A Hora dos Ruminantes

A Hora dos Ruminantes José J. Veiga




Resenhas - A hora dos ruminantes


55 encontrados | exibindo 16 a 31
1 | 2 | 3 | 4


Vitor Hugo 09/01/2023

UMA ALEGORIA DA OPRESSÃO E DO AUTORITARISMO?

Manarairema. Uma pequena e isolada cidadezinha. Vida pachorrenta, que se arrasta sem novidades. Até que um grupo de pessoas desconhecidas acampa ao lado da cidade, do outro lado do rio, sem tomar conhecimento dos moradores (primeiro capítulo). Depois, um grupo imenso de cães invade a cidade, deixando os moradores perplexos (segundo capítulo). E mais: uma boiada sem fim toma conta de tudo, sufocando a cidade e seus pobres moradores (terceiro capítulo).

JOSÉ J. VEIGA (autor que eu não conhecia até então) é impecável neste pequeno livro. Ele constrói personagens marcantes com poucas palavras, além de construir diálogos inteligentes. Tudo isso com o uso de ditados/provérbios e termos regionais, típicos da gente simples de certas regiões mais remotas do Brasil.

Como consta do prefácio da obra, o livro foi muitas vezes enquadrado no movimento literário do "realismo mágico", o que foi negado pelo próprio autor, que dizia que sua obra era "realista".

Ainda, a par das excelentes personagens e dos diálogos afiados, cabe referir que a obra pode facilmente ser lida como uma alegoria à ditadura militar implantada em 1964 no Brasil (o livro foi publicado em 1966). Curioso que o autor também teria negado tal ilação.

De todo modo, um livro muito divertido de ser lido, de forma fácil e rápida, que proporciona reflexões sobre o seu real sentido, deixando o leitor intrigado da mesma maneira como os matutos moradores de Manarairema.
comentários(0)comente



Marcelo.Castro 30/10/2022

Pequeno gigante
Um livro pequeno no tamanho, que pode ser tranquilamente lido em uma tarde, mas gigante no conteúdo e repleto de significados. A escrita no autor nos transporta com facilidade para a pequena história onde a cidade de passa. Seus personagens são descritos com perfeição em poucas linhas. Você consegue ouvir os diálogos em sua cabeça, repletos das expressões típicas locais. Uma leitura deliciosa.
comentários(0)comente



Vitoria 14/10/2022

Crítica contundente à ditadura
Uma alegoria ao período ditatorial, com suas arbitrariedades e diferentes posturas por parte dos cidadãos que assistiam curiosos e incrédulos o desenrolar dos fatos.
comentários(0)comente



Lincoln Couto 01/09/2022

Ruminaçoes sobre os homens da tapera
Na psicologia o termo "ruminação" é utilizado para se referir ao constante ato de pensamentos negativos. Não sei se essa foi a ideia que o autor quis passar com o título, já que ruminantes se refere primariamente aos bovinos, que de fato são uma figura presente no livro, porém isso foi algo que fez muito sentido para mim durante a leitura.

A Hora dos Ruminantes vai retratar a visão da população da pacata cidade de Manarairema e as ruminações que estás pessoas começam a ter quando próximo a cidade aparece um grupo de pessoas estranhas que começam a se estabelecer ali, fazer um acampamento e começar a construir coisas.

O fato é que as pessoas da cidade não fazem a menor ideia de quem são aquelas pessoas, o que elas querem ou o que fazem. E como o livro é narrado na perspectiva deles, nos leitores também não ficamos sabendo de nada. Porém é perceptível o clima quase de paranóia que a cidade fica em relação aquelas pessoas desconhecidas.

Porém, embora os desconhecidos sejam pessoas fechadas e meio estranhas, em nenhum momento é narrado atos que realmente justifique tamanha paranóia que foi criada, inclusive a única vez que narra um longo trecho de interação entre os estranhos e uma pessoa da cidade mostra o quão bobos e desengonçados aqueles desconhecidos também são.

Portanto pra mim o livro falou muito sobre essa questão do medo do desconhecido, a alienação, os rumores, as fofocas e a ignorância do povo, e o quanto os pensamentos e ideias que elas mesmas criaram sobre o outro grupo começam a influenciar o modo de viver deles e em como se portam de maneira submissa aos estranhos.

Um excelente livro do falecido José J. Veiga, conterrâneo do estado de Goiás. Meu primeiro contato com esse autor brasileiro de realismo mágico incrível. Quero muito ler outras obras dele, recomendo bastante, o livro é curto e a leitura é muito fluida e a narrativa extremamente instigante, é incrível como ele extrai esse clima de tensão de eventos tão contidianos.
comentários(0)comente



Max 27/07/2022

Uma alegoria para o desconhecido
Desde que peguei gosto pelo realismo fantástico, esse é um dos livros que estavam na minha lista. A história se passa na pequena Manarairema, que se vê invadida por forasteiros e animais, que dominam a cidade, impondo pânico na população.

Diferente de Cem Anos de Solidão, em que o tom idílico domina, aqui é o clima sombrio de dúvida e medo que impera entre os moradores. O que os estranhos querem por essas bandas? A que eles vieram? A quem os animais obedecem?

O medo do desconhecido é tônica da obra. Mas um desconhecido que é mais que incômodo. Na verdade, simboliza uma ameaça iminente, inevitável. Sendo assim, não seria melhor fazer alianças com os próprios forasteiros, salvar a pele? Ou melhor resistir, por honra, orgulho, mesmo não sabendo que riscos se pode correr?

De imediato, me veio a associação com o conto A Casa Tomada, do Cortázar. Trata-se daquela situação incômoda, que pode acontecer a qualquer uma na vida e vai se instalando aos poucos. Quando se vê, perdeu-se tudo. Tão lentamente, tão suavemente, que, quando se percebe, não há mais como se reverter.

O contexto de lançamento do livro (1966), também me trouxe a alegoria do Golpe Militar de 1964, impressão que ficou bem forte para mim em algumas passagens. (Essa interpretação me deixou curioso para saber melhor do posicionamento político de José J. Veiga, mas não encontrei muita coisa na internet.)

A Hora dos Ruminantes não é tão densa quanto outras obras do realismo fantástico latino americano (penso aqui no já citado Cem Anos de Solidão e A Casa dos Espíritos), diria até que é um conto alongado. Porém, o texto corre fluído, com algumas pitadas de ironia, o que deixa a leitura ainda mais gostosa.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Vivi 16/05/2022

Achei muitoooooo doido esse livro! Nada tem uma explicação e justamente por isso prende tanto a leitura. Para quem consegue ir dormir em paz sem encucar em saber ?por quê?? é uma excelente leitura. O final é completamente diferente e sem sentido, mas no estilo Jose J Veiga.
comentários(0)comente



Well 24/12/2021

A aceitação do desconhecido
Considerado uma das principais obras do autor José J. Veiga, este livro é caracterizado como "realismo fantástico". E faz sentido.


Na pequena cidade de Manarairema, tudo corria bem até a chegada de um grupo de estranhos que se instalam em um grande terreno nos limites da cidade. A curiosidade é geral, mas nem todos se atrevem a entrar em contato com os homens da tapera. Os poucos que se envolvem com esses homens, acabam mudando algumas de suas atitudes. No decorrer do livro, incidentes bizarros acontecem como a invasão da cidade por cachorros e depois por bois. Pode ou não ter a ver com os homens, mas isso somente lendo para descobrir. Ou não!


A prosa de José J. Veiga é mesmo fantástica, no melhor sentido da palavra. Com diálogos que transmitem as características do povo brasileiro do interior, com personagens bem construídos e com características únicas, em suma, uma cidade única. A inteligência narrativa do autor faz com sejamos aos poucos tomados pela sensação de opressão que os habitantes enfrentam. A indignação também toma conta de nossas mentes, e diversas questões nos assolam, mas poucas respostas nos são dadas. Essa é uma das graças do livro.


Mesmo que muitos pontos fiquem sem respostas, apreciar a sutil crítica que o autor faz ao conformismo e ao autoritarismo, à negligência que o povo sofre, tendo sempre apenas uns aos outros, já vale muito a pena a leitura. Dizer que este livro retrata uma alegoria crítica ao período ditatorial vivido no Brasil, já não sei bem dizer... Mas parece sim.
Há uma frase em que o autor parece resumir bem o espírito dos eventos do livro e do país:
"Parece que toda cidade precisa ter um louco na rua para trazer o povo à razão". Na época de seu lançamento poderia fazer mais sentido, mas ainda assim, essa sentença é muito atual e perfeitamente válida para nós, brasileiros, refletirmos.
comentários(0)comente



Raquel 23/11/2021

Realismo fantástico
O realismo fantástico é muito utilizado para burlar a censura a alguns temas durante a ditadura. Na obra "A hora dos ruminantes", uma cidade pequena do interior é invadida por um grupo de homens, após isso a cidade enfrenta diversos absurdos como uma enxurrada de cachorros e uma invasão de bois. Uma pergunta do livro é "O que isso deixou de lição?" Olhando a realidade atual, é difícil pensar que realmente aprendemos algo com nosso passado.
comentários(0)comente



gabriel 28/09/2021

Com certeza recomendaria
É um livro que trata de assuntos importantes de maneira simples e divertida, li pela primeira vez no meu oitavo ano e ja reli duas vezes desde então. Acho que é uma ótima forma de introdução (principalmente pra crianças/adolescentes) em temas políticos, sociais etc
comentários(0)comente



Archie 05/07/2021

Regionalismos acessíveis
Gosto muito quando um autor traz uma história regionalista sem apelar pra um tom cômico (que não chega) nem com uma coisa impossível de entender. José Veiga faz isso de forma IMPECÁVEL, divertida, lúdica e bem aleatória. A própria sinopse já diz sobre o que acontece, mas entender como a população da cidade lidou com as coisas e os efeitos que causou no cotidiano é que torna a leitura interessante e mega leve. Certamente, tem uma mensagem política por trás, mas isso não tira o fato de que é um livro curtinho e super indico para quem quer ler algo numa sentada e sair da ressaca literária.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Fernanda 27/12/2020

Muito bem escrito
Muito bem escrito, e acho que a história fica aberta à interpretação. Tomei como uma fábula sobre como as pessoas, em um coletivo, lidam com novas situações, com a opressão de dificuldades... algo que precisamos ruminar para aprender a conviver.
comentários(0)comente



Nat 21/09/2020

^^ Pilha de Leitura ^^
A história se passa na pequena e monótona cidade de Manarairema, quando uma caravana acampa próximo e torna-se o centro das atenções; estranhando tal fato, as pessoas da caravana se isolam da cidade e evitam o contato – sendo interpretados como pessoas má intencionadas, e passam a ser temidas. Quando alguém tinha contato com a caravana, voltava sem falar nada deles. Até que a cidade é invadida primeiro por cães, depois por bois, e os moradores ficam presos dentro de suas casas. Há alguma relação entre tudo isso? O livro é escrito quase que como três contos dessa cidade, e não finaliza com respostas que gostaríamos de ter. Além disso, há um lado fantástico, mas acredito que não foi muito explorado (justamente por não ter explicação ou relação para os acontecimentos).

site: https://www.youtube.com/c/PilhadeLeituradaNat
comentários(0)comente



Larissa266 24/08/2020

Tá, mas cadê o resto?
Você tem uma visão ampla dos moradores e da cidade como um organismo vivo. Logo, sente apreensão quando chega um bando de arrombado pra fazer sei lá o que nela, e nisso sendo mal educados, e abusando psicologicamente dos moradores.
Cada um deles que conviveu com os pestes dá uma versão de como é o acampamento deles e você vai se enchendo de expectativa.
Pra depois toda ela ser jogada no ralo com um desfecho sem sentido e sem explicação.
A narrativa é envolvente e instigante, e o enredo tinha tudo pra ser ótimo, pena que ele não teve desfecho. Simplesmente deixou de existir.
Passei tanta apreensão pra depois passar raiva.
comentários(0)comente



55 encontrados | exibindo 16 a 31
1 | 2 | 3 | 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR