Léia Viana 02/09/2010
Surpreender-se!
Quando comprei esse livro imaginava um romance cheio de desencontros, frases mal acabadas, enfim, um relacionamento com data prévia para acabar. O que me surpreendeu foi que não encontrei nada disso lá, muito pelo contrário, apesar de ele ser um romance, ele é centrado na vida de duas mulheres: Bhima e Serabai.
Desde muito cedo, suas vidas se cruzam, quando Bhima vai trabalhar, como empregada doméstica, na casa de Serabai elas acabam desenvolvendo uma amizade profunda, mas mesmo sendo amigas, alguns costumes são mantidos por causa da diferença de classes sociais, mesmo assim, Bhima, tão sofrida em uma vida marcada por uma sucessão de acontecimentos ruins, dá a Serabai o carinho que está precisa, e que, não encontra na família, mais especificamente no marido, que a agride constantemente.
A história se passa em Bombaim, Índia, e, nos mostra como duas pessoas com classes sociais tão diferentes podem estar tão ligadas, seja pelo silêncio ou pela cumplicidade de suas tragédias pessoais.
Destaco aqui, esse trecho do livro que ficou gravado em minha mente:
"Talvez o tempo não cure as feridas de jeito nenhum, talvez essa seja a maior mentira de todas.Em vez disso, o que acontece é que cada ferida penetra mais e mais fundo no corpo até que um dia você descobre que a própria geografia dos seus ossos - os traços do seu rosto, a forma dos seus quadris, o ângulo dos seus ombros, e também o brilho dos seus olhos, a textura da sua pele, a fraqueza do seu sorriso - sucumbiu sob o peso das mágoas."