bdebookworm 09/10/2022Traumas que não justificam açõesNo segundo volume de "Príncipes do diamante", acompanhamos a história de Isabela, de 19 anos, filha de japoneses, batalhadora e determinada e Romeu, na casa dos 30 anos, workaholic, decidido, dono do anel de rubi e conhecidamente mulherengo. Ambos convivem com passados difíceis e são completos estranhos, até que um encontro em um elevador e uma entrevista de emprego mudem suas vidas para sempre.
Como sempre, a narrativa de Raíza é de leitura fácil, com personagens que têm tudo para serem ótimos e propostas de enredo muito boas, com grande potencial. Entretanto, esse foi o livro que eu menos gostei até agora. A obra possui diversos trechos que podem, devem e vão ser lidos como xenófobos. É visível que houve pesquisa quanto à cultura japonesa e, ainda assim, alguns estereótipos xenofóbicos são reproduzidos por boa parte da história. Motivo pelo qual eu me abstenho de dar uma nota maior à obra, apesar de ver que, a partir de certo momento no livro, não encontrei nenhum outro trecho do tipo.
Além disso, um livro que tem como uma das premissas base a crença de que os quatro príncipes só tomariam jeito caso se casassem, deveria trazer também uma evolução do personagem uma vez que ele encontra a “mulher da sua vida”, mas isso não acontece, nem mesmo no mesmo sentido de “Te juro amor em silêncio” (onde a premissa é usada indicando que a mudança parte do protagonista, por querer ser melhor para seu interesse romântico e não porque ela o mudou).
É inegável que Romeu faz coisas que antes não lhe eram comuns e que ele, de certa forma, supera uma perda traumática, mas não passa disso. Isabela evolui, tem um crescimento ao longo da história que eu, particularmente não vejo nele, especialmente depois das ações dele ao final do livro. Final esse que é decepcionante (ainda que não seja o final definitivo, o que não sei dizer se me “acalma” ou me enfurece), sabemos que Romeu é traumatizado e tem seus motivos para querer (ou não) certas coisas, mas a forma como ele lida com a situação é simplesmente frustrante ao extremo, incoerentes até, o que poderia ser explicado pelo fato de ele ter um trauma, mas que, na minha opinião, não seria uma boa explicação, pouco importa se ele deixa parte de sua herança e seu estabelecimento para Isabela como uma espécie de “compensação”.
Romeu é um personagem que tinha, ou tem, tudo para ser um ótimo personagem, assim como basicamente todos os personagens de Raíza, mas talvez falte dar coesão e um desenvolvimento mais incisivo, mais intenso para esses personagens. Ademais, como dito anteriormente, a leitura é fácil, a escrita é fluída, vários momentos te tiram risadas sinceras e é impossível não gostar dos personagens, em especial das mulheres. Ainda assim, minhas críticas permanecem e, portanto, a nota baixa.