Aione 12/09/2011 John McBrian é um humilde estudante da Cambridge de 1856. Quando o professor, Sir Oliver Stwart, solicita um trabalho sobre a Guerra das Duas Rosas, John não vê outra solução a não ser a de fazê-lo com o amigo, William, devido ao curto tempo de entrega da tarefa.
Imerso em “War of the Roses”, relíquia da biblioteca, o estudante se depara com um mistério por entre as páginas do grandioso livro e não demora a ter sua curiosidade aguçada. Dividido em um dilema sobre o que fazer, John procura seu mestre, sem imaginar que teriam suas vidas mudadas para sempre.
Tentei contar o mínimo possível da história porque vale a pena se surpreender com cada novo acontecimento. Não sei se conseguirei transmitir o quanto eu gostei de Hathor e os motivos que me fizeram amar essa leitura, mas me esforçarei ao máximo!
Markus Thayer criou uma história completa: mixa suspense, romance, fantasia, aventura, física, história, diversão e ainda instiga a reflexão. E a história é tão recheada que a cada novo acontecimento eu pensava: “essa será a parte que só será desvendada no fim”. Mas ai a situação logo era resolvida e uma nova surgia em seguida! Uma sucessão de acontecimentos, mudando o rumo da história diversas vezes. Jamais imaginei que o livro terminaria como termina pelas primeiras páginas do livro.
Ao começar, não pude deixar de comparar o autor ao americano Dan Brown, devido ao suspense relacionado ao passado, às pistas criptografadas pela história, a busca por um segredo e, principalmente, pela aliança da idéia do “conhecimento” como um “tesouro”. Mas o desenrolar de “Hathor” foge completamente dos romances protagonizados por Robert Langdon, mesmo que determinadas características semelhantes iniciais sejam mantidas e outras apareçam, como algumas teorias científicas, também sempre presentes nas obras de Dan Brown.
A narrativa de Markus, em terceira pessoa, permite uma fluidez da leitura por todas as 352 páginas. Os diálogos, em alguns momentos, são formais, embora simples, devido à época em que a história se passa, mas nunca se tornam artificiais ou enfadonhos.
Algo que me chamou extrema atenção foi o desenvolvimento das situações: ao redor do acontecimento principal da história, outros vão sendo formados, aos poucos. Inicialmente desconexos, acabam por serem ligados ao decorrer da narrativa. Como em um quebra-cabeça, primeiramente com suas peças espalhadas, que vão se unindo até formar uma imagem completa e entrelaçada.
As personagens, em “Hathor”, não são boas ou más, por mais próximas que estejam da “bondade”. Markus as mostra como um fruto das experiências vividas e da cultura em que estão inseridas. Aqui, não posso deixar de comentar o quanto fui cativada pelo grupo formado por Steve, Klaus, Joseph, Tom e Yuri: os rapazes ganharam minha simpatia e meu carinho na história! Os diálogos entre eles são os mais engraçados e os achei muito reais: as brincadeiras entre eles são as existentes em um grupo de amigos, tive a sensação de conhecê-los, de fato! Outros personagens que me cativaram foram Sir Oliver e Mary, pela sabedoria demonstrada por eles durante toda a história.
Sendo eu a pessoa a resenhar, não poderia deixar de citar sobre o romance na história. Apesar de, em alguns casos, o romance parecer se dar rápido demais, é sempre plausível. As situações românticas na história são sempre oriundas de fortes sentimentos, aqueles inexplicáveis, que surgem como uma atração e se desenvolvem em algo muito além. Ademais, gostei da visão do autor sobre os relacionamentos: independente de quão evoluída seja uma sociedade, a necessidade de se relacionar afetivamente é intrínseca a qualquer ser humano, além de o poder do amor e da paixão ser destinada a qualquer idade, causando as mesmas reações independente de quantos anos tenham sido vivenciados.
Markus traz uma série de teorias relacionadas à física quântica, a qual tenho muito interesse. E foi essa a parte que mais me conquistou em todo livro, a responsável pelo toque reflexivo da obra. Por trás das explicações teóricas às vezes complexas, fica o significado simplificado de ditados como “a fé move montanhas” ou “quem acredita sempre alcança”, além do poder e capacidade de transformação do amor. Aqui, quando falo em amor, não me refiro apenas ao romântico entre um homem e uma mulher, mas ao amor em todas suas formas e em toda sua grandiosidade. Essa noção é sutilmente explorada desde o início da história, cujo desenvolvimento contribui para que tal idéia seja fortalecida: a existência do amor se sobrepõe ao egoísmo e à ganância, trazendo consigo o respeito pelas diferenças.
Falando em sutileza, essa é uma característica presente em toda obra: das palavras à capa. Esta tem tudo a ver com a história, mas somente é possível compreendê-la ao término da leitura. Não só a capa necessita da leitura para ser compreendida como só fui capaz de entender as palavras de Markus, na dedicatória do livro (a escrita a mão com o autógrafo mesmo), ao fechar a última página. Não sei se o autor escreveu o mesmo em todos os livros, mas acredito que sim. De qualquer forma, preciso fazer esse comentário. Em meu exemplar, Markus escreveu: “O segredo de Hathor está em suas mãos”. À primeira vista, eu li apenas o que estava escrito e compreendi o que li.
Entretanto, conforme as teorias são apresentadas, consegui enxergar o que a frase realmente quer dizer. Se essa não foi a intenção do autor e fui eu que vi coisas demais (o que pode acontecer), foi uma coincidência grande demais e mágica demais. Gostaria de explicar mais, mas tenho medo de dar algum spoiler para vocês. O que posso dizer, e que não afetará a leitura de quem ainda não leu e pode auxiliar o entendimento do que quero dizer para quem já leu, é: relacione essa simples frase com a teoria da cocriação. Devo dizer que sou fascinada por significados ocultos em simples palavras ou ações. Aquilo que é sutil, que é dito nas entrelinhas me encanta por completo e foi isso que me fascinou em “Hathor”: as entrelinhas, presentes na capa, na dedicatória, nas palavras, na história.
Provavelmente fiz milhares de outros comentários durante a leitura que com certeza esquecerei de falar aqui, porém tenho noção de já ter dito muito. Desculpem-me se me estendi, mas precisava demonstrar o quanto apreciei essa leitura e o quanto ela me acrescentou. Quando é o caso, sinto aquela necessidade incontrolável de fazer todo e qualquer comentário para fazê-los enxergar aquilo que eu enxerguei.
A literatura nacional mais uma vez se mostra forte e capaz, não deixando nada a desejar se comparada à internacional. “Hathor” está mais do que recomendado e agradeço imensamente ao Markus Thayer pela oportunidade de ler sua obra incrível, públicado pelo selo Novos Talentos, da Editora Novo Século!
Disponível no link: http://minha-vida-literaria.blogspot.com/2011/09/resenha-hathor.html