carolina.trigo. 04/10/2016Com Licença, Te Apresento Carlos Ruiz Zafón!Já fazia um tempo que não lia nada do autor, mas com o terceiro livro lido, para mim, não tem discussão: esse cara escreve MUITO! Ele sabe juntar fantasia e terror com histórias de criança de um jeito que só ele sabe fazer.
Dessa vez o livro foi "O Palácio da Meia-Noite", do Carlos Ruiz Zafón, Editora Suma de Letras, e posso começar falando que esse é um dos melhores livros no ano que li...
A história é focado no Ben e na Sheere, dois jovens que acabaram de fazer 16 anos e descobrem que são irmãos gêmeos. Por conta de seus passados, eles foram separados ainda quando eram bebês. Ela morou com sua vó, Aryami Bosé, e ele passou sua infância num orfanato na cidade de Calcutá.
Junto com o grupo Chowbar Society, formado por Ben e outros seis órfãos, eles se reúnem no Palácio da Meia-Noite e embarcam numa arriscada investigação para solucionar o mistério de sua trágica história.
A avó deles, Aryami irá contar a história do passado deles: um terrível acidente numa estação ferroviária, um pássaro de fogo e a maldição que ameaça destruí-los. Os meninos acabam chegando até as ruínas da velha estação ferroviária de Jheeters Gate, onde enfrentam o terrível pássaro.
No começo, eu estava meio confusa com o enredo, pois inicia com um dos personagens narrando e ficamos meio perdidos em saber quem é, mas com o passar da história o autor vai nos apresentando um pouco mais dela e as peças vão se juntando.
O livro vai se alternando entre a narração desse personagem (que não falarei quem é para não acabar com a graça da escrita) e a história "normal" - em que a cada capítulo estamos num ano diferente de Calcutá. Começa em 1916 e vai terminar em 1932.
Logo nas primeiras páginas achei bem interessante a história se passar na capital da Índia. Não é algo tão comum e nem estamos muito acostumados com essa paisagem, e exatamente por causa disso é meio difícil decorar os nomes dos lugares e dos personagens. Mas é questão de tempo e logo estamos familiarizados.
Os personagens são muito bem construídos e super carismáticos. A história te prende logo nas primeiras palavras e a construção dela é perfeita. Você acaba o livro vendo que o Zafón não deixou nenhuma parte em aberto. E o final, além de me pegar de surpresa, é bem emocionante.
O autor consegue incorporar também muito bem a mitologia e o folclore local. Tanto que a cidade, segundo um dos personagens, é o "lar da divindade Dido, uma princesa que entregou seu corpo ao fogo para aplacar a ira dos deuses e purgar seus pecados. Mas ela retornou, convertida em deusa." Assim como a Fênix.
Diferente de "Marina" (outro perfeito livro doa autor), que dá um gostinho de quero mais no final, esse acaba da melhor forma possível, de um jeito que só o Carlos Ruiz Zafón sabe fazer. Juntando fantasia com suspense em um livro que pode sim,ser considerado infanto-juvenil - inclusive o autor fala sobre isso antes de começar a história.
Todos deveriam dar uma chance para algum livro dele - e se você ainda não fez isso, está perdendo uma gigante oportunidade de conhecer um ótimo autor europeu (ou melhor, espanhol!) que escreve aventura para todas as idades, ou como ele próprio diz: "A eles e aos jovens e não tão jovens que se aventuram hoje pela primeira vez no terreno desses romances e seus mistérios, o mais sincero agradecimento deste contador de histórias. Feliz leitura."
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