seus motivos de agirem, assim como criamos certa empatia. E nisso eu adorei.
Apesar de ser um livro um pouquinho grande, 600 páginas de ebook e umas 400 e alguma coisa no físico (acho), depois de um certo ponto a história vai fluindo tão bem que a gente vai devorando a história bem rapidinho, eu gostei muito disso.
Por último, eu tenho que falar o quão linda são as ilustrações internas, os traços são perfeito, parabéns para quem fez.
Agora preciso falat um pouco sobre certos pontos que para mim ou são erros/furos ou apenas me incomodaram um pouco.
Primeiramente o uso de "flashback on/off", isso é um pouco irritante, e me lembra bastante wattpad, e não de uma maneira boa. Existem outras formas de mostrar um passado, ou fazer uma quebra temporal durante uma cena. O uso de aviso deixa meio poluído. E logo nos cinco primeiros capítulos foi usado, então para mim pelo menos foi meio cansativo. E se dependesse apenas desses cinco para me vender, eu desistiria da compra. Espero que nos próximos não tenha.
Lis, a Elemental da Terra. Fazer uma história com vários protagonistas é meio difícil, pois temos que dosar o quanto de destaque cada um terá. Tudo bem que sabemos quem deles 5 terão mais destaque na história, mas acho que a Lis foi tão apagada nesse primeiro que foi meio triste. Talvez a autora trabalhe de uma maneira a variar quem deles vai ser um pouco mais destacado em cada um dos três livros? Talvez. Mas julgando apenas por esse, a Lis teve pouquíssimo a ser mostrado, ela era basicamente a garota inteligente, mas que se trocássemos por qualquer outro personagem faria a mesma função. Eu senti falta de algo a mais nela, algo que demonstrasse que ela tava ali, sua importância, seus medos, algo, qualquer coisa.
Um ponto importante a ser falado é: por que todos falam o mesmo idioma? E é o inglês? Por quê? Sei que por motivos de fluidez da história todos tem que falar o mesmo idioma, mas não teve nenhuma explicação sobre isso. John e Zac é entendível, são de países que falam essa língua, mas Lis, Sonny e principalmente Dante são de países que o inglês não é língua nativa. E para piorar os outros dois últimos são pobres e não teriam motivo para saber um segundo idioma de forma alguma. Acho que uma simples e boa explicação sobre ligação especial resolveria isso, mas não temos.
O último ponto é ligado ao anterior e pode ser definido em: falta de choque cultural. Todos eles são de países diferentes, e com culturas completamente diferentes. Se a gente, que somos do mesmo país, já percebemos um choque com a cultura de outros estados, até mesmo de outras cidades, imagina sendo de países diferentes? Não há nenhuma espécie de choque cultural, nem mesmo uma espécie de barreira cultural entre eles, e olha que diversos momentos os personagens usam palavras de seus idiomas e ninguém fica "o que será que ele disse?" Principalmente quando a origem dos idiomas de alguns são distantes que nem uma assemelhação a palavras de seu idioma dariam pistas sobre. Eles simplesmente aceitam. Também senti falta de uma melhor exploração da cultura deles, nem que fosse relacionado a comida, a Lis querendo um brigadeiro, algo do gênero.
Enfim, eu torço muito para que o livro dois saia logo e me surpreenda tanto quanto o primeiro, mas também espero que esses pontos sejam mais tratados. Parabéns a autora pela história.