nvelisy 30/01/2024
Érico Veríssimo me pegou
Ana Terra é um livro extremamente histórico, pessoal, angustiante e feminino.
Histórico porque traz consigo uma visão quase em diário de como era a vida na região gaúcha em plena colonização, contando até com um relato da guerra dos farrapos da perspectiva de quem ficou! (Muito doido ler isso depois de ter estudado esse movimento com a óptica de estudante, pareceu muito mais palpável no livro)
Pessoal porque "Ana Terra" faz parte da densa obra do divo Érico Veríssimo, que conseguiu fazer com que a família Terra quase que se tornasse real de tanta atenção, detalhes e sequências que ele deu a história dessa família.
Angustiante porque é chocante. Começa em um ritimo muito lento e triste, quando do nada as coisas começam a acontecer muito rápidas (e ainda tristes, na real mais tristes ainda), mas aí quando finalmente a velocidade volta a ficar lenta, a sequência de acontecimentos infelizes continua, a coitada da Ana Terra não teve um minuto de paz...
E feminino porque toda a trajetória da protagonista seria diferente se ela não fosse (e que Deus a ajude) mulher. Isso, gente, foi escrito por um homem em 1940 e consegue ser de uma sensibilidade muito grande. Ana Terra é uma força da natureza nesse livro, como eu falei essa pobrezinha não tem sossego, mas ela se levanta e se ressignifica o tempo inteiro (ela puxou a natureza de mula do pai), experenciando um grande amadurecimento e de verdade, inspirando muito. (Essa parte dela ser uma força da natureza inclusive é muito real, ela tem uma mega conexão com o vento e com a terra)
De maneira geral, Ana Terra é muito especial, bastante diferente de outras obras clássicas do nosso país, mas maravilhoso tanto quanto.