Elaine 01/06/2024
Um conto de fadas ás avessas com humor entre o infantil e o sombrio
Fazia algum tempo que eu não lia nada de fantasia. Um dos motivos é que todas as últimas vezes que li algo do gênero não consegui me envolver, o que acabou sendo sofrido, já que os livros costumam ser enormes e, como se não bastasse, quase nunca é livro único. Aliás, um critério que tenho usado para escolher minhas leituras é fugir de livros que tenham escrito na capa "Volume 1" ou qualquer coisa que me faça correr o risco de ter que ler uns 10 deles para saber o final. Dito isso, imagine minha surpresa ao chegar ao fim e descobrir que "Assistente do vilão" não é um livro único. Ele termina com várias coisas em aberto e com um gancho para um próximo livro, mesmo que não exista nenhum aviso sobre isso na capa. E assim caí novamente no "esquema de pirâmide" dos livros de fantasia.
Mas, em que pese o choque do final (ou melhor, da falta dele), ao menos, esse não foi sofrido, consegui me diverti ao longo do caminho. Apesar de ser um calhamaço, a escrita é fluida, os capítulos são curtos, os personagens são cativantes e tem bons ganchos, o que torna a leitura rápida. Sem contar, que é bem legal a premissa de um escritório como qualquer outro, com funcionários, burocracias e, é claro, fofocas, só que tendo como atividade fim ações de vilania, que envolvem, dentre outras atribuições, lidar com torturas e cabeças decepadas. Assim como é legal a ideia de subverter os papeis de vilão e mocinho, aquela velha questão de que o vilão pode ser o mocinho de alguém e o mocinho o vilão de alguém dependendo do ponto de vista.
A história tem muitas cenas violentas, mas, elas não são explicitas demais e quase sempre são atenuadas pelo humor. Mesmo que esse humor tenha muitas vezes me soado infantil demais (com exceção de um diálogo final entre a protagonista e alguém que ela descobre ser seu antagonista que achei pesado). Mas se paramos para pensar, os contos de fadas são mesmo quase sempre sombrios, praticamente feitos para assustar as crianças, e dá para encarar essa leitura como uma espécie de conto de fadas com humor sombrio.
Por conta dessas sensações, resolvi verificar na internet a faixa etária para o qual o livro é indicado e acertei na mosca: 13 anos. A partir daí fez todo sentido na minha cabeça. E concluí que se, mesmo achando bobinho, consegui me envolver com Evie, Tristan. Beck, Blade, Tatianna e companhia e ficar curiosa pelo destino deles, é provável que eu tivesse me assustado, me emocionado e amado bem mais se tivesse cerca de 13 ou 14 anos.