Adamo 04/06/2017
Um bom início
Título: A Outra Face
Autora: Sidney Sheldon
Editora: Círculo do Livro (lido por ebook)
Páginas: 265
Ano: 1970
Nota: ✰✰✰
Sinopse: "Judd Stevens, psicanalista de prestígio, vê-se subitamente envolvido numa sucessão de crimes que precisa desvendar. Entre os suspeitos, estão uma atriz decadente e ninfomaníaca, um pai de família com tendências homossexuais, um empresário paranóico e uma jovem misteriosa. Mas, talvez, não seja preciso ir longe para encontrar o assassino - o psicanalista desconfia que pode estar matando pessoas em momentos de privação de sentidos." (Sinopse retirada do Skoob)
A Trama: O livro traz um cenário muito conhecido dos livros de Sidney Sheldon, um assassino, um mistério e muitas pessoas que durante a leitura achamos serem o culpado. Temos um psicanalista como personagem principal que passa a ser alvo de uma série de mortes e tentativas frustradas de alguém querendo matá-lo. Temos também os seus pacientes que por terem distúrbios mentais sérios, são os primeiros elementos que desconfiamos ser o assassino. O livro inteiro ficamos juntando as peças do quebra-cabeças para entender quem está querendo assassinar o Psicanalista, ou se ele está sendo vítima de uma paranóia causada por ele mesmo devido ao cansaço mental.
O Protagonista: O protagonista é o Psicanalista renomado Dr. Judd, que ao meu ver peca em muitos sentidos dentro da proposta do livro. Sidney é conhecido por criar personagens fortes e de suma inteligência, mas nesse livro a perspicácia do Dr. Judd deixa muito a desejar. Como ele é um psicanalista tem em sua posse diversas informações sobre seus pacientes, porém um paciente em especial ele nem ao menos sabe se seus dados são reais. A personagem em questão dá números de telefone e endereços falsos, o que para um médico que vez ou outra necessita comunicar-se com eles pelo telefone, ele nunca percebeu que o número é inexistente. Além disso em alguns momentos o psicanalista parece mais um curioso com os paciente do que um profissional de livre associação. Ao questionar incisivamente uns pacientes sobre sua vida íntima e a outros nem ao menos quer ouví-los com atenção (mas não seria esse o papel do psicanalista?), isso me deixou bastante decepcionada na construção do personagem.
Personagens Secundários: Aqui temos uma série de personagens secundários pouco desenvolvidos e colocados na história de forma rápida e sem profundidade, o que ao meu ver empobreceu o desenvolvimento da narrativa, já que dentro da trama cada personagem secundário tem um motivo aparente a querer assassinar o psicanalista e é descartado rapidamente, deixando a sensação de que ele apenas queria encher o livro. Se ele tivesse explorado mais as motivações dos pacientes teria uma narrativa bem mais empolgante e mais complicado de sabermos quem era o assassino logo no início (foi isso que comigo aconteceu). Porém devemos também compreender que esse se trata do seu primeiro romance e que ainda estava se consolidando a forma de escrita que ficou conhecida por muitos e seguida pelos seus fãs fervorosos posteriormente. Então de uma forma curiosa esses personagens foram um ponto forte e fraco ao mesmo tempo.
Capa, Diagramação e Escrita: Essa capa é bem simples e não deixa muito a entender o que o livro aborda, as cores contrastam uma certa ideia dos filmes antigos e noir, porém a mulher de biquíni na capa em nada tem de especial com o enredo sendo completamente descartável. A escrita é rápida e fácil de acompanhar, uma leitura agradável.
Concluindo: Terminei esse livro com uma sensação de muito estranhamento com o escritor, e um respeito pelas obras seguintes, devido a compreender que a evolução da sua escrita foi muito grande, passando de uma trama rápida e rasa para personagens futuros mais densos e mais envolvimento! Ainda não consegui ler um livro de Sidney até o final e ser surpreendida com a história, porém é sempre uma boa experiência entrar na mente desse autor que criou livros bem elaborados e fãs fervorosos!
Quotes:
"- Eu sempre digo que, quando se quer encontrar conchas é preciso ir à praia. Seus pacientes são todos pirados, não é mesmo?"
"- Ora, deixe disso. Todo mundo tem inimigos. Eu sempre digo que os inimigos são o sal do pão da vida. "
"- É simples. Eu sempre digo que se deve começar a cavar quando se quer chegar ao fundo de alguma coisa. ."
"- Anime-se, Doutor. Pense no progresso que já fizemos. Já sabemos duas coisas. Em primeiro lugar, temos certeza agora de que não está pirado. Em segundo lugar... Moody fez uma pausa, o sorriso desaparecera-lhe do rosto. -...Sabemos também que alguém está ansioso por assassiná-lo, Dr. Stevens."