VictAria 05/05/2024
Emocionante, angustiante e bastante reflexivo
?A dança tem de refletir quem vocês são, de onde vieram e para onde querem ir; suas memórias, suas esperanças, seus sonhos.?
Acompanhamos a história de Aya e sua família, que fogem de sua cidade natal, Alepo, por conta da guerra na Síria, para a Inglaterra em busca de abrigo e de reconstruir suas vidas. Uma garotinha com muitos sonhos e sem nunca ter conhecido o tamanho da maldade humana, acaba por vivenciar o pior: uma guerra em seu país, onde ela se vê no meio de destroços de onde nasceu e cresceu, vê seus sonhos serem arrancados com tanta facilidade de suas mãos.
Logo, ela embarca em uma rota de fuga ao lado de seu pai, sua mãe e seu irmão Moosa, recém-nascido. Passa por diversas experiências traumáticas que deixam marcas para sempre em sua memória. Ao chegar na Inglaterra, na expectativa de finalmente estar a salvo com sua mãe e irmão, novos medos a tomam conta, se serão aceitos ou serão deportadas de volta, e a cada dia o medo cresce.
Mas Aya encontra um refúgio ao encontrar uma turma de balé de outras garotas da sua idade; ela passa a espiar as aulas e sente a nostalgia tomar conta da sua mente, corpo e alma. Faz amizade com uma das meninas bailarinas e, com sua ajuda, ela passa a participar das aulas, e sua rede de apoio começa a crescer, pois logo as suas duas professoras de balé a motivam a seguir seus sonhos na dança e a incentivam a concorrer a uma vaga na Royal Northern, assim ela conseguiria o visto de estudante na Inglaterra e poderia ganhar uma bolsa com tudo pago.
Porém, alguns obstáculos no caminho irão dificultar seus planos, mas com ajuda dos estranhos que conheceu na sua nova trajetória, ela irá perceber que a bondade de desconhecidos supera a dor causada pelo ódio do ser humano.
Uma história emocionante e impactante, que em poucas páginas consegue passar mensagens tocantes sobre os dilemas relacionados a pessoas refugiadas e migrantes a partir do ponto de vista de uma criança com inúmeros desafios enfrentados. Aya entrega uma forte determinação, força e superação. Me encantei com a escrita da autora, que apesar de ser um enredo fictício, ela quis entregar uma história do ponto de vista de uma criança para mostrar ao mundo a importância de se falar sobre pessoas refugiadas para a geração atual de jovens leitores, para que entendam os estigmas relacionados às palavras "refugiados" e "requerentes de asilo", para que consigam enxergar o ser humano e não o rótulo.