arthurnumeriano 22/05/2012
Um livro que serve para desenvolver os personagens
Antes de tudo, preciso falar sobre uma mudança bastante notável na diagramação e na capa de Linger com relação a Shiver. O primeiro livro da série ganhou uma capa diferente da original, mas é belíssima e transmite o clima do livro. Entretanto, quando enfim foi anunciado o lançamento de Linger, os leitores, principalmente os fãs da série The Wolves of Mercy Falls, foram pegos de surpresa: não só a capa, como também o tamanho e a diagramação de Linger distanciavam-se completamente de Shiver. A editora Agir afirmou que a mudança foi feita por motivos econômicos, algo que particularmente achei desrespeitoso. Mas agora vamos ao que interessa: a história de Linger.
Em Linger, Grace e Sam devem lutar para ficar em juntos. Para ela, isso significa desafiar seus pais e manter um segredo muito perigoso a respeito de seu próprio bem-estar. Para ele, isso significa lutar contra seu passado de lobisomem... e descobrir uma maneira de sobreviver no futuro. Adicione a essa mistura um novo lobo chamado Cole, cujo passado tem o potencial de destruir toda a matilha, e Isabel, que já perdeu seu irmão para os lobos, e, apesar disso, se sente atraída por Cole.
Após o evento inesperado no final de Shiver, Sam está vivendo algo que nunca achou ser possível: viver sem o temor de se tornar lobo novamente. Enquanto isso, tem alguma coisa errada com a saúde de Grace; ela está cada vez mais debilitada, fraca e febril. Sam imagina o que seja e, apesar de ambos correrem atrás de uma forma de evitar que aconteça, ele sabe que só resta uma coisa a fazer: esperar.
Como não há muita evolução no desenvolvimento de Sam e Grace e eles passam o livro inteiro basicamente esperando o acontecimento, Maggie Stiefvater dá a dois personagens a chance de contar a história através de seus pontos de vista: Isabel e Cole. Uma é a garota mimada que conhecemos no primeiro livro; o outro é um membro de uma banda de rock que está passando pelas suas primeiras transformações em lobo.
É interessante ver como a autora consegue dar um gás à história com esses dois. E não só isso: é ainda melhor ver como eles lidam um com o outro e com o passado ainda não cicatrizado de ambos; Cole precisa se adaptar à dolorosa virada na sua vida e Isabel percebe que tem que amadurecer. Diferentemente de Sam e Grace, que formam um trágico e delicado casal, Cole e Isabel são um par agitado e rebelde. E Maggie Stiefvater, mais uma vez, não erra ao preferir enfatizar o lado sentimental do romance sobrenatural ao lado propriamente sobrenatural do romance.
Assim como Shiver, Linger não tem um grande clímax, até porque, como já deu para perceber, não é esse o objetivo da série. A escrita da autora continua linda, poética e triste, assim como é o inverno. É o único (único mesmo!) romance de que eu gosto e com o qual me identifico. É uma história que tem profundidade e que comove e encanta os leitores.