Beta 09/05/2023
Mais um fenômeno de Marcus Goldman
Mais do que simples autor de suspense, Joël Dicker tem se consagrado um autor atemporal e versátil; digo isso porque, após ler, em sequência, "O desaparecimento de Stephanie Mailer", "O livro dos Baltimore", "Os últimos dias de nossos pais", "A verdade sobre o caso Harry Quebert", "O enigma do quarto 622" e "O caso Alaska Sanders" - ou seja, absolutamente todos os livros, traduzidos para o português, do autor -, estou sem fôlego... há tanto o que dizer, há tanto o que pensar, há tanto o que sentir...
Marcus Goldman, conhecido como o "escritor" por Perry Gahalowood, é um personagem inacreditável; ele concilia doçura, determinação, aspiração e autoconhecimento: é um personagem humano absolutamente completo e cheio de imperfeições. desde "O livro do Baltimore", fiquei extasiada com a sua carreira - com a sua aspiração em ser algo diferente, questionador. com "G de Goldstein", o primeiro livro escrito por Goldman, ele alcança os céus; e, com isso, não para de escrever; e, claro, de procurar inspiração... é por isso que, após "O livro dos Baltimore", somos brindados com "A verdade sobre o caso Harry Quebert" e "O caso Alaska Sanders", dois casos em que Goldman se propôs a solucionar e, por isso, a escrever, a fim de que o mundo conhecesse, no primeiro, a inocência de seu amigo e professor, Harry Quebert, e, no segundo, o verdadeiro responsável pelo assassinato da jovem Alaska.
"O caso Alaska Sanders" é, dito de forma direta, um livro surpreendente... é um livro que atiça, a todo o momento, a curiosidade do leitor, a fim de que este, imbuído de saber o que de fato houve com Alaska, se desenrosque da trama tecida, cuidadosamente, por Dicker. São 512 páginas de uma tensão que é irresistível. além disso, não há como se olvidar que Marcus Goldman revive o passado, em buscas de respostas do presente, o que também aguça curiosidade no leitor.
o livro é dividido em três partes; na primeira, focada mais no passado, em 1999, somos apresentados ao que houve em Mount Pleasant e também na vida atual do nosso "escritor". é uma parte para se deliciar com Marcus, para conhecê-lo um pouco melhor e também para compreender a sua amizade com Perry, Hellen e com as suas filhas. as demais partes tratam, mais especificamente, da investigação, do passado dos personagens e como tudo se interliga, em um enredo perfeitamente pensado.
Dicker, com esse livro, faz-se nos repensar sobre julgamentos apressados; acusamos, de forma injusta, pessoas que, a priori, aparentam ser culpadas de determinado fato, mas que, injustamente, não o são. temos que medir nossas ações, nossos julgamentos. a questão da condenação à pena capital também é um questionamento neste livro: será, ainda, necessária? quantos erros judiciários ainda serão necessários, a fim de que se reveja tal condenação em abstrato?
por fim, cabe a mim dizer que a escrita de Dicker é perfeita! é difícil de largar o livro, sinceramente... a parte ruim é, infelizmente, quando ele acaba.