A Hora dos Ruminantes

A Hora dos Ruminantes José J. Veiga




Resenhas - A hora dos ruminantes


55 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4


BetoOliveira_autor 10/08/2020

Mais Kafkiano que Kafka
A gente mal termina de ler o romance e fica ruminantemente aturdido, pois os elementos todos da trama são de uma estranheza de outro universo. Na cabeça, nada objetivamente se fecha, se infere vigorosamente, e o que sobra são insinuações nossas, leitores mais perdidos que o pobre Geminiano com sua carroça, no vai e vem, no vai e vem (personagem da mencionada obra).

Acho até que a gente chega a cogitar a melhor interpretação, mas aí vem o baque: como é que de uma enxurrada de cachorros seguida de uma enchente de bois a gente consegue tais encadeamentos?

A obra brasileira mais kafkiana que já li.

É tão estranha que supera até o próprio Kafka.

Há bons personagens, o Amâncio da vendinha, o Geminiano, o Apolinário, o Manuel Florêncio, a tia Bita, a sobrinha Nazaré, o jovem Pedrinho.

É divertido, você vai estranhar, é verdade, mas não é essa a melhor sensação que uma obra literária pode nos trazer?

Bora lá!
comentários(0)comente



Matheus656 24/07/2020

Necessário
Importante para compreender determinados aspectos da história e da política brasileira, de forma metafórica.
comentários(0)comente



Martelletti Bragança Lucio 03/05/2020

A hora dos ruminantes
Em uma cidade do interior, Manarairema pessoas humildes e simples, tem a vida modificada com a chegada de forasteiros. Por que eles conseguem exercer influencia psicológica nos moradores? Qual a relação do livro com a ditadura militar?
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Deghety 13/04/2020

A Hora dos Ruminantes
Realismo fantástico sempre é uma leitura agradável e interessante. Em A Hora dos Ruminantes a aura de mistério dá um tempero a mais a obra.
A história se passa na pacata Manarairema. Os personagens são simples, mas cada qual com suas características bem acentuadas . Essa particularidade que mais se destaca no livro, o efeito causado em cada personagem diante do novo e do desconhecido, que é chegada dos homens na tapera e os mistérios que o cercam.
Realismo fantástico é naturalmente isento de explicações, mas nesse caso eu achei que faltou explicações. Porque nesse gênero costuma-se ser todo cenário característico de sua ideia, já em A Hora dos Ruminantes são fatos fantásticos isolados, na verdade não são bem fantásticos, está mais pra Realismo Absurdo .
Enfim, não é um Cem Anos de Solidão da vida, mas é interessante.
comentários(0)comente



Erica 10/04/2020

Delicadeza escondida
A hora dos ruminantes
José J. Veiga
(minha edição é de 1974, Círculo do Livro, sem isbn)

Estranhos montam acampamento nos limites da cidade de Manarairema, gerando curiosidade. Mas logo o sentimento se transforma em apreensão, depois em angústia, os estranhos se aproximam aos poucos e sempre ameaçadores, disseminando medo. Logo a cidade também conhece novas aflições, como uma invasão por cachorros e depois por bois.
A sensação de aflição e opressão cresce em contínua tensão.

Literatura fantástica no Brasil, composto em terceira pessoa, os vários diálogos dão leveza e agilidade, e as descrições e narração são de grande beleza. Na obra, a sensação é de opressão, que pode ter tido origem no momento em que vivia o escritor (a Ditadura) mas que também encontra seus ecos no sentimento de opressão que a todos nos ocorre, nos momentos da vida em que nos enchemos de medo e admiramos a coragem alheia que a nós nos falta, e como mudamos e somos construídos e moldados por nossas ações.

A linguagem é rica em construções, grande variação vocabular, e lembram a oralidade e também as cidades do interior.

“Que força teria conseguido transformar aquele homem inteiriço nesse inútil feixe de medos?” (minha edição é de 1974, Círculo do Livro, p. 76)

“O silêncio do largo lembrava a tranquilidade antiga mas vinha misturado com uma espécie de cheiro de perigo iminente. Uma borboleta grande azul-pomposa entrou tonta na oficina, esbarrou de raspão na parede, pousou no cabo de uma enxó. Os dois olharam para ela encantados, como se nunca tivessem visto uma borboleta igual, ou talvez estranhando que ainda pudesse haver borboleta no ar” (p. 82)

“Mas será que não entra a força da vocação? [...] E será também que o costume de lidar sempre com o mesmo material entra ano sai ano não vai influindo na alma da pessoa, contagiando moleza ou dureza? Reparando bem, parece que cada um vai apanhando cara do ofício que desempenha. [...] As mãos do carpinteiro, o corpo, a alma do carpinteiro, não podem ser mais brutos do que a madeira. [...] Ferreiro trabalha fazendo, não desmanchando; e se desmancha é para fazer de outro jeito. Na brutalidade do ferreiro tem uma delicadeza escondida” (p. 94)

Sobre o nome da cidade, que muito se é repetido, gostaria de saber o que levou o escritor a criar o nome “Manarairema”, seria uma alusão ao “maná” que cai do céu na história da Bíblia, e que o povo (mais passivo do que ativo), tende a esperar que a solução caia do céu do que agir para mudá-la? (se tiver uma teoria, me mande)

---- Uma amiga me enviou:
"A poética de J.J. Veiga apresenta uma transitividade que se manifesta também na criação das personagens, e dos nomes próprios. A sonoridade do nome Manarairema levou à pesquisa de um dicionário de tupi: mana~ espreitar, vigiar,
espiar; ra'i-ra'ir =prole, ninhada; ram =sufixo de futuro ou rêm-ahi = apodrecer. Procurando sobrepor os sentidos à história de A Hora dos Ruminantes, Manarairema seria 'a ninhada que será vigiada' ou 'a prole sob espreita apodrece'... Não traduz, mas aproxima sentidos plausíveis.". [AGOSTINHO POTENCIANO DE SOUZA, UM OLHAR CRíTICO SOBRE O NOSSO TEMPO (Uma J_eitura da obra de José J. Veiga). ]


site: http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/269034/1/Souza_AgostinhoPotencianode_M.pdf?fbclid=IwAR3IGWukmZV5S2BDeK7CuHK8vv4ZHzVFpkxgYGEUmMulNxsfzj268dTQxt8
comentários(0)comente



Juraski 19/11/2019

Agradável Surpresa
Abri o livro sem esperar nada dele. Peguei-o somente porque nada estava fazendo e comecei a bisbilhotar numa estante cheia de livros.
Agradou-me desde a primeira página. O estilo do autor nesta obra é muito agradável e a forma como retrata a vida, as idéias, a cultura, o modo de falar de uma comunidade nos confins do Brasil, na década de 50 é muito interessante.
Durante a narrativa o autor vai criando um clima de suspense tão bem elaborado que mais de uma vez me vi tentado a olhar o final para desvendar o mistério.
A passagem na qual os cachorros invadem a vila é totalmente G. G. Marques.
comentários(0)comente



Thiago Barbosa Santos 17/09/2018

Manarairema em polvorosa
Foi meu primeiro contato com a literatura do excelente autor goiano José J. Veiga. ‘A Hora dos Ruminantes’ é considerado seu livro mais importante. Publicado nos anos 60. Há quem diga que é um grande protesto contra a ditadura, que que foi publicado no período. Porém alguns pesquisadores contestam essa afirmativa, alegando que Veiga escreveu o livro antes de todo o problema ser desencadeado.

De qualquer forma, ‘A Hora dos Ruminantes’ é uma grande metáfora sobre a opressão. Sobre nos sentirmos invadidos de alguma maneira e perdermos uma das coisas que temos de mais preciosa, que é a liberdade.

A história é dividida em três partes e se passa na pequena e pacata cidade de Manarairema. A rotina deste vilarejo é totalmente alterada com a chegada de uma legião de homens misteriosos. Eles chegam de repente, se alojam em uma área mais afastada e começam a se estabelecer no local, construindo moradias e tendo um modo de vida totalmente diferente dos nativos. Eles vivem de forma reservada e evitam qualquer tipo de contato com os demais.

Aquele comportamento, lógico, desperta a curiosidade dos moradores de Manarairema, que tentam se aproximar, descobrir qual as intenções daqueles homens estranhos, o que foram fazer ali, mas quase ninguém tem acesso a eles. Os poucos que conseguem saem dessa experiência traumatizados, desconfiados, com medo e aconselhando os vizinhos a não mexer com aquela gente, ou não deixar de atendê-los quando tiverem alguma necessidade especial. Tudo é muito misterioso.

Na segunda parte do livro Manarairema é invadida por cães. Eles aparecem por todas as partes, centenas de milhares deles, ninguém sabe de onde vieram. Saem destruindo as coisas, invadindo as casas, mexendo sobremaneira com a rotina das pessoas, oprimindo mesmo a todos, ao ponto de a população ficar trancada em casa enquanto os cães tomam as ruas. Com o passar dos dias eles vão desaparecendo e a cidade tenta retomar sua rotina.

Por fim, vem a terceira invasão. Esta ainda mais agressiva. A cidade é tomada por milhares de bois. Os ruminantes literalmente ocupam todos os espaços, as crianças, para se locomover, tinham que andar por cima deles. Os adultos não conseguiam ir e vir, um verdadeiro pesadelo para todos.

Com o tempo, os bois saem da cidade mas deixam um rastro de lama e sujeira. Os homens também deixam Manarairema, de forma tão repentina e misteriosa quanto chegaram. E a população, contente por “ter a cidade de volta”, começa a trabalhar para deixar tudo organizado e tentar resgatar a Manarairema que eles conheciam até então antes de todos aqueles fenômenos misteriosos. ‘A Hora dos Ruminantes’ é uma fábula tipicamente brasileira, que usa o extraordinário para falar sobre autoritarismo e coerção.
Erica 10/04/2020minha estante
Você tem alguma teoria sobre o nome da cidade? Por que "Manairema"?




Eduarda Graciano do Nascimento 12/05/2018

A hora do desconforto
A pacata cidadezinha de Manarairema, no interior do país, tem sua paz perturbada quando um grupo de forasteiros se apossa dos arredores da cidade e monta lá um acampamento. Esse é só o primeiro de uma série de estranhos acontecimentos. Após isso, o local é tomado por uma vasta e misteriosa matilha. Quando tudo parece estar voltando aos eixos, uma boiada toma conta da cidade e impede os moradores de retomarem suas vidas normais.

Narrado em terceira pessoa, o romance de Veiga – que por sua extensão poderia até mesmo ser um conto – não pode ser descrito em primeiro lugar como outra coisa além de desconfortável. O estranhamento que causa o grupo de pessoas que se instala do outro lado da cidade nos moradores é o mesmo que causa em nós, leitores. Eles encaram esses forasteiros com uma curiosidade quase humilde e sua reação diante desse povo é no mínimo interessante.
O livro é dividido em três partes, denominadas “A Chegada”, “O Dia dos Cachorros” e “O Dia dos Bois” (esse último meu favorito, por sinal) que marcam os três grandes acontecimentos que mudarão a vida dos moradores dessa cidade.

Amei a escrita do autor e o retrato realista dos diálogos e das relações humanas. O realismo encontra o fantástico quando nos deparamos com as situações absurdas que vivem os personagens. A descrição dessas situações e das reações das pessoas diante delas soa quase poética, sem perder a fluidez.
Com personagens muito humanos (daqueles que você percebe que conhece mesmo alguém assim), José J. Veiga nos cutuca e incomoda, nos faz refletir sobre relacionamentos, rotina, caos e, é claro, o tempo. Preciso dizer que amei o final da obra. Um parágrafo que vale por ela toda. Mais do que recomendado! E o melhor: dá pra ler em uma “sentada”.

site: https://www.cafeidilico.com/2018/04/a-hora-dos-ruminantes-jose-j-veiga.html
comentários(0)comente



Gladston Mamede 07/01/2018

Gosto de A Hora dos Ruminantes, uma história surreal mas com sombras claras sobre a realidade: a invasão do cotidiano, a aceitação por educação ou comodidade, o reconhecimento das coisas simples da vida ("A Amizade é uma estrada de ida e vinda.") que as pessoas esquecem, largam, deixam-se subtrair. Gostei do livro.
comentários(0)comente



Aline Teodosio @leituras.da.aline 01/01/2018

Inquietante
A pacata cidade de Manarairema começa a mudar com a chegada dos estranhos, que ninguém sabe quem são, de onde vieram e nem a que vieram.

Mas tão estranho quanto esses "outros" é a forma que a população reage à chegada dessas pessoas, o estranhamento cultural e a curiosidade que ronda esses visitantes. Cada pessoa que entra em contato com eles muda algo dentro de si, muda a sua forma de agir.

Mais do que as cenas fantásticas que permeiam a obra, como a invasão dos cachorros e dos bois, o que despertou a minha curiosidade foi a influência dos outros sobre a população local. Fiquei a me perguntar o porquê deles se deixarem dominar tão facilmente, como tão rápido se instaurou o clima de opressão.. Medo do desconhecido? Sentimento de inferioridade? Humildade? Ignorância? As narrativas dos cachorros e dos bois me impressionaram, mas foram essas questões que ficaram na minha mente.

Ademais, nem sei se essa resenha faz sentido, nem ao menos sei se entendi o livro direito... O que eu sei é que ao término dessa leitura um sentimento de incômodo e inquietação continua pairando na minha cabeça.
Erica 10/04/2020minha estante
Acho que você sentiu o livro perfeitamente. Nem tudo é para entender :-)




Eric Silva - Blog Conhecer Tudo 23/12/2017

O banal, o estranho e o extraordinário para falar de autoritarismo e coerção
Meu primeiro contato com a obra do escritor goiano José J. Veiga A Hora dos Ruminantes é um livro bastante curioso que mistura o banal, o estranho e o extraordinário. Publicado em 1966, esse livro que é considerado a obra mais importante de Veiga e é também interpretado por muitos estudiosos como uma alegoria sobre os tempos de autoritarismo da Ditadura Militar. Tal interpretação se deve ao seu enredo que aborda entre outros temas o mandonismo e a opressão imposta por um grupo sobre o outro, apesar de José J. Veiga, enquanto em vida, ter discordado desta interpretação de seu livro.

Tudo nesse livro surpreende o leitor atento: a forma como aquelas pessoas causaram estranhamento, curiosidade e desconforto nas pessoas da pequena cidade; o choque cultural que ali se dá e a forma como gradativamente os homens da tapera vão indo além, também coagindo-as, nem sempre de forma direta, nem sempre de forma explícita, mas impondo o medo através do próprio sentimento de terror que o ser humano costuma ter daquilo que é desconhecido ou mal explicado.

Mas o desconforto não se limita a seus personagens e é também transposto para o leitor, que não só se contagia com a curiosidade dos manarairemas como fica atônito com a forma como, com tão pouco, aquelas pessoas são coagidas a fazer o que os forasteiros esperavam delas. Nenhuma ameaça é explícita, nada é concreto ou objetivo, mas ainda assim é para aquelas pessoas algo aterrador pois o medo, a aflição parte dos homens mais corajosos da cidade e ninguém entende o porquê daquele temor.

De todo a todo, A Hora dos Ruminantes encerra em si uma ideia de uma originalidade extrema. O autor pensa o impensável. Nessa obra absurdo e estranho se misturam e ao mesmo tempo não se desligam da realidade cotidiana, pois se comunica com o contexto histórico e social da época – ainda que não seja propriamente o contexto do golpe como o autor tenta justificar –, tecendo críticas nas entrelinhas. Ao mesmo tempo retrata as maneiras das pessoas do interior, pondo em relevo os valores, os costumes, pensamentos e comportamentos da gente humilde das pequenas cidades e dos inúmeros povoados do Brasil rural.
Um livro fantástico!!!

Confira a resenha completa do décimo primeiro livro da Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo, que neste ano homenageia a literatura do Brasil.

http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2017/12/a-hora-dos-ruminantes-jose-j-veiga.html

site: http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2017/12/a-hora-dos-ruminantes-jose-j-veiga.html
comentários(0)comente



Clara Vellozo 09/12/2016

Muito bom!
"História original e estranha sem sair da singular estranheza da nossa própria realidade. Ou, o definiu um crítico, um autor que nos faz lembrar o realismo mágico ou surrealista, criando uma realidade bem brasileira, usando o nosso coloquial localista, como se estivesse escrevendo literatura regional."

Como é bom ler a nossa literatura brasileira e melhor ainda quando é um dos seus gêneros preferidos, nesse caso, o Realismo Fantástico. Apesar do autor não considerar a sua obra como tal, a singularidade inventiva de José J. Veiga nos cativa desde os primeiros momentos em que o real e o estranho se misturam. Sua escrita é muito bem elaborada, consegui vislumbrar o que ele descrevia e isso é fundamental para mim enquanto leitora. Um livro que causa uma transformação interior quando você o conclui merece destaque na prateleira.
comentários(0)comente



Vic 29/08/2016

Realismo Fantástico Brasileiro
No livro A Hora dos Ruminantes, de José Jacinto Veiga, tudo muda na pacata cidade de Manarairema quando visitantes misteriosos chegam e montam acampamento próximo à cidade.
Essa é uma rara obra brasileira em que o realismo fantástico é bem representado. Leitura fácil e gostosa, pode-se devorar esse livro em um dia.
comentários(0)comente



55 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4