MaryCMüller 16/08/2010
Review completo - O Inimigo do Mundo
Após um longo período de espera, consegui por as mãos no livro O Inimigo do Mundo, de Leonel Caldela, editora Jambô.
Estava especialmente curiosa quanto a este romance, tanto por jogar RPG quanto por sentir simpatia pelo autor. Além disso, foi o primeiro romance de Leonel Caldela, e como escritora iniciante, gostaria de conhecer seu trabalho.
Agora vamos ao que interessa:
O inimigo do mundo foi um dos livros que mais me custou para engrenar na leitura. Mas nem por isso, o considero um livro ruim. Gostei do romance.
Um dos principais motivos que me levou a demorar a gostar, é que nele, faltava uma das coisas que considero mais importante em um romance: personagens carismáticos. E por personagens carismáticos, não estou falando de personagens engraçados, bonitos e gente fina. Falo de personagens dos quais eu me importe.
Eu gosto de me apegar aos protagonistas, sentir seus medos, me importar com seus problemas e odiar o antagonista tanto quanto eles. Mas O Inimigo do Mundo precisou de umas 100 páginas para me fazer sentir algo por seus personagens.
Até lá, eles aparentemente sofriam, e eu não estava nem aí. Ouve uma morte, e eu, não me importei. E isso começou a me incomodar.
Comecei a criticar o livro e os personagens com que quisesse falar sobre o assunto. Os achava distantes, frios, e vazios. Eles faziam tudo o que o líder mandasse, sem aparentar ter vontade própria, ou desejos próprios. Os achava um bando de maricas.
Só lá pelas tantas é que suas histórias começaram a ser contadas, e o diálogo entre eles começou a fazê-los ganhar vida. E de repente, passei a gostar - um pouquinho que seja - deles.
Ele acaba sendo um livro mais voltado para RPGgistas mesmo. “Externos”, ao lê-lo, poderão achar muito estranha, a sensação de dados rolando que você tem ao ler a história. Várias vezes tive a impressão de que o autor fez exatamente isso enquanto escrevia: rolou dados para decidir o destino do personagem, e se ele ia ou não, conseguir cortar... determinadas coisas, ou acertar aquela flecha.
Mas foi muito interessante ver as regras aplicadas ao romance. Entender como funcionam as magias, as preces e orações divinas que dão força e poderes aos personagens. Eu definitivamente o recomendaria para rpgistas, principalmente jogadores de Tormenta, mas como literatura por prazer e entretenimento, ele pode ser cansativo pela jogatina. Vai depender muito do leitor.
Apenas uma última consideração. O final. Dificilmente eu gosto de um final, e este, não foi exceção. Ele é estranho, e me deixou com a sensação de: “Por que diabos aconteceu tudo afinal?” E minha expressão facial, enquanto eu lia, variou entre ¬¬ e Oo.
Aspectos Designísticos
Como designer, eu não podia deixar de meter o bedelho no projeto gráfico do livro. Quero deixar claro que li a primeira edição, e não sei como esse livro é publicado hoje em dia.
O livro é grande, mas isso não me incomoda. Eu adoro livros extensos. Mas pelamor, fonte pequena NÃO DA! Foi um típico caso de “precisamos ocupar poucas páginas. Espreme tudo que da!” Letras miúdas, muitos caracteres por linha, muitas linhas por página. É implorar por uma fadiga visual. O que salva é o papel pólen. Se não fosse pela opacidade do papel, terminaria cada seção de leitura com dor nos olhos e possivelmente na cabeça.
Algumas pessoas não gostam de ver o personagem ilustrado, e na capa do livro, temos todos os protagonistas, bem ali. Eu não me importo. Gosto de ilustração de personagem. E a ilustrações é ótima. Infelizmente a capa abusa da cor laranja, e somado a ilustração com bordas desfocadinha e o título, tudo virou uma pasta borrada. Por pouco, não foi uma boa capa.