starzdreamer 13/08/2013
O mundo de Sofia; falemos em críticas positivas e negativas.
O enredo em si é fantástico, as tramas de Sofia com a filosofia e as "ironias românticas" em que o autor convêm em escrever em meio a paisagem monótona do "curso filosófico" e das casuais passagens rotineiras. Basicamente, a quem se interessa por filosofia poderá se abrigar facilmente nas páginas desse livro. Porém, é extremamente necessário notar que embora haja um tremendo mar de informações e conhecimentos sobre filosofia que, sim, são muito importantes, interessantes e educacionais, também cause uma leitura mais lenta e sonolenta. Não há como negar, é um livro maçante de se ler. Talvez possa se demorar bem mais do que o esperado para terminá-lo – principalmente pois se alguém quiser fixar bem os tópicos e o estudo de cada filósofo por si é preciso analisar uma série de vezes os capítulos meticulosamente. Apesar disso, é um livro recomendável para todos, ao menos, derem uma lida.
Algumas das “quebras” que discorrem no meio da narração são peculiares; ao correr as páginas pode-se observar uma troca de atmosfera conforme os filósofos se tornam mais recentes. Inicialmente, tudo é um mistério, algo intrigante, às vezes confuso, entretanto bem elaborado. E, já no final, a perspectiva é completamente diferente. Ou, assim, é o que penso. A história da filosofia, de fato, proporciona textos por vezes longos, contudo ricos em matéria, e apesar de não me lembrar nem da metade do conhecimento imposto em cada sessão dos filósofos, pode-se dizer que agora tenho a base para estudá-los com mais afinco algum dia. E uma observação que posso fazer é reiterar que o livro é cansativo, de novo; a maioria dos inúmeros monólogos que existem resultaram em mim acordando com o livro repousando ou em minha cabeça, ou ao meu lado com meus dedos latejando por terem servido como marcadores de páginas por um intervalo de tempo. Portanto, não; não é uma leitura, digamos, simples.
Mas (e sempre existe um “mas”) outros fatores são desenvolvidos em “O Mundo de Sofia”. O interessante não é apenas o ‘curso gratuito de filosofia’ que o professor nos propicia; mas também os próprios personagens colocarem muitas teorias da filosofia em seus pensamentos e ações. *SPOILER* Como, também, no final, o conflito existencial, as ironias, o ‘livro dentro do livro dentro do livro’ e os personagens tirados de outros contos como referências para apliques no ‘estudo’ de Sofia e Alberto. *SPOILER* E, em tudo isso, tenho de confessar que o final não foi nada do que eu esperava. Não sei dizer se foi melhor, ou pior. Talvez, posso considerar melhor do que aguardava. Apesar de haver alguns eventos realmente – como posso descrever? – inusitados. As últimas páginas criam situações surpreendentes e radicalmente absurdas, tão contrárias ao começo do livro quando tudo não se passava da normalidade sem fim, com traços filosóficos que se arraigavam e aprofundavam suas raízes até chegar ao centro da essência do livro.
O autor. Já li outro livro dele, meu irmão já leu um outro livro dele também. Sua forma de escrita é esplêndida, afinal, cada autor tem sua maneira brilhante de esboçar suas ideias, e ele é alguém admirável. Como pode ele adquirir tanta sabedoria para criar um livro com tanto conteúdo? Muitos não aguentaram terminar de lê-lo, porém mesmo que tenham lido apenas a metade não é possível negar que Jostein Gaarder é um excelente e inteligente indivíduo, e que o seu primeiro livro que gerou tantas críticas é impressionante.
E, depois de ter dito tudo isso, não posso afirmar que eu o amei. Certas partes me incomodaram, sim. O Mundo de Sofia foi um livro memorável; posso dizer que uma maravilhosa (e exaustiva) aventura, simplesmente abastada de conhecimento transbordando pelas bordas. Mas não é, realmente, o que posso definir como ‘amei’. É diferente, é intrigante, é peculiar, é único, é maçante, é perspicaz, é excepcionalmente inteligente, ele é. Ele é apenas uma coisa. É o Mundo de Sofia.