spoiler visualizarLaís 08/05/2024
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Destaque (amarelo) - Página 11
Não vai demorar muito mais, mamãe? disse Aya, mas ela não respondeu, apenas continuou olhando para as janelas empoeiradas, como se conseguisse ver através delas algo que Aya não enxergava.? Você está bem, mamãe?? perguntou a menina.? Está com fome? Posso pegar um pouco de comida para você? Hoje tem sopa.
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Destaque (amarelo) - Página 16
Não havia areia no chão, e o céu do lado de fora das janelas era de um azul inglês, não de um dourado sírio, mas fora isso Aya podia jurar que estava em Alepo.
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Destaque (amarelo) - Página 34
Ela se lembrou de como o senhor Abdul os chamara: ?população flutuante?. Às vezes parecia que eram pedaços de madeira à deriva, sempre movidos pelo fluxo e refluxo da maré, sem poder decidir para onde eram levados, sempre à mercê dos outros.
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Destaque (amarelo) - Página 63
Ciara pronunciou a palavra como se fosse um insulto, do mesmo jeito que fizera o proprietário do albergue. Refugiada. Aya pensou na senhora Massoud, que havia perdido o filho e a filha. E no senhor Abdul, que lhe dissera ter fugido de casa sem levar nada quando os soldados chegaram e incendiaram sua aldeia. Eles também eram refugiados.
Destaque (amarelo) - Página 65
Não!? a voz aguda da senhorita Helena soou, e a pequena mulher apareceu do outro lado do estúdio.? Devemos exibir nossas cicatrizes com orgulho? declarou?, pois elas carregam a história do nosso sofrimento e da nossa sobrevivência. Não é verdade, Aya?
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Destaque (amarelo) - Página 82
Aya às vezes se perguntava se algum dia chegaria a se acostumar com alguma coisa em Manchester. Até as cores eram muito diferentes das de casa. O concreto cinza, os tijolos vermelhos, o céu branco, os espaços de grama verde. Além disso, a Inglaterra também tinha um cheiro diferente. Ela se perguntava se cada país tinha seu próprio cheiro, um aroma que fazia os habitantes locais se sentir em casa, e os estrangeiros? não.
Destaque (amarelo) - Página 85
viagem? a deixou doente.? Doente como? Quando isso começou? Como ela poderia explicar que a mãe ainda estava se recuperando do nascimento de Moosa quando eles saíram de Alepo, que não havia comida suficiente, que quando chegaram ao campo de refugiados na Turquia ela estava com febre e perigosamente desidratada? Que o inverno que passaram lá foi rigoroso e centenas de pessoas morreram de frio? Como Dotty conseguiria entender tudo isso? Não parecia justo sequer contar a ela.
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Destaque (amarelo) - Página 95
Mas o pai não estava mais por perto, e Aya havia aprendido a ser mais cautelosa, a confiar menos desde a partida dele.
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Destaque (amarelo) - Página 103
senhorita Helena pedira para levar objetos que mostrassem de onde ela vinha? se algum dia ela conseguisse voltar a frequentar as aulas.
Destaque (amarelo) - Página 103
Isso significava apenas Alepo? Ou os campos de refugiados, o centro de detenção, os locais onde ela e a família haviam dormido pela praia e na estrada, o lugar onde cruzaram a fronteira durante a noite, as cidades e países que atravessaram de ônibus e barcos, os intermináveis dias que passaram presos na escuridão do contêiner, a praia, aquela noite no mar? será que ela se referia a todos aqueles lugares também?
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Destaque (amarelo) - Página 131
Fácil? certo? essas não são palavras para uma dançarina? refutou a senhorita Helena.? São palavras para um menino travesso fazendo aula de matemática. Talvez nunca dê certo, talvez sempre seja difícil; mas talvez isso a torne mais bonita!
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Destaque (amarelo) - Página 174
Sério?? Aya estava perplexa diante de tudo o que as pessoas estavam fazendo por ela e por sua família. A bondade de estranhos, como dissera a senhorita Helena. Às vezes, essas atitudes a impressionavam mais do que a crueldade que já havia testemunhado, embora não conseguisse explicar o motivo.
Destaque (amarelo) - Página 176
O cheiro era parecido com o do centro de refugiados, pensou Aya. Aquela mesma mistura de suor e merenda escolar; mas sem o cheiro de tristeza.
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Destaque (amarelo) - Página 199
Dotty abaixou o vidro e colocou a cabeça para fora, e Aya sentiu o rico cheiro de terra, o aroma da seiva das árvores. Era tão diferente do cheiro de Alepo no verão, mas hoje, por algum motivo, cheirava a lar.
Destaque (amarelo) - Página 201
Aya entendeu e abriu um sorriso. Talvez, ainda que a história se repetisse? guerras, famílias fugindo de suas casas, perseguições, refugiados?, outras histórias também podiam se repetir: histórias de bondade, sacrifício, generosidade. Como a senhorita Helena dizia? A bondade de estranhos. Década após década. Geração após geração. Fazendo do mundo um lugar melhor.