Cupim

Cupim Layla Martínez




Resenhas - Carcoma


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Nath Mendonça 25/05/2024

Três gerações e traumas, cicatrizes e mortes. É um livro envolvente e de rápida leitura, traz muitos conceitos que nos fazem pensar o lugar da mulher e minorias em geral, dentro da sociedade. Fiquei muito mais abismada depois que percebi que a história foi inspirada em uma história real.
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Carla.Parreira 25/05/2024

Cupim (Layla Martínez). Melhores trechos: "...Sobre a velha também fofocaram. Disseram que ela falava sozinha que dormia dentro da arca que tomava banho pelada embaixo da parreira. Disseram ter visto a velha cavar no cemitério para pegar ossos, conversar com os mortos quando não havia mais ninguém na casa... A casa percebe o medo que eles trazem e range e estala. As sombras se tornaram tão espessas que às vezes algum deles as vê como vê vocês. Notam um vulto negro se arrastando num canto e afastam a vista sem dizer nada, com mais medo do que quando entraram... Depois daquilo eu vi a santa muitas vezes. Ela sempre aparece na mesma postura, como nas estampas. Com o olhar para o alto e a expressão séria como se escutasse ordens de Deus e estivesse disposta a fazer qualquer coisa por ele, o que fosse, inclusive perseguir meninas e perturbá-las. Pra mim ela nunca olha nem fala diretamente, mas eu escuto sua voz dentro do peito e sei que tenho que fazer o que ela me disser. Como é que você vai discutir com um santo, como é que não vai obedecer a tudo o que ele mandar? Quando contei à minha mãe ela mandou que eu não falasse sobre isso com mais ninguém. Que aquilo devia ficar entre as paredes da casa, como os uivos do meu pai. Nunca me perguntou o que a santa me dizia, mas ficava me olhando sempre que eu voltava do lugar para onde era levada. Eu via a inveja em seu rosto, ela sentia ciúme porque a santa tinha me escolhido, ciúme de que para ela só aparecessem aquelas sombras cheias de desespero. Queria que uma santa falasse com ela dentro do peito, vê-la rodeada de luz e formosa como um milagre..."
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annikav.a 19/05/2024

Sempre de ódios.
Gostei bastante da mistura das tropes horror/casa assombrada/vingança e ódio de classe, sobretudo um ódio de classe sob o enfoque feminino. A literatura gótica clássica geralmente deixa o comentário social no subtexto, então é revigorante ler algo contemporâneo do gênero que vai além, que explora essa realidade verdadeiramente tenebrosa de disparidade e de horrores cotidianos (incluindo o de guerras e ditaduras) sem perder o mistério, suspense e terror sobrenatural que fizeram o gênero tão amado: pelo contrário, consegue realçá-los. O leitor se esgueira pelas brechas da sufocante casa-personagem, entre cenas desconcertantes, memórias familiares, trevas e iconografias para descobrir quem são essas duas mulheres estranhas, avô e neta, que parecem se odiar. Meu problema com a leitura foi mínimo: as vozes narrativas um tanto inconsistentes. Embora a individualidade delas não seja tão importante para a própria narrativa - afinal elas não tem nome-, já havia sido estabelecido que uma gostava de estudar, queria se formar etc e a outra não. Pensei que o padrão mais "corretinho" da avó iria se manter (ou mesmo ser comentado, como os dialetos), o quê não foi o caso. Isso me causou um pouco de estranhamento no início, mas logo me acostumei, especialmente porque a leitura é fluida, fisga desde a primeira página.
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Mari 15/05/2024

Cupim é um livro delicioso e não sei bem se gosto mais do retrato da maldade entranhada em muitos anos de ressentimento , da clássica casa assombrada ou da sugestão de horror cósmico que a autora nos oferece na descrição dos seus santos e anjos. Cupim é uma história de vingança e bruxaria e bruxaria em sua melhor forma, como a arma dos desvalidos.
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Dilso 12/05/2024

A casa...
Gerações sentidas por uma casa, que é também personagem. Livro bem escrito, perturbador, misterioso e inquietante.
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Drics 03/05/2024

Bisavó. Avó. Mãe. Neta. Quatro gerações de mulheres e um casulo que demarca a vida (e a morte) de cada uma delas: a casa. Casa esta que, não apenas cenário de sombra, refúgio e dor, é elemento fundamental que traga o leitor. Pra dentro. Pro fundo. O horror. Layla Martínez cria uma narrativa que se assemelha a uma infestação. Ao primeiro contato, infiltra-se e, entre nervos, se alastra. Cresce. Domina. Apodrece. Devora tudo o que cerca, como veneno, tal qual #Cupim. O filho do patrão sumiu, a quem culpar? Os capítulos intercalam neta e avó – velha e menina –, duas vozes que narram as diferentes perspectivas das fúrias, desejos e rancores desta casa que abriga seus corpos, mas também cava as entranhas destas mulheres e aprisiona suas ruínas.

Romance de estreia da espanhola @lay_martinezvicente assombra e fascina ao condensar o suspense, que se entrega apenas quando quer; a prosa tem uma oralidade particular que nos engole até o fim. Curto, denso e maldito, como toda leitura com efeito de #PedradaNaCara deve ser.

site: https://www.instagram.com/p/C5JlkY4PhuK/
Vania.Cristina 03/05/2024minha estante
Acho que preciso ler esse.




Chris Botosso 30/04/2024

Mágoa e vingança
"Nesta casa não se herda dinheiro nem anéis de ouro nem lençóis bordados com as iniciais, aqui o que os mortos nos deixam são camas e ressentimentos."
O trecho representa o romance, repleto das sombras que habitam a casa, quase a protagonista da história. Sombras que não conseguem partir porque têm contas a acertar.
Lenta e gradualmente, alternando o foco narrativo entre avó e neta, vamos descobrindo as origens da casa e do rancor visceral que a habita.
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Icaro 19/04/2024

Ódio
Livro incrível, um dos melhores que li esse ano. É impressionante a capacidade humana de se reinventar, não existe inteligência artificial capaz de criar uma narrativa tão envolvente e tão inovadora. Recomendo muito a leitura!
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André Vedder 17/04/2024

ódio e rancor à flor da pele.
Um livro raivoso onde o ódio permeia por todo seu enredo.
A autora parte da premissa de uma casa "amaldiçoada", cheia de espíritos e sombras, para tratar de assuntos mais delicados e pertinentes, como a violência contra mulher e preconceitos.
Através de uma escrita interessante e cheia de rancor, passamos a acompanhar as moradoras dessa casa e uma trama de vingança que se anuncia.
Faltou um aprofundamento melhor nas personagens, mas acredito que na narrativa aqui proposta, sua extensão o tornaria maçante.

"É preciso colocar terra entre você e homens como esse antes que eles a joguem em cima de você".

"Sei que ela vai morrer de desgosto. Hoje em dia chamam isso de depressão mas aqui sempre foi morrer de desgosto".
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ManiMeira 09/04/2024

Maravilhoso!!!
Sabe quando você termina um livro e fica "não sei o que pensar, só sentir"? Foi exatamente assim minha leitura de Cupim, livro extremamente poderoso na ambientação de horror, poderoso nas críticas, poderoso na construção das personagens e suas relações!

O livro conta a história de uma família, de uma casa construída a partir de dor e abuso, e de mulheres que cresceram nela cercadas de sombras, fantasmas e ódio.

A narrativa é construída a partir do ponto de vista da neta e avó que moram nessa casa, elas começam contando o presente e vão retrocedendo, nos mostrando aos poucos a história da família. São narradoras pouco confiáveis que escondem segredos e querem desmascarar uma à outra.

Eu entendi como proposta do livro demonstrar através desse horror fantástico as consequências do sistema patriarcal, machista e colonizador da sociedade, mostra mulheres sofrendo com a pobreza, a falta de emprego, o desprezo da sociedade, os maus tratos pelos homens e como é impossível ficar ilesa a partir disso, as sombras e o ódio crescem, e vamos descobrir o que as mulheres dessa família fazem quando o ódio as consome.
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tavim 30/03/2024

Cupim, de Layla Martínez
Infiltrado em veias e vigas, morte em gente e casa; o tal temor que teima nunca partir. o mal que ameaça e ronda é vivo, ileso no ato de matar. sobra aos espectros esperar redenção, que jamais se ascende, presos à reclusão. a casa capta, resguarda pra si esses anseios e sempre repete o tormento, aos residentes mortos e vivos, vivos, mas sem a chance real de viver. é daí que se consome e cresce o mal, precisa da fagulha de vida alheia pra se preencher de morte, seja o mal de gente viva ou de gente morta.

entre narrações alternadas da avó e neta, o livro de layla martínez percorre sobre a morte que a casa, onde ambas vivem, acolhe. com uma crescente de fatos adicionados, as personagens montam o próprio histórico familiar tanto quanto da vizinhança, e assim o mal e a morte aumentam de tamanho. a escrita perspicaz da autora traz certo tom poético a esse terror e faz brilhar ainda mais a luz a qual os espíritos do romance não encontram. no fim, talvez fique a questão: o que acontece no livro é realmente ficção?
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No Instagram, publico mais resenhas e ilustro todas as capas dos livros que leio.
Acesse @tavim para ver.
tavim.com.br

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Matheus656 24/03/2024

‘cupim’ (tradução de joana angélica d’avila melo) nos é apresentado com uma casa viva (um ambiente envolto em sombras, impregnado de nojo, de violência e de um sopro maligno, que aprisiona as mulheres de uma linhagem ancestral em um ciclo de vida e de morte, sem qualquer possibilidade de escape) - que eu diria ser de fato a protagonista da narrativa -, que ruge e que sente, atormentada por sombras e por ressentimentos, de pessoas condenadas, de santos, de mortos e de orações. com duas mulheres, avó e neta - por quem o romance é narrado com divergentes vozes que vagueiam entre o presente e o passado e que entrelaçam as suas respectivas vivências -, opostas e cúmplices, cheias de raiva e ávidas por vingança, ambientada em uma cidade onde as diferenças de classe e a misoginia são dominantes.

comecei a lê-lo sem muita informação sobre a história, como geralmente gosto de fazer. e isso me surpreendeu desde o primeiro capítulo. ‘cupim’ é um livro curto mas poderoso. embora breve e com um estilo simples - que chega a ser muito semelhante à oralidade -, a autora foi capaz de mergulhar em uma aura sombria, cheia de podridão, de raiva e de amargura, principalmente na composição das personagens e das diferentes histórias que permeiam a obra. uma maldição forjada através da pobreza, do ódio, da guerra, da classe e do género.

para além de uma história de terror, o livro também é um texto que fala das diferenças sociais e das suas consequências, dos horrores do cotidiano e do misticismo. histórias muitas vezes impregnadas no sangue, que acompanham diferentes gerações de uma mesma família. terror e realidade se unem para desenvolver uma história magistral em sua totalidade. sem dúvidas, um marco da ficção especulativa e do horror. leria mais umas 100 páginas se fosse possível.

apenas saboreiem. acho que tudo o que eu tentar exprimir aqui ainda não será o suficiente para descrever essa experiência. a obra de layla martínez fala por si só, como as paredes, a cama e o armário presentes no texto. recomendado do início ao fim.
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Yasmin O. 17/03/2024

Literatura espanhola. Deleite de livro, visceral, com maldições intergeracionais, repleto de "female rage", vingança, ressentimento, contra os patrões, os homens desprezíveis, "os parentes, os policiais, os padres, os alcaguetes, quem quer que fosse", narrado em primeira pessoa por avó e neta, as párias do seu povoado, consideradas bruxas, rogadoras de pragas (adoro! rs), que enquanto fazem um "amarrado" com fios de cabelo rezam o rosário.

"(...) Não lhês dê descanso virgenzinha minha porque nós não o temos". (pág. 66).

"(...) Estava claro que esta família era maléfica, bastava nos ver todas viúvas e solteiras e sem homens porque nenhum aguentava." (pág. 106)

E aqui, assim como em Espelho Partido da maravilhosa Mercê Rodoreda, a casa é um dos personagens, uma entidade viva, que como um "apodrecedouro" consome tudo, com seus mortos embaixo das camas e dentro dos armários, inclusive os fantasmas da Guerra Civil Espanhola, que também têm lugar no livro.

"Nesta casa não se herda dinheiro nem anéis de ouro nem lençóis bordados com as iniciais, aqui o que os mortos nos deixam são camas e ressentimento. A malquerença e um lugar para se largar à noite, essas são as únicas coisas que você pode conseguir nesta casa". (pág. 10)

"É que nesta casa os mortos vivem tempo demais e os vivos pouco demais. Aquelas que estão no meio, como nós, não fazem nem uma coisa nem outra. A casa não nos deixa morrer mas tampouco viver fora dela." (pág. 77)

"A velha tem razão quando diz que nesta casa a raiva nos come, mas não é porque nascemos com algo retorcido por dentro. Aquilo vai se retorcendo depois, pouco a pouco, de tanto apertarmos os dentes." (pág. 81).

Amei, total minha zona de (des)conforto! Recomendadíssimo!
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Luciana 15/03/2024

Um terror que envolve bastante ressentimento e vingança, com uma crítica social interessante.
A autora consegue criar uma atmosfera bem densa e sufocante, com desenvolvimento satisfatório.
Vale a pena ficarmos de olho nos próximos livros.
Maria4043 17/03/2024minha estante
Coloquei esse livro na minha lista de leitura agorinha mesmo, e agora, depois dessa resenha, quero ler o mais rápido possível.


Luciana 18/03/2024minha estante
Não traz nada de novo, mas ela criou uma atmosfera interessante. É uma autora pra ficar de olho.




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