Natália Tomazeli 01/11/2022A força de um coven está em sua união"Amizade não é sobre precisar. - Maia cruza os braços sobre o peito - É sobre química, sobre coisas em comum e sentimentos recíprocos."
"As Bruxas de Lugar Nenhum" é o mais novo livro das meninas do blog "Queria Estar Lendo", um dos que eu mais gosto de acompanhar sobre livros desde muito tempo, por isso fiquei bem empolgada com esse lançamento.
As autoras prometeram uma história com a vibe do filme "As Jovens Bruxas", e os livros "A Maldição do Mar" e "Os Garotos Corvos". Bem, eu não li ainda a saga dos Garotos Corvos, mas as outras duas referências EU AMO demais, então claro que fiquei bem feliz que essas foram as inspirações da história e posso dizer que ela entrega exatamente o que é esperado, o que é uma sensação muito gostosa, ler um livro que tem exatamente as coisas que você tava com vontade e queria ler no momento.
O final do filme "As Jovens Bruxas" é a única coisa que acho que podia ser bem diferente e aqui em "As Bruxas de Lugar Nenhum", as meninas mudaram exatamente esse "defeito" do filme. A amizade de Aurora, Jo, Maia e Isa é muito linda, foi minha coisa favorita no livro disparado! Aqui empera a união, a força, a reciprocidade e o amor. Nada de rivalidade feminina, nada de ódio gratuito entre elas. É gostoso demais acompanhar as interações entre elas e isso é o que pra mim fez o livro ser incrível!
Outro carro-chefe aqui é a representatividade. Uma das bruxinhas é lésbica, assim como uma delas é assexual e também temos a representatividade bissexual em vários personagens! Além disso, assim como em "As Jovens Bruxas", elas não são todas brancas, o que é mais uma representatividade incrível! Eu achei legal o jeito que elas inserem essas representatividades sem que o livro precise ser sobre descobrimento da sexualidade, a maioria dos personagens é super bem resolvido quanto a isso, mesmo sendo novinhos.
A personalidade de cada uma delas é tão diferente mas ao mesmo tempo combina bem entre si. Aqui no livro, Bianca e Denise trazem aquele aspecto que eu amo em "As Jovens Bruxas" que é o fato das personagens serem esquisitonas com orgulho e usarem isso ao seu favor, como uma qualidade, e não como uma coisa a ser escondida ou remediada. Elas são esquisitas cada uma do seu jeito e eu achei isso um máximo, porque se constrói uma narrativa onde elas pertencem ao contexto mesmo não pertencendo ao comum, justamente porque elas acham o acolhimento que precisam entre elas mesmas, o que já se basta.
A ambientação da ilha e do colégio interno é bem interessante e visual, acho que o livro traz muita coisa que já tá consolidada no imaginário da gente, por isso inclusive essa sensação de conforto surge ao longo da obra, de lembrar todas obras adolescentes que eu amava consumir, pra além das referências que elas usaram pra construir o livro. A gente tem aqui até muitas situações consideradas clichê, mas que como se alinharam às minhas expectativas e desejos de leitura, foram super bem-vindas.
Acabei a leitura pensando "ainda bem que é uma duologia", porque o livro tem um final super aberto, com direito a um plot twist bem legal, que fiquei bem curiosa pra ver como vai se desenrolar no próximo livro. Eu adoraria, na verdade, uma série das bruxinhas de lugar nenhum, acompanhar elas depois de se formarem na escola e em outros contextos, porque foi um grupo que me apeguei bastante e que fico empolgada para acompanhar as aventuras e dilemas que elas passam.
"A magia só é, ela acontece. Não tem razão. Não é boa nem má. Você não deve nada para ninguém só porque pode usá-la."